Foi logo apresentando suas credenciais: advogado, jornalista e administrador de empresas com escritórios na Paulista e no Pacaembu, dizia um cartão; presidente da Associação Paulista de Imprensa com sede no centro, dizia outro. Em nenhum aparece o “Dr.” que usou em seu registro no Tribunal Superior Eleitoral, mas lá também não estão os dois imóveis profissionais indicados.
Dr Redó ou Sérgio Redó é o candidato ao Senado pelo Partido Progressista. Voltou à disputa após reviravoltas de campanha. Abriu mão do cargo para dar espaço a Ciro Moura, do PTC, na coligação “Em Defesa do Cidadão”; mas acabou recebendo a outra vaga na chapa com a renúncia de Toni Curiati. Ainda falta a palavra final do TSE que, segundo ele, apenas não ocorreu por excesso de trabalho do Tribunal: “Não existe pendência nenhuma”.
Sem o registro confirmado, comentou, tem problemas para abrir conta em banco e tirar CNPJ, necessários para a campanha e arrecadação de dinheiro. Apesar de integrar Coligação que pretende gastar até R$ 5 milhões para garantir ao menos uma vaga no Senado disse que ainda não recebeu nenhum tostão: “a propaganda de TV é o partido que está fazendo”.
Apesar disso, os bolsos não estão vazios. O do blazer, bem alinhado, tem um lenço de seda que combina com a gravata; o da camisa social com duas estampas, uma vistosa caneta Mont Blanc.
Por falar em dinheiro.
Redó reclamou do empenho dos três senadores que representam São Paulo pela falta de capacidade deles de forçarem a renegociação da dívida com a União. Calcula que o Estado pague ao Governo Federal R$ 160 bilhões em juros: “quantos Ceus e grandes obras poderiam ser realizadas ?”, pergunta – confundiu-se pois Ceu é obra do município.
Reclamou também do prefeito Gilberto Kassab (DEM) que com R$ 25 bi no Orçamento não consegue fazer o que o prefeito Paulo Maluf (PP) fez com apenas R$ 5 bi: “agora fizeram esta Marginal, mas não tem mais nenhuma obra”, concluiu – outra confusão, pois a ampliação da Tietê é obra do Estado.
Em seguida reclamou dos políticos hipócritas que falam de números mas não mostram o que estão falando.
Maluf foi citado cinco vezes nos 15 minutos de entrevista, contra apenas uma de Celso Russomano, candidato ao Governo pelo partido.
Ouça a entrevista com Sérgio Redó, do PP, ao CBN São Paulo
Cobrei a divulgação das contas da campanha eleitoral. Disse que era para ir em http://www.sredo.com.br onde estará registrada toda a movimentação financeira. Fui e só encontrei suas propostas para vereador – cargo que sequer chegou a concorrer em 2008, pois renunciou antes de começar a disputa. “Especialista em direito eleitoral”, como lembrou, deve saber que os dados tem de estar em site oficial da campanha, não no particular.
Sobre a ausência dele no site do Ficha Limpa: “Já estou na iminência de me cadastrar”. É o quinto candidato a fazer esta promessa. Nenhum a cumpriu até agora. Continuarei esperando.
Encerrada a entrevista, distribuiu mais alguns cartões de visita – nenhum santinho.
