Associação Comercial vê a atual SP como a ideal. Você concorda?

 


Por Carlos Magno Gibrail

 

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Em clara defesa de alguns comerciantes e proprietários de imóveis localizados em áreas com restrições, Alencar Burti, presidente da ACSP-Associação Comercial de SP e da FACESP-Federação das Associações Comerciais de SP, através de artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo, sugere que a nova Lei do Zoneamento respeite a realidade atual de São Paulo, pois segundo ele esta é a verdadeira cidade e deve ser mantida.

 

Leia aqui o artigo assinado por Alencar Burti no Estadão

 

Manifestação um tanto parcial, se considerarmos o abrangente papel da ACSP através do tempo quando a entidade destacou-se nos momentos mais relevantes da história brasileira e paulista. Lutando sempre no sentido de romper, mudar e melhorar.

 

Burti, ao propor legalizar as ocupações em áreas desvirtuadas, segundo ele pelo tráfego, desconsidera que os comerciantes ilegais de então participaram da descaracterização tanto quanto a Companhia de Engenharia de Tráfego-CET, que, como sabemos, atua divorciada da cidade, em benefício somente do trânsito.

 

Até a fraca postura da Prefeitura em relação às Zonas Estritamente Residenciais-ZERs é temida por Burti, que é direto na proteção ao comércio:

 

“boa parte do comércio nesses lugares já está instalada e em pleno funcionamento. Proibi-lo causaria prejuízos aos comerciantes, que teriam de fechar as portas ou se reorganizar, buscar outro local que autorize o comércio. Isso não está nos planos do empreendedor, que já sofre as dificuldades de manter um negócio”

 

Burti sugere ainda que as ZERs contemplem espaço para farmácias, padarias, escritórios, etc. Justo esse que é o ponto mais vulnerável e agressivo da proposição. Os moradores das ZERs são categóricos em afirmar que não querem os corredores comerciais e esperam que se ponha fim ao atual sistema de degradação crônica.

 

A cidade de São Paulo oferece um complexo de shoppings, ruas especializadas, centros de convenção, hotéis, cinemas, teatros, bares, restaurantes, casas de show, estádios e tudo o mais. Será que precisamos ainda mais?

 

Ou devemos mudar conceitos e buscar mais qualidade. De vida e de cidadania?

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung.

Premissas do passado norteiam o novo Plano Diretor

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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Tomando a mobilidade como uma das metas principais a serem alcançadas, autores e apoiadores do Plano Diretor têm usado argumentos fora de conexão com a atualidade.

 

Uma das premissas é que o Plano possibilitará a criação de moradias e empregos dentro do mesmo bairro, evitando que os moradores cruzem a cidade para ir de casa ao trabalho. Por isso será permitido o adensamento residencial e comercial. Ora, hoje as pessoas mudam de emprego várias vezes no transcurso de seu período de trabalho, e continuam no mesmo endereço.

 

A outra premissa é que os corredores comerciais propostos ajudarão na diminuição da mobilidade, pois fornecerão produtos aos moradores da região, evitando que se desloquem para fazer compras. Sem contudo interferir na qualidade da região. Premissa tão falsa quanto a primeira, pois está baseada no passado. Hoje, o pequeno varejo de cadernetas de fiado, deu lugar a formatos que irão perturbar as características ambientais, além de não se sustentarem com a clientela de vizinhança. Haja vista, que serão permitidas operações de 500 a 1000m2 de área.
Ao mesmo tempo em que o Plano Diretor considerou o passado para justificar a melhoria da mobilidade, desrespeitou o passado das zonas de preservação, colocando nelas novos corredores comerciais. Estas, embora pequenas em proporção ao tamanho da cidade, pois apenas ocupam 3,8% do território de 1500km2, serão totalmente descaracterizadas. Terão redução na importante função de equilíbrio ecológico que prestam a São Paulo.

 

Uma simples examinada no mapa proposto dá a dimensão do estrago que os corredores comerciais farão dentro destas áreas preservadas. Em avenidas onde hoje estão localizadas parcialmente áreas comerciais, o Plano abre corredor comercial em toda a extensão. Em outras ruas estritamente residenciais, o Plano permitirá comércio total. Um ataque tão intenso que precisará de “Super-heróis”. Neste caso, urbanistas de méritos.

 

Por ordem alfabética: Cândido Malta, Heitor Marzagão, Ivan Maglio, Lucila Lacreta, Luiz Carlos Costa, Regina Monteiro, Sergio Reze.

 


Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Milton Jung, às quartas-feiras.