Por Maria Lucia Solla
Ouça “De dor II” falado, gravado e sonorizado pela autora
Gememos, sofremos, reclamamos.
De quê?
Rejeição, dor, injustiça.
Difícil aceitarmos que alguém não nos ame como queremos ser amados.
Difícil passarmos desapercebidos quando pensamos ter os sentidos alertas e acreditamos perceber tudo e todos.
Na verdade, nossos sentidos têm olhos semicerrados e só percebem vagamente as sombras da ilusão.
Na verdade, somos tão voltados para nós mesmos, para o nosso umbigo, para a imensa muralha que é o nosso ego, que somos, na verdade, absolutamente cegos.
Todos.
Vivemos rotulando: isto é justo, isto não é; isso está certo, aquilo não.
Chove; que droga! Não chove; que secura!
O mundo lá fora não me revenrencia; não é justo!
O outro tropica; justo!
Nossa bússola anda bêbada; louca.
Deixou de ser bússola; virou biruta.
Pois foi numa fase dessas, de bússola-biruta, que chegou a mim uma mensagem da Cabala e me fez ver um raiozinho de luz nas sombras da ilusão em que me encontro.
Trouxe alívio para a dor que me aflige.
A mensagem diz que rejeições, acontecimentos que não consideramos justos, coisas que não vão ou não vêm na direção que queremos, são a chance que temos de não alimentarmos nosso ego. São a chance de libertarmos o nosso verdadeiro Ser.
A mesagem nos convida a apreciar a rejeição; a dar-lhe as boas-vindas. Diz que a dor que sentimos, a dor que quase não suportamos, é o desacorrentar de nossa alma.
Para mim chegou na hora certa; e para você?
Pense nisso, ou não, e até a semana que vem.
Maria Lucia Solla é terapeuta, professora de língua estrangeira e organiza curso de comunicação e expressão. Aos domingos, escreve no Blog do Mílton Jung com dor e paixão
