Conte Sua História: Ronnie Von vai a Santo Amaro

 

Ronnie Von era garotão, nascido e vivido no Rio, quando foi convidado para visitar a casa de Nilton Travesso, em São Paulo. Era fácil chegar lá. Bastava pegar um táxi no aeroporto de Congonhas, ir até a avenida Santo Amaro e entrar no segundo farol à direita. A primeira surpresa foi saber que o nome do santo batizava uma estrada, uma rua e uma avenida – havia um bairro, também. Pediu para ir na mais famosa e teve sorte, aquele era o caminho. Procurou o farol e não encontrou nenhum. Ao fim da avenida, ouviu do motorista: “Terminou aqui, onde o senhor quer descer”. Foi quando descobriu que o farol paulistano era o semáforo no Rio.

Esta foi uma das muitas histórias de São Paulo contada pelo cantor, compositor, publicitário e apresentador de Tv Ronnie Von no programa que abriu a série em homenagem aos 457 anos da capital paulista. A entrevista, ao vivo, no CBN SP foi marcada por momentos de emoção, ao menos para este jornalista.

Ouça o Conte Sua História de São Paulo com Ronnie Von

Nesta semana, personagens e personalidades serão convidados do Conte Sua História de São Paulo – 457 anos. Você também pode participar do progama que vai ao ar, tradicionalmente, aos sábados, às 10 e meia da manhã. Envie seu texto ou marque uma entrevista no site do Museu da Pessoa.

Esse cara eu escolhi para ser meu irmão

Por Abigail Costa

Na sexta-feira, por conta da morte de Zé Rodrix, foi marcada uma entrevista com Ronnie Von. O momento era de tristeza, claro. Mas existia uma ternura nas palavras do Ronnie falando do amigo que o ambiente ganhou leveza.

Chamou-me atenção uma frase dele se referindo ao cantor-compositor-instrumentista-arranjador-publicitário-autor:
– Esse cara, eu escolhi para ser meu irmão!

Caramba! Que forte isso.

Desfrutar da companhia de alguém por décadas, alguém escolhido a dedo;, e em quase 50  anos de amizade, falar isso com a mais pura admiração. Não pela fama, pelas composições ou pelos prêmios conquistados. Falar pela gratidão da amizade. E olhe que a referência aqui são dois homens, senhores de 60 e alguns anos.

Ter alguém que se importe com você.

Ronnie lembrou as boas cobranças:
– E aí meu irmão, já fez o check-up, dizia Zé ?

Ouvi atentamente o amigo-irmão falando do outro por mais de uma hora.  Agradeci a entrevista e nos despedimos.

Levei a frase na cabeça: “escolhi esse cara para ser meu irmão”.

Enquanto pensava, contava: Quantas pessoas elegi como parente?  E quantas ainda se sustentam no poder? Não tive dificuldades em fechar a soma.

Colegas, companheiros, parceiros, esses entram e saem na vida da gente durante quase todo o tempo. Mas, “Os Caras” ? Esses são raros, poucos e bons.

Depois de puxar o traço, me dei conta de um resultado que me enche de orgulho. Eles não chegam a dois dígitos se pensarmos na quantidade. Mas em qualidade não tenho do que me queixar.

E você? Quantas pessoas fazem parte da sua família, por livre e espontânea vontade?

Abigail Costa é jornalista, escreve no Blog do Milton Jung às quintas-feiras e sabe o valor de uma amizade