Avalanche Tricolor: Não inventem, sejam criativos

 

Grêmio 1 x 2 Fluminense
Brasileiro – Olímpico

Faltam ainda 15 minutos para o fim da partida. Começo a escrever antes de assistir ao fim do jogo porque pouco deve mudar até lá. Porque mesmo que mude, nossos problemas não estarão resolvidos.

A superação que sempre nos marcou talvez tenha escondido nossas carências e, provavelmente, nos iludirá caso a vitória ou o empate (já nos contentamos com pouco) seja alcançado.

As dificuldades para tratar a bola, a inexistência de soluções no elenco, a insegurança daqueles que costumam render muito mais e a incapacidade de alguns jogadores, seja por questões técnicas, físicas ou de espírito, impedem uma reação.

O passe melhorou com o retorno de Souza no segundo tempo. Até ali ninguém em campo se mostrava em condições – ou com desejo – de proporcionar uma situação melhor ao companheiro. O problema é que mesmo qualificando o meio de campo, quando a bola de Souza chega, chega para o Ninguém (assim mesmo, com letra maiúscula).

Nosso time está fora de campo, os jogadores que imaginávamos ser solução passaram o ano sofrendo com músculos, ligamentos, joelhos e ombros estourados. Por que tantos machucados ? Hoje, entramos em campo com parte do time reserva. Os dois jogadores de ataque saíram do banco para substituir uma dupla que não tem substituto no elenco deste ano.

O jogo termina, perdemos em casa – onde já fomos imbatíveis. Ainda fizemos um gol.

Paro de escrever, paro para pensar, paro e ouço o presidente do clube anunciar a demissão do técnico e do diretor de futebol. Simplesmente substituí-los não resolverá as dificuldades que encontramos nesta temporada, não irá recuperar nossas qualidades.

A persistirem os sintomas (e a forma como o clube tem sido dirigido até aqui) temo pelos substitutos que serão anunciados. Corremos o risco de soluções mágicas, da convocação daqueles nomes que tem história no clube, mas não tem conhecimento técnico, de enganadores que se vendem como milagreiros.

Uma faixa no fundo do campo que cobria parte da torcida na arquibancada dizia: “Tem que deixar a alma em campo”. Não nos enganemos mais uma vez. Apenas a alma, apenas nossa história e apenas a saída do técnico e do diretor de futebol não recuperarão o nosso futebol.

É preciso inteligência e criatividade.

Avalanche Tricolor: Além do próprio Grêmio

 

Fluminense 2 x 3 Grêmio
Copa do Brasil – Maracanã

Jonas surgiu rápido dentro da área, driblou um, driblou dois e cortou três de uma só vez. Jonas disparou para receber fora do alcance dos dois zagueiros, parou, sapateou, olhou e deslocou o goleiro. Douglas correu na diagonal, em direção à área, ignorou a água no gramado, passou por um, passou por dois e limpou a jogada.

Em um lance e noutro – e no outro, também -, a bola foi parar dentro do gol adversário, em uma noite em que o Grêmio foi muito além do próprio Grêmio. O Brasil acostumado ao lugar-comum do time guerreiro, de raça e lutador, talvez tenha tido dificuldade para entender o que levou o Imortal à vitória no Maracanã.

Vencermos com um a menos, não nos surpreende mais. Mesmo que este “a menos” seja o Patrão da Área, Rodrigo, o zagueiro que dá consistência à nossa defesa. Convenhamos, para quem já venceu um campeonato com apenas sete….

Foi a categoria de um time que vem sendo construído pouco a pouco, o talento de jogadores habilidosos e experientes, a personalidade de jovens que não se intimidam com o grito de uma torcida inteira no maior estádio do mundo (nem a cara feia de um técnico mal-humorado ao lado do campo). Todos estes elementos se somaram a mística que faz parte da nossa história.

Em noite de inspiração, Silas deu seu drible ao manter dois atacantes quando nos faltava um defensor e mostrou que pode ser ousado. Termina a primeira metade das quartas-de-final com o melhor desempenho de todos os oito participantes.

Jogamos com personalidade, inteligência e, sim, muita garra, pois este sentimento está impregnado em nossa camisa, nosso Manto Tricolor.

E pensar que domingo tem Gre-Nal !

Avalanche Tricolor: Um time se constrói

 


Grêmio 4 x 1 Inter SM
Gaúcho – Olímpico Monumental

Foram 13 finalizações, quatro gols marcados, somente dois chutes contra e apenas cinco minutos para decidir o jogo e se habilitar a primeira final da temporada, domingo que vem, quando estará em disputa o 1º turno do Campeonato Gaúcho. Estes são os números que resumem a história de mais uma vitória do Imortal Tricolor diante de sua torcida e embaixo de um insuportável calor que fez o time impor ritmo despretensioso no segundo tempo.

Mesmo assim haverá críticas ao fato de, em mais uma partida, termos tomado um gol, o décimo-quarto em 11 disputadas neste ano. Lembrarão que em praticamente todas o time saiu em desvantagem(e virou o placar na maioria, mas isto não parece ser levado em consideração). E, claro, alguém colocará em dúvida a capacidade do técnico Silas comandar o Grêmio (até concordo que ainda terá que mostrar muito mais até convencer a todos).

No jogo dos números se esquece de olhar a alma de uma equipe, o movimento de seus jogadores, o esforço medido de acordo com a necessidade de cada momento e o olhar cúmplice de colegas que estão juntos há pouco mais de um mês. Não aparece o carrinho para buscar a bola que escorrega pela lateral, a dividida com o adversário que arrisca a própria integridade física para não perder a jogada e coloca em risco a sequência no campeonato ou a troca de passe qualificada, com velocidade e para frente.

Foram nessas cenas que apareceram isoladas nos 90 e poucos minutos da partida – a maioria jamais será reprisada na transmissão da televisão – que a história de um time se constrói. E foram elas que me chamaram atenção nesta noite infernal (34º) no estádio Olímpico em que os torcedores cantaram e aplaudiram quase o tempo todo, pois identificaram – assim como eu – que algo de muito bom está para acontecer neste ano.

Os gols de Rafael Marques, Borges (11 em 11 jogos), Fábio Rochemback e Hugo apenas ilustraram o que o Grêmio fez em campo, serviram para abrir os olhos de quem comenta com o preconceito e a desconfiança – estes sentimentos que, historicamente, encaramos e somos obrigados a superar a todo momento.

Domingo que vem – pouco me interessa quem será o adversário – estaremos em campo mais uma vez para mostrar que há um amadurecimento e estamos a caminho de um grande conquista. Que pode ocorrer daqui uma semana ou no decorrer do ano, mas que irá ocorrer. Temos um time.