Se minha memória não estiver falhando, aos 85 anos, era um prazer muito agradável andar pelo centro de São Paulo.
O passeio começava na catedral da Praça da Sé com uma caminhada em direção a rua Direita. Passava na confeitaria Vienense e chegava a Praça do Patriarca onde está a igreja de Santo Antonio.
A caminhada seguia pelo Viaduto do Chá para encontrar a loja Mappin, com seu famoso chá da tarde, no topo do prédio, bem em frente ao Teatro Municipal, onde assistíamos o que havia de melhor em espetáculos teatrais.
O percurso costumava seguir pela Barão de Itapetininga tendo como destino a Praça da República com seus lagos e chafarizes. Ficava ali o Instituto de Educação Caetano de Campos, onde estudei desde o jardim da infância, passando pelo primário e o ginásio.
Do outro lado começavam os inúmeros cinemas. Era a Cinelândia que se estendia pela São João e arredores: Cine República, Marabá, Ipiranga, Ritz, Ópera, Marrocos, Windsor, Metrópole … por eles passamos nossa juventude no cotidiano de um centro da cidade que era referência para todos os paulistanos.
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Álvaro Gullo é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Escreva o seu texto e envie para contesuahistoria@cbn.com.br Para ouvir outros capítulos da nossa cidade, visite o meu blog miltonjung.com.br ou o podcast do Conte Sua História de São Paulo.
Vista da Praça da Sé a partir dos altos da Catedram, foto: Mílton Jung
Minha história em São Paulo começou em 1986, no bairro do Ipiranga, na visita a casa de umas tias que moravam na rua Bom Pastor. Até então, via São Paulo pela televisão. Era algo distante de minha realidade, nascida e criada no interior.
Foi naquele ano que surgiu a oportunidade de ir para a capital paulista. Na época, não tínhamos telefone. Era ainda por carta que avisamos de nossa viagem. Desembarcando na rodoviária do Tietê foi um desespero ver tanta gente apressada em chegar ao destino; e o tempo todo alguém dizendo: tenha cuidado, a cidade grande é perigosa! Pegar o metrô foi outra novela, tudo muito novo e arriscado.
Com parada na Sé, aproveitamos para conhecer a Igreja Matriz. logo na escadaria, um jovenzinho me ofereceu uma rosa, gesto que achei muito gentil, afinal ele não me conhecia. Aceitei de imediato tal carinho. Até que o jovem deu o valor — não lembro quanto, mas era alto. Devolvi a rosa!
Fomos ao metrô novamente e chegamos ao destino. Uma casa com algumas divisões em que cada pedacinho fora aproveitado. O pedreiro de um bairro distante pernoitava num cômodo nos fundos durante a semana e prestava serviços à minha tia já idosa como forma de pagamento.
Ao lado, uma jovem equipou um outro espaço com potes e vasilhas pois estava sem emprego e montou ali a sua cozinha e o ponto de venda de bolos. Do outro lado, uma cabeleireira fez o seu salão. Tudo alugado.
As tias falaram de uma peça com Ary Toledo, logo mais à noite. De repente me senti gente e conheci um teatro! No retorno pra casa vi que a cidade de São Paulo não parava mesmo e funcionava a noite toda. No dia seguinte, fomos conhecer o Museu do Ipiranga, viver a história só lida nos livros da escola. Inesquecível!
As lojas todas com atendimento diferenciado. E, claro, trouxe um tecido lindo, do qual fiz uma camisa. Me orgulhava em vesti-la e dizer aos amigos: trouxe de São Paulo!
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Márcia Dainez é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Claudio Antonio. Seja você também uma personagem da nossa cidade. Escreva seu texto agora e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos visite o meu blog miltonjung.com.br ou ouça o podcast do Conte Sua História de São Paulo.
Nasci e sempre morei em São Paulo. Cresci em Itaquera, e, em 1978, quando conclui a universidade, morava na Parada Inglesa, na zona norte. Formada, comecei a trabalhar em regime de seis horas diárias com uma folga semanal. Por se tratar de uma maternidade, a folga não era fixa, variava de acordo com a escala de serviço.
À época, o “centro velho” tinha lojas que atraíam a população, que variavam de utensílios domésticos a vestuário. Havia o Mappin, na Xavier de Toledo, logo após o Viaduto do Chá; a loja Pitter, próxima ao Teatro Municipal, com suas vitrines que expunham roupas modernas, voltadas aos jovens. Na rua São Bento havia a Mesbla, bonita loja de departamentos, a Botica Ao Veado d’Ouro, antiga farmácia de manipulação; a Casa Fretin, de materiais cirúrgicos, e muitas outras.
O movimento de pedestres era grande também nas ruas Direita, XV de Novembro, no Pátio do Colégio e nas Praças da Sé e do Patriarca. A linha azul do Metrô já havia sido inaugurada e a Estação Sé fora aberta no início daquele ano. Era por essa estação meu acesso ao Centro Velho. Após um percurso de aproximadamente 10 minutos de ônibus desde minha casa, embarcava no metrô, na estação Santana da linha azul, e viajava por aproximadamente 15 minutos até a Sé.
Eu tinha uma amiga que concluíra a faculdade na mesma turma, e que trabalhava em uma maternidade da zona sul da cidade, atuando em regime de 12 por 36, isto é, trabalhava 12 horas e tinha outras 36 de descanso. Pelo menos uma vez ao mês, sempre que nossas folgas coincidiam, agendávamos um encontro para conversar, passear e tomar um lanche.
Nosso encontro era marcado pela manhã nas escadarias da Catedral da Sé, no “Centro Velho” de São Paulo. Aquela que chegasse primeiro ao local do encontro, aguardava a companheira, esperando no topo da escadaria. Era um momento de observação do movimento de pedestres.
Permanecíamos tranquilas, sem qualquer preocupação com a segurança. As pessoas caminhando na Praça nos pareciam trabalhadores que, apressados, iam cumprir sua tarefa diária. Minha amiga vinha de ônibus do bairro da Aclimação onde morava, e descia no ponto na própria praça.
Assim que nos encontrávamos, entrávamos na Igreja, onde rezávamos por alguns minutos e agradecíamos nossa condição. A Igreja estava sempre silenciosa aquela hora da manhã. Chamava nossa atenção o número reduzido de pessoas em seu interior, rezando ajoelhadas ou sentadas em reflexão e agradecimento. O olhar distante delas nos passava a sensação de que buscavam paz interior. No entanto, permaneciam ali, silenciosas, por pouco tempo. O movimento de entra e sai de fiéis era constante.
A Igreja era pouco iluminado. A luz externa, filtrada pelos vitrais ao alto, era difusa e não suficiente para iluminar a nave. Nem mesmo a iluminação artificial dava conta da tarefa. Nós entrávamos, agradecíamos a vida que tínhamos, e alguns minutos depois saíamos para o passo seguinte de nosso encontro, quando passeávamos pelas ruas do entorno, observando as vitrines das muitas lojas.
Há vários anos, um ponto especial e bastante frequentado na rua Direita, era o das Lojas Americanas, onde se encontravam pequenos objetos para casa, mas também brinquedos e outros produtos. Ainda que sua principal porta de entrada fosse pela rua Direita, a loja era suficientemente grande para oferecer acesso, também, pela rua José Bonifácio, paralela à anterior. Nesta rua, quase em frente à anterior, localizava-se a “Nova Lojas Americanas”, mais moderna e com produtos diferenciados. As pessoas acostumadas à loja antiga, aos poucos descobriam a nova loja e era comum frequentarem ambas, já que bastava apenas atravessar uma rua para o acesso.
Após nosso encontro e prece na Catedral da Sé, e a caminhada pelas ruas próximas, minha amiga e eu dávamos continuidade ao nosso programa, indo à “Nova Lojas Americanas”. Nela, nos dirigíamos à lanchonete, que era exclusiva e cumpria seu papel de modernidade oferecendo produtos que não eram comumente encontrados na região naquele tempo.
Sentadas no balcão, sempre fazíamos os mesmos pedidos: eu solicitava um lanche “americano” e um “sunday”, enquanto minha amiga pedia um sanduiche tipo “cheese salada” e um “banana split”. Enquanto lá permanecíamos, colocávamos as notícias em dia, e trocávamos ideias sobre situações ocorridas em nossos trabalhos. Uma vez concluído o “almoço”, nos dirigíamos à Praça da Sé, onde nos despedíamos com a certeza de novo encontro no próximo mês, exatamente igual a este. Eu me dirigia à estação do Metrô e minha amiga ao ponto de ônibus que a levaria para casa.
Mantivemos estes encontros, exatamente iguais, por vários meses, até que nossa rotina de trabalho nos absorveu totalmente, e perdemos a oportunidade de fazer coincidir nossas folgas para podermos estar juntas em nosso prazeroso passeio ao Centro Velho de São Paulo, ao final da década de 1970.
Ouça aqui este episódio do Conte Sua História de São Paulo:
Neide de Souza Praça é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Daniel Mesquisa. Seja você também personagem desta cidade, escreva seu texto agora e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos da nossa cidade e ler o texto completo da Neide, visite o meu blog miltonjung.com.br e conheça o podcast do Conte Sua História de São Paulo.
Igreja na praça da Sé, foto de Claudinéia Regina/Flickr CBNSP
Era o ano de 1983. Eu havia ingressado no Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Unesp, em São José do Rio Preto. Bacharelado de Letras-Tradução. Com 18 anos, nascida e criada em uma pequena cidade do interior paulista, sentia-me um peixe fora d’água naquele ambiente tão politizado, com colegas super descolados.
Nem imaginava que, em breve e, justamente, com eles, pisaria em São Paulo, pela primeira vez. A abertura política se fazia lenta, mas progressivamente. Nesse contexto, a comunidade universitária da UNESP, em sintonia com o movimento Diretas-já, propunha um processo de eleição para a indicação do candidato ao cargo de reitor da universidade.
No início de 1984, realizou-se a consulta à comunidade, num ato democrático extraordinário, para a época. Mas o Conselho Universitário e o governador Franco Montoro não acataram a nossa vontade expressa pelo voto. Isso gerou profunda revolta, motivando uma prolongada greve e a ocupação da reitoria e das diretorias de várias unidades.
Naqueles dias, embarcou no trem RioPreto-São Paulo um grupo de destemidos, do qual eu fazia parte. Uma noite inteira, não só de café com pão, café com pão… mas, também, de pão com mortadela, mortadela com pão. Na manhã seguinte, chegamos em São Paulo para revezar com os colegas que estavam ocupando a reitoria há vários dias.
Eu fingia naturalidade no metrô, fingia saber onde estávamos ou para onde íamos. A ninguém eu havia dito que jamais estivera na capital. Imagina! Na Praça da Sé, olhei deslumbrada a Catedral, os prédios do Tribunal de Justiça e da própria reitoria. Notei que faltavam árvores e sobrava gente.
Dado o risco de estarmos sendo vigiados, entramos rapidamente na reitoria, de onde só saí oito dias mais tarde com todos os companheiros, expulsos por Michel Temer, então Secretário de Segurança Pública de São Paulo.
Seguidos à distância pela força policial, fomos em passeata pelo entorno, gritando palavras de ordem, cantando o hino da época: ”para não dizer que não falei das flores”. Ouvia aplausos de alguns, palavras de apoio de outros, e chuva de papel picado a nos receber.
Lá se vão 38 anos de muitas outras histórias de manifestações, comícios, protestos, passeatas, quase sempre em São Paulo. Mas é essa passagem que divido com você, na Praça da Sé, o marco zero da minha história de lutas e paixão por essa cidade.
Janice de Paulo é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Seja você também um personagem de São Paulo. Escreva seu texto e envie para o email contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos da nossa cidade, visite o meu blog miltonjung.com.br ou o podcast do Conte Sua História de São Paulo
Fim dos anos 60, morava em São Caetano e trabalhava em Santo André. Na época, férias não era sinônimo de Disney, Paris, Roma, nem resort no Nordeste. Quando muito um cineminha e um dia na Praia José Menino. E lá estava eu de férias, sem nada para fazer. Resolvi me dar uma tarde de lazer e ir assistir a Dr. Jivago, no cine Metro. Coloquei um vestido de passear, sandália combinando, afinal estava indo para a Cidade. Peguei o ônibus mais ou menos perto de casa e fui descer no Parque D. Pedro.
Subi toda a Rua Tabatinguera, passei por uma Igreja, que recentemente fiquei sabendo é a Capela do Menino Jesus e de Santa Luzia. Atravessei a Praça da Sé, fui pela rua Direita onde as pessoas realmente caminhavam pela sua direita. Praça Patriarca, Viaduto do Chá, passei atrás do Teatro Municipal e, finalmente, cheguei na Avenida São João para a sessão das duas da tarde, no Cine Metro, que ainda era bonito e chique. Era moda usar muitas pulseiras coloridas de plástico, e entre campos de girassóis e nevascas, venturas e desventuras de Jivago e Lara, quando lágrimas eram enxugadas discretamente era aquele som, “plac-plac, plac-plac”, de pulseiras batendo! Mas o romantismo do filme resistiu bravamente por mais de três horas. E no fim refiz todo o caminho de volta para casa, flutuando com o Tema de Lara ao fundo.
Hoje, o cine Metro é uma Igreja evangélica, a Avenida São João perdeu quase todo seu charme e o que se vê são prédios pichados e decadentes. O Teatro Municipal ainda mantém sua imponência. Ninguém mais respeita a direita na Rua que leva seu nome, entrar na Catedral da Sé só nas missas com muita gente, e não faço idéia de como está a Rua Tabatinguera. Do Parque D. Pedro, uns três anos atrás, um motorista de taxi só faltou mandar eu me abaixar no banco para me tirar do Hospital da Móoca onde tinha ido visitar uma amiga.
Ao menos ficaram boas lembranças! E escrevendo este texto percebi que, naquele dia de férias, meu programa mesmo foi atravessar praticamente todo o Centro velho de São Paulo, ida e volta.
Como é bom ter 18 anos.
Neusa M Stranghette é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Conte você também mais um capítulo da nossa cidade. Marque uma entrevista em áudio e vídeo no Museu da Pessoa pelo e-mail contesuahistoria@museudapessoa.net ou envie seu texto para milton@cbn.com.br
Tenho andado pelo centro de São Paulo, em especial no que conhecemos por centro velho: praça João Mendes, praça da Sé, Largo São Francisco. Ali, tudo está muito próximo. E cada lugar com sua característica e peculiaridade. Todos imponentes: Catedral da Sé, Faculdade de Direito, Teatro Municipal. Tem ainda outros prédios que guardam na arquitetura a lembrança da São Paulo antiga e memorável. Será que os cidadãos que passeiam por ali têm ideia do significado desse patrimônio? Imagino que um estudante de arquitetura, sim. Em sua mais nova experiência de traçar as linhas para uma cidade contemporânea, deve ficar encantado e deslumbrado com tais monumentos, preciosos.
A Catedral Metropolitana, conhecida por Catedral da Sé, foi inaugurada em 1954, nas comemorações do quarto centenário de São Paulo. Passou por restauro, em 2002, respeitando as características originais da construção. Historiadores dizem que a Catedral é das maiores igrejas em estilo neogótico do mundo. Ali, nos jardins da praça, também fica o monumento “Marco Zero”, o ponto central da cidade. Para as famílias católicas há no entorno lojas especializadas em arte sacra que vendem diversos santos em gesso e vinho canônico.
O que dizer da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, ou a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, ou ainda “Arcadas” em alusão a arquitetura. Chama atenção até dos mais apressados, é impossível passar pela frente e não fazer uma foto para registrar esse pedaço da história. A faculdade foi criada pela lei imperial em 11 de agosto de 1827, poucos anos depois da Proclamação da Independência, para mais tarde ser incorporada pela USP. É considerada a faculdade mais antiga de Direito no Brasil. Inicialmente quem estudava no Largo São Francisco eram os governantes e administradores públicos.
Minha curiosidade foi até o Teatro Municipal, que está maravilhoso, imponente. Exala cultura, glamour e história. O teatro surgiu para suprir a necessidade da elite paulistana, formada pelos “Barões do Café”, que exigia um local de alto padrão nos moldes europeus para abrigar os espetáculos e óperas da época. O arquiteto responsável pelo projeto foi Francisco de Paula Ramos de Azevedo, que, por sua vez, foi homenageado emprestando o nome à Praça Ramos de Azevedo.
Sem dúvida, há inúmeros outros locais a serem visitados por essa região: Mosteiro de São Bento, Pateo do Collegio e Mercado Central, entre tantos outros igualmente importantes para a história da cidade.
Quem sabe me atrevo a descrever alguns desses outros pontos em um próximo post. Enquanto isso não acontece, deixo minha sugestão para quem estiver passeando na cidade ou visitando o centro da Capital: conheça estes pontos e busque informações que mostrem o real valor de cada prédio, que vai além da beleza arquitetônica. Inclua as crianças que terão uma aula da história do Brasil e do desenvolvimento de São Paulo.
Dora Estevam é jornalista e escreve sobre moda e estilo de vida aos sábados, no Blog do Mílton Jung
Na época, com dez anos, iria fazer o “vestibular” para o Ginásio tendo aulas de reforço de Português e Matemática (acho que eram as matérias solicitadas). Aluno do Caetano de Campos, escola estadual, então na Praça da República (sem a fama que depois lhe foi imposta), saia duas vezes por semana em direção à Praça da Sé, onde teria as aulas.
Como tínhamos tempo, no gramado do prédio dos Matarazzo, onde hoje é a sede da Prefeitura, marcávamos o gol com nossas mochilas (de couro e sempre muito pesadas), a bola de meia e, sem medo de nenhuma violência externa, a não ser as discussões próprias do jogo, fazíamos nossas peladas. Eu joguei bola nos jardins da prefeitura.
Ah, sim, por oportuno, convém lembrar que na praça da Sé, havia um grande telão (atenção, não tínhamos transmissão de TV, evidentemente), com o campo desenhado e, conforme o locutor transmitia o jogo, com imã a bolinha era deslocada (se não me engano pelo Atílio Ricó) e nós víamos o jogo da Copa.
É mole?
Nivaldo Cândido de Oliveira Júnior é personagem do Conte Sua História de São Paulo. Conte você também mais um capítulo da nossa cidade, escreva para milton@cbn.com.br e comemore os 459 anos de São Paulo.
A proliferação de pombos no centro de São Paulo desagrada até moradores de rua. A Secretaria Municipal de Saúde tem política de controle populacional dos pombos de rua? – pergunta do autor das fotos e colaborador do Blog do Mílton Jung, Devanir Amâncio.
Depois da Catedral da Sé e Páteo do Colégio, os moradores de rua doentes que ficam deitados na praça são os mais fotografados – com certa compaixão – por turistas estrangeiros. Para cobrar providências das autoridades para esta questão social de saúde pública, ongs e organizações estudantis realizam na Praça da Sé , no dia 30 de setembro, às 10 horas, o “Grito Pela Vida, Hospital do Crack Já!”
Se na nossa seara cumplicidade campeasse, e traição rareasse.
Se a dor tivesse um botão para que a gente a controlasse, e a lágrima rolasse solta sempre que a gente dela precisasse.
Se a comunicação fosse sempre certeira, e a gente se percebesse.
Se fosse possível dizer tudo aquilo que se sente, olho no olho, e se a carne fosse forte, a mente inteligente e o coração a acompanhassem.
Se a distância não separasse, a proximidade não desgastasse, e um no outro a gente acreditasse.
Se a espera não afligisse, a frustração não paralisasse, e da esperança a gente pudesse ver a face.
Se irmãos se apoiassem, e amadas e amados fossem cúmplices e não culpados.
Se remédio curasse, a doença afastasse, e a gente, forte, a vida tocasse.
E se a gente usasse o se a nosso favor e deixasse de lado a resistência ao que não dá para mudar, e estivesse sempre disposto a transformar em si, sempre e só em si, o que é possível melhorar e vivesse a vida assim, dia a dia, hora a hora, perdendo às vezes o rumo por ter os olhos na lua sem ver um passo adiante, mas não perdendo a disposição de levar a viagem avante.
E a gente levasse a vida não como tarefa a ser cumprida, mas como grande aventura emocionante e divertida, com bandeirada na chegada e pegadinha na partida?
Apenas se.
Maria Lucia Solla é terapeuta, professora de língua estrangeira e realiza curso de comunicação e expressão. Aos domingos, escreve no Blog do Mílton Jung