Tem que enxugar a água porque o Tietê está no limite

 

Reflexo da Cidade (Pétria Chaves)

Reflexo do que é São Paulo em imagem da repórter Pétria Chaves/CBN

 

A chuva foi muito forte – dizem o técnicos que despencou 100 mm de água -, mas a cidade já encarou com menos prejuízos temporais bem mais intensos, nos quais o número de pontos alagados ficou longe dos 98 registrados nesta terça (08.12). É o que mostra levantamento feito pelo UOL com base em dados oficiais (leia aqui).

Os mais de R$ 1,7 bilhão investidos que rebaixaram a calha do Tietê para permitir que a vazão do rio chegasse a 1.188 m3 por segundo de vazão não são mais suficientes para a quantidade de água despejada nele. Ou seja, o rio está mais raso do que deveria, pois a manutenção não é suficiente para a quantidade de resíduos que se acumula na calha do Tietê.

Para o professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica Mário Thadeu Leme de Barros entrevistado no CBN SP a saída está em aumentar a capacidade de São Paulo “enxugar” a água da chuva. Uma das opções é investir nos parques lineares que preservariam as encostas dos córregos e riachos que desaguam no Tietê e reduziriam o volume de água despejado no rio.

Dos 23 previstos para serem entregues até 2012, segundo o Plano de Metas da Prefeitura, apenas um está concluído, no Jardim Esther, região do Butantã. Oito deveriam estar prontos neste mês de dezembro.

Haveria outras possibilidades como impedir a ocupação sem limite e sem ordem que se realiza historicamente na capital paulista, mas para tanto é preciso coragem política e restrição de privilégios. Hoje, São Paulo paga um preço muito alto pela falta de planejamento e o que a cidade sofreu nesta terça é reflexo de uma série de erros urbanísticos, muito mais do que o excesso de chuvas.

Nesta entrevista nós falamos também sobre a falha que ocorreu no bombeamento das águas do rio Pinheiros que tornou a situação do Tietê ainda mais crítica.

Ouça a entrevista do professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e sanitária da Escola Politécnica Mário Thadeu Leme de Barros

Nesta quarta, também conversamos com um economista para entender o tamanho do prejuízo calculado pela cidade em virtude dos transtornos provocados pelas enchentes.

Ouça a entrevista de Heron do Carmo, professor da FEA-USP, sobre o Custo São Paulo

Rio 2016, competência e paixão

(reproduzo este post, que havia sido publicado na quarta-feira, porque problemas técnicos ocorreram e impediram o registro de comentáriosna data)

 

Por Carlos Magno Gibrail

A recente vitória do RIO sobre cidades com genes “capitalistas” pode por à prova a teoria do escocês Gregory Clark, autor do recente livro Adeus ás Esmolas.

A disposição para o trabalho duro, a paciência, a inventividade, a habilidade com números, a facilidade de aprendizado e a aversão à violência, são qualidades essenciais para se vencer numa economia de mercado, de acordo com Clark. A revista Veja após entrevistá-lo considera sua tese, perigosa. E, há indícios suficientes para isso, pois o escocês afirma que as instituições não bastam para efetivar o crescimento econômico, mas sim as qualidades dos indivíduos acima citadas na teoria que chamou de “Sobrevivência dos ricos”, pois são eles que as possuem.

O jornalista Diogo Schelp, bem observa que fora a questão racista, o autor procura explicações para o sucesso das nações. Analisa Marx e a acumulação de capital, considera Jarred Diamond nos aspectos de que geografia e clima são fatores essenciais para desenvolvimento de tecnologias, foca Max Weber na valorização do trabalho e da riqueza, enfatizando a ética protestante presente em países como Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha e por fim aceita em parte Adam Smith, que preconizou a necessidade das instituições. Entretanto reafirma que por si só elas não são suficientes.

A população do Brasil não tem o gene “capitalista” de Clark, mas será que temos uns poucos que nos fizeram chegar lá?

Clovis Rossi relata que em 1997 em Amsterdã ao chegar para cobrir uma cúpula da União Européia um jornalista holandês perguntou “You came all the way from down there just to this” (“Você veio lá do fundo do mundo para isto?”). E, continua: “Nos 12 anos seguintes, o ‘Brasil’ no meu peito, nas credenciais de cúpulas, passou a ser cada vez menos down there, em Hokkaido, no Japão, e Áquila , na Itália, em Londres como em Pittsburgh. Sou, portanto, testemunha viva da história da transformação do Brasil de “down there” para “primeira classe”, como disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva após “o RIO derrotar Obama”, segundo a manchete do Financial Times”.

O brasileiro Alberto Murray Neto, árbitro do Tribunal Arbitral do Esporte em Lausanne parece ser um dos discípulos de Clark: “A decisão do COI foi indigna. Mais do que isso, foi hipócrita. Tentaram fazer história à custa do desespero dos pobres”.

E, Juca Kfouri também não se esqueceu dos pobres: “Nenhum governo antes tirou tantos milhões de brasileiros da linha de pobreza, diferença maior dele em relação a todos os seus antecessores. Porque, de fato, um presidente preocupado com os excluídos, coisa que os outros só conheceram na teoria, enquanto Lula foi um deles, na prática. Bem ele, o único que não falava inglês na comitiva quase totalmente da elite branca que o país mandou para Copenhague”.

“No final de tudo, valeram os atributos de um projeto mais consistente. Aí, sim, é que contou a união estabelecida entre o presidente Lula, o governador do Rio, Sérgio Cabral, o prefeito Eduardo Paes e o presidente do COB, Carlos Nuzman. Os Jogos Olímpicos não são mais apenas competições entre atletas. São espetáculos dotados de uma capacidade única de alavancar economias e transformar cidades. Essa é a força da vitória conquistada agora”. É o que diz a revista Veja desta semana, onde encontramos o articulista Diogo Mainardi, autor do “Lula minha anta” e que nesta semana parece que está escolhendo o empresário Eike Batista, um dos primeiros a participar do Projeto Rio 2016, como a sua segunda anta.

Contundências à parte fixemos naquilo que faltou a Clark em seu trabalho e que Nuzman e Lula brilhante e competentemente protagonizaram como registrou Carlos Heitor Cony: “ A louvar , o sucesso de Nuzman, louvor também a Lula, a quem não poupamos críticas diversificadas, mas que na hora das horas veste a camisa do povo com seu jeitão inconfundível. Num pequeno – e feliz – discurso em Copenhague ele expressou uma aparente contradição, falando que a vitória do Brasil foi a vitória da paixão e da razão”.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda, escreve às quartas no Blog do Mílton Jung e não tem dúvida qual camisa vai vestir quando aprontar a mala para o Rio, em 2016.

Rio vai proibir estacionamento no Centro

 

A cidade do Rio de Janeiro vai comemorar o Dia Mundial Sem Carro proibindo o estacionamento no centro da cidade, reduzindo a velocidade máxima para os veículos que andarem no bairro de Copacabana e colocando 100% da frota de ônibus nas ruas. Política pública de mobilidade não se constrói apenas com ações datadas e pontuais, podem soar hipócritas se não fizerem parte da estratégia de desenvolvimento da cidade. Mas é significativo que o Rio esteja atuando desta maneira, enquanto São Paulo ainda não anunciou nenhuma atividade para a data. Por enquanto, todas as ações estão sendo organizadas pela sociedade civil, conforme você pode ver em post publicado nessa terça-feira.

A notícia a seguir foi publicada no G1:

No próximo dia 22, a cidade do Rio adere à campanha do Dia Mundial sem Carro, uma iniciativa que já é um sucesso em grandes capitais do mundo e tem como objetivo estimular o uso do transporte público e de outras alternativas de locomoção, como a bicicleta e a caminhada em trajetos curtos.

Entre as ações previstas para o dia no Rio, a principal será a proibição, por meio de decreto, do estacionamento no quadrilátero que tem como limite a Rua Santa Luzia, a Avenida Presidente Antônio Carlos, a Rua da Assembleia e a Avenida Rio Branco, todas no Centro da cidade. Esse trecho concentra 510 vagas entre o Rio Rotativo e vagas oficiais.

No Buraco do Lume, também no Centro, haverá atividades culturais e educativas, sempre com o intuito de estimular a reflexão da população sobre o uso excessivo dos carros.

Nos prédios municipais, também será proibido o estacionamento de carros, com exceção apenas para os veículos operacionais. Serão sorteados passes de bicicletas públicas entre os servidores.

Leia a notícia completa no G1

Rios de São Paulo traz experiência da Coreia

Logo do seminário Rios de São Paulo 

Quatro anos de trabalho, milhões de dólares investidos e a colocação abaixo de construções e hábitos de vida conseguiram mudar o cenário de poluição e insalubridade de rios e córregos em Seul, na Coreia do Sul. Dois desses projetos de preservação ambiental vão ancorar o seminário Rios de São Paulo promovio pela Rede Globo, nesta terça 14.04, das 9h às 13h, na Escola Politécnica da USP, na capital paulista.

Nesta manhã de segunda, alguns dos participantes do seminário foram até o rio Pinheiros, na zona oeste, conhecer um pouco mais sobre a realidade paulista. Além do assessor de infraestrutura urbana de Seul, In-Keun Lee, esteve lá também o professor da UFRGS Carlos Tucci, especialista em recursos hídricos, entrevistado pelo CBN São Paulo

Tucci diz que apesar do alto investimento necessário para a despoluição dos rios e córregos, dinheiro não é o maior problema na realização deste trabalho. Para ele, o Brasil até hoje não tem uma política nacional de saneamento:

Ouça a entrevista de Carlos Tucci, da UFRGS, ao CBN SP

Para conhecer o projeto desenvolvido em Seul, o jornalista Carlos Tramontiona, que mediará o debate, esteve na Coreia e realizou uma série de reportagens: 

 Ouça a entrevista de Carlos Tramontina para Tânia Morales da CBN

Leia e assista às reportagens sobre programas de despoluição dos rios, no Blog Rios de São Paulo

Comércio perdeu batalha contra lei antifumo, no Rio

Há pouco menos de um ano, os fumantes cariocas passaram a sofrer as mesmas restrições que estarão em vigor no Estado de São Paulo com a aprovação da lei que proíbe o fumo em recintos fechados ou parcialmente fechados. Apesar de na capital fluminense a determinação ter chegado por decreto da prefeitura, bares e restaurantes se deram mal na tentativa de derrubá-lo na Justiça.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em junho do ano passado, negou liminar pedida pela Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares para suspender os efeitos do decreto até o julgamento final. A entidade alegava a inconstitucionalidade do decreto, mas não convenceu o relator da ação, o desembargador Sérgio Cavalieri Filho, que, na época, justificou que a prefeitura pode estabelecer regras, de acordo com o artigo 196 da Constituição Federal: “A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos”.

Em São Paulo, a Federação anunciou que vai à Justiça para derrubar a lei aprovada na Assembleia Legislativa que deve ser sancionada pelo governador José Serra, em breve. Diz que haverá demissões no setor apostando na redução do movimento de bares e restaurantes.

No Rio, não se tem informações sobre as tais demissões pelo cerco ao cigarro.