Mundo Corporativo: Saville Alves, da Solos, mostra como estratégias de ESG e economia circular podem avançar com base na tecnologia

“O que a gente não pode perder de vista é que catador, cooperativa, não fica rico com catação. A gente precisa mudar essas relações de trabalho para que a gente possa ter empreendimentos escaláveis, e que coloquem o Brasil numa ponta de índices de reciclagem”

Saville Alves, Solos

Um dos maiores desafios quando o tema é economia circular é a conscientização do cidadão sobre o descarte correto de resíduos recicláveis. No Brasil, a taxa de reciclagem é muito baixa, cerca de 3%; e 90% do material reciclado é coletado pelos catadores, muitas vezes em condições precárias. Saville Alves, CEO da Solos, identificou esse problema e contou ao Mundo Corporativo como a criação da startup gerou oportunidade para o desenvolvimento de soluções nessa área. Ela é a primeira entrevistada de mais uma série especial sobre ESG — que trata da governança ambiental, social e corporativa.

A Solos é uma startup que trabalha com o descarte correto de resíduos recicláveis e economia circular. Além de conscientizar os cidadãos sobre a importância do descarte correto, a Solos percebeu a necessidade de criar um sistema de inclusão socioeconômica para os catadores e estabelecer parcerias com grandes indústrias recicladoras. Essa abordagem visa costurar todas as pontas da cadeia de reciclagem, desde o cidadão que faz o descarte até o reciclador que transforma o material em novos produtos, utilizando matéria-prima reciclável em vez de matéria-prima virgem.

“O nosso negócio é um negócio B2B, ou seja, ele é uma empresa que vende uma solução para outras empresas, mas a gente parte sempre da premissa da geração do impacto. Seja ela através do aumento de volume de resíduos reciclados, da geração de renda para as populações historicamente excluídas dentro desse processo, e, também, pelo número de pessoas que a gente vai alcançando e vai convertendo para participar das nossas ações”. 

A Solos atua em três frentes principais:

  • a primeira é por meio de experiências e conteúdos sustentáveis, que buscam sensibilizar e engajar o público de forma leve e lúdica.
  • A segunda frente é a gestão de resíduos em grandes eventos, oferecendo consultoria e operação logística para aumentar a quantidade de resíduos destinados à reciclagem.
  • A terceira frente é a implementação de operações de logística reversa e micrologística, garantindo o acesso ordenado e estruturado à coleta seletiva em diferentes regiões do país.

Saville Alves Alves  é uma empreendedora que teve sua trajetória marcada por vivências significativas. Ela estudou comunicação na Universidade Federal da Bahia, onde teve contato com um ambiente de pensamento crítico e começou a questionar os paradigmas sociais. Sua participação em movimentos como o Movimento Empresa Júnior e organizações internacionais, como o TETO, despertaram o desejo de fundar um negócio de impacto. A Solos foi então concebida como resultado desse processo de amadurecimento pessoal e profissional.

O Papel da Tecnologia na Reciclagem

No contexto da reciclagem, a tecnologia desempenha um papel fundamental. O Brasil tem a oportunidade de usar algoritmos e sistemas de rastreamento para trazer mais transparência e informações para a população. O lastreamento da cadeia de reciclagem, identificando a origem e o destino dos materiais, pode ser realizado por meio da tecnologia. Além disso, a automação das estações de triagem e beneficiamento contribui para aumentar a eficiência e diminuir as taxas de erro no processo.

De acordo com Saville, a Solos está explorando formas de digitalizar o processo de conscientização da população, especialmente das crianças e adolescentes, para criar um hábito sustentável desde cedo. A empresa acredita que, ao mudar os hábitos das novas gerações, teremos adultos conscientes e engajados na reciclagem. A tecnologia também desempenhará um papel importante nesse processo, permitindo a conexão de informações e a automação de diversas etapas do ciclo de reciclagem.

Dicas para Empresas interessadas na Economia Circular

Para empresas que desejam adotar práticas de economia circular, é importante começar de maneira verdadeira e identificar o que é mais sensível para o negócio. Cada empresa tem suas peculiaridades, e é essencial escolher causas alinhadas aos seus valores e setor de atuação. Inicialmente, focar em questões como resíduos, inclusão socioeconômica ou qualquer outra área relevante pode ser um bom começo. É fundamental buscar parcerias e redes confiáveis, participar de programas de aceleração e capacitação, e aproveitar as oportunidades oferecidas pela digitalização para expandir o impacto positivo.

Saiba outras formas de colaborar e investir em economia ciruclar, assistindo à entrevista completa com Saville Alves, CEO da Solos, no Mundo Corporativo, especial ESG:

O Mundo Corporativo tem as participações de Priscilla Gubiotti, Rafael Furugen, Renato Barcellos e Letícia Valente.

Adote um Vereador: do Carnaval ao lixo, dos parques à reciclagem, como deixar a cidade melhor?

 

 

 

Tudo começa com uma xícara de café que será acompanhada, ao longo da tarde, por várias outras. Na mesa do bar que funciona no Pateo do Collegio, local de fundação da cidade de São Paulo, tem espaço para suco, refrigerante e alguns comes em parceria com os bebes, também. Em torno da mesa recheada de xícaras, pires, pratos e copos um grupo disposto a falar muito sobre o que viu e o que quer para a cidade. São os integrantes do Adote um Vereador, que se encontram pessoalmente todo segundo sábado do mês.

 

A situação dos parques da cidade e a intenção da prefeitura em conceder a administração para a iniciativa privada foram dois dos assuntos conversados no encontro desse sábado, enquanto ainda se ouvia o som do trio elétrico que puxava um dos últimos blocos a desfilarem no centro, nesse Carnaval.

 

O Adote, como instituição — que, aliás, procuramos não ser —-, não tira posição a favor ou contra projetos ou ideias. É uma das nossas marcas, deixar que os integrantes pensem livremente sobre o assunto e quando há pontos em comuns podemos desenvolver alguma iniciativa. Os com viés liberal entendem que, a persistir o projeto da prefeitura, se pode ter parques mais bem cuidados; outros —- me pareceu a maioria dos que estavam sentados à mesa — preferem que a prefeitura assuma sua responsabilidade, aplique melhor o dinheiro de nossos impostos e se capacite para prestar o serviço que é público.

 

Falei de Carnaval e lembrei que, enquanto esperava por mais um café, alguém da mesa reclamou das interrupções na cidade devido aos blocos. Outro relatou que os banheiros químicos colocado à disposição dos foliões não tiveram a limpeza adequada. Houve quem chamou atenção para o fato de as subprefeituras terem destinado todos os seus funcionários para os 15 dias de festa, deixando de atender chamadas em áreas essenciais. Em tempo: a prefeitura diz que nenhum serviço de manutenção deixou de ser realizado no período.

 

A propósito: nesta segunda-feira, soube-se que 14 milhões de pessoas participaram do Carnaval de rua na capital paulista — um recorde para o qual a administração municipal terá de se atentar. Afinal, quanto maior a festa, maior a estrutura necessária. Qual o limite para São Paulo? Deixo a pergunta para pensarmos mais à frente, pois ainda faltam 348 dias para o próximo Carnaval e até lá teremos muitos outros problemas a resolver.

 

Em São Paulo, tudo tende a se agigantar. Do Carnaval aos problemas nas mais diversas áreas — haja vista o temporal das últimas horas que parou a cidade.

 

Quer outro exemplo —- esse lembrado no encontro de sábado? O lixo.

 

Em média, os paulistanos geram 18 mil toneladas de lixo, por dia. Só de resíduos domiciliares são coletadas quase 10 mil toneladas por dia. Números oficiais da prefeitura. A encrenca fica ainda maior quando se percebe que parte está espalhada pelas calçadas e ruas, pelos mais diversos motivos —- inclusive a falta de educação de alguns moradores. E outra boa parte poderia ser reaproveitada, pois é material reciclável.

 

Conforme a prefeitura “todo o município de São Paulo é contemplado pela coleta seletiva (ou diferenciada), seja pelas cooperativas ou pelas concessionárias — em algumas prefeituras regionais, a coleta é realizada por ambas”.

 

Quando vamos para a vida real, porém, quem sabe o que fazer com o material reciclável?
O que separar?
Quando a coleta passa lá em casa?
Foi, então, que surgiu a ideia de provocarmos os vereadores a pensarem sobre o tema e, quem sabe, destinarem parte da verba publicitária da capital para campanhas educativas que levem o tema às escolas, aos bairros, a cada uma das casas dos paulistanos. Eis aí um ponto em comum, sobre o qual escrevi alguns parágrafos acima.

 

Enquanto isso não acontece, a própria turma do Adote indicou dois caminhos para quem busca informações sobre coleta seletiva em São Paulo:

o site da prefeitura 

 

No qual é informado que “o Programa de Coleta Seletiva da Prefeitura de São Paulo tem como objetivo promover a reciclagem de papel, plástico, vidro e metais. Após recolhidos, esses resíduos são encaminhados para as cooperativas e para as centrais mecanizadas de triagem, onde serão separados e comercializados pelas cooperativas”. Além de trazer outras dicas importantes.

 

o APP Limpa Rápido, também da prefeitura 

 

Com a o aplicativo é possível saber se o caminhão da coleta seletiva passa na sua rua. Quando não passa, se existe algum PEV — Ponto de Entrega Voluntária ou Ecoponto mais próximo. E tem canal de reclamação.

Aos colegas que se encontraram nesse sábado, deixo uma sugestão. Um desafio. Espécie de lição de casa.

 

Já que o assunto nos interessou, a ponto de consumir tanto tempo e xícaras de café, vamos separar o material reciclável na nossa própria residência —- se você já faz isso, parabéns.

 

Em seguida, lembre-se de mandar um recadinho para o seu vereador perguntando o que ele pode fazer para aumentar a coleta seletiva na cidade. Quem sabe no próximo Carnaval, teremos menos lixo nas ruas e muitos mais reciclável coletado.

Foto-ouvinte: kombi reciclável

 

kombi reciclagem

A cidade faz de conta que leva a coleta seletiva a sério enquanto uma rede paralela faz do material reciclável sua forma de vida. E usa dos recursos que tem em mãos para levar tudo aquilo que seria desperdiçado na lata de lixo do paulistano por falta de um serviço oficial capaz de atender a demanda existente na capital. A kombi acima, fotografada pelo ouvinte-internauta e colaborador deste blog Marcos Paulo Dias, passava pela rua Manuel Jorge Ribeiro, no bairro da Penha, zona leste. Capenga, assim como a estrutura montada por São Paulo na coleta seletiva, mas sobrevivente.