Por Maria Lucia Solla

Criador de tudo o que me rodeia e do que está dentro de mim; tu que não conheço, mas que intuo e reconheço em cada porção de tua Criação; que ouço na respiração tranquila dos filhos que dormem, que fazem meu corpo tremer e meu coração se espreguiçar. Que criou uma flor tão linda, que povoa o meu jardim e, sem guarda, se oferta jorrando beleza indescritível, perfeição de transparência, oferecendo vida e morte, para renascer depois e sempre.
Senhor, unge-me com gotas desse desprendimento. Não peço e nem poderia pedir emprestado seu perfume ou beleza, mas me encanta o seu dar-se, o entregar-se sem medida, mesmo em vida tão breve. A mim servirá, e eu anseio.
Faz com que eu não arraste os minutos, Senhor, mas que os viva intensamente. Faz com que meu sorriso se misture a lágrimas, que eu saiba deixar espaço para a esperança se instalar enquanto a desesperança vem se servir de mim. Que eu critique menos e compreenda mais, que me curve para não quebrar e que esteja preparada hoje e sempre para amar.
Enquanto peço isto e aquilo, minha alma abre espaço pelo emaranhado do ego e jorra gratidão, por onde passa. Gratidão pela vida. Ponto.
Senhor, doma pensamento e medo, que brotam feito mato na minha mente que mente, se espalhando como inço, alimentando-se de nacos preciosos do que sou.
Enfim, Senhor, se é da tua alçada direta, me protege de mim.
Maria Lucia Solla é professora, realiza oficinas de Desenvolvimento do Pensamento Criativo e de Arte e Criação. Aos domingos escreve no Blog do Mílton Jung