Palestras: acreditar que tudo está sob controle é a receita para o desastre

Acabo de revisar a palestra que farei nesta quinta-feira em um evento na cidade de Itu, interior de São Paulo. Um grupo de líderes e gestores de uma empresa estará reunido para discutirmos o tema da comunicação, uma competência essencial para quem ocupa postos de comando.

Usei o verbo revisar porque esta palestra, com ajustes e adaptações, foi apresentada recentemente a outro grupo de profissionais. Apesar de dominar o tema e de já ter levado aos palcos um roteiro muito semelhante, nunca me atrevo a seguir para um novo compromisso sem revisar os slides, repensar as mensagens, refazer as conexões que dão dinâmica à apresentação e refletir sobre as histórias e casos que serão compartilhados. Sempre há a possibilidade de perceber que algo precisa ser alterado para tornar o assunto mais próximo do público. Mesmo que isso pareça exagerado, sobretudo para quem realiza palestras há 25 anos, acreditar que tudo está sob controle é a receita perfeita para o desastre.

Precisamos aprender com os mestres dessa arte, e um dos nomes mais ilustres é Steve Jobs, que transformava os lançamentos dos principais produtos da Apple em espetáculos, graças a apresentações memoráveis. Ele ensaiava exaustivamente cada detalhe: ajustava slides, transições e até mesmo a entonação da voz.

Na mais bem escrita biografia sobre o criador da Apple, o autor Walter Isaacson relata o preciosismo quase irritante de Jobs ao descrever os preparativos para o lançamento do icônico Macintosh, no auditório Flint do De Anza Community College, em Cupertino, em 1984. Entre tantas exigências, Jobs estava descontente com a iluminação e fez John Sculley, então presidente executivo da Apple, sentar em diversas cadeiras no auditório para dar sua opinião enquanto ajustes eram feitos. Jobs queria que as linhas do computador revolucionário se destacassem no palco. Foram cinco horas de ensaios e modificações, às vésperas da apresentação, para, no dia seguinte, Sculley ouvir de Jobs: “Estou supernervoso. Você é provavelmente a única pessoa que sabe como estou me sentindo.”

Se Steve Jobs ficava tenso, mesmo depois de tantos preparativos para sua palestra, por que eu, você ou qualquer um de nós levaríamos ao palco a prepotência de acreditar que está tudo sob controle?

Vamos falar de palestras no curso de comunicação

Como nos prepararmos para palestras é um dos muitos temas que discutiremos na Certificação Internacional de Comunicação Estratégica para Ambientes Profissionais, que se inicia neste sábado, dia 30 de novembro, com a WCES.

Junte-se a nós: https://lnkd.in/epZKNwY7

Ele não aprova as invenções de Steve Jobs

 

Por Milton Ferretti Jung

Maria Helena e eu adquirimos o nosso primeiro computador, um Compaq, em 1996. Comprei-o sem sequer atentar para o fato de ele já ter sido manuseado por outros clientes da loja, porque estava em exposição e liberado para ser testado. Foi um erro, mas, felizmente, sem conseqüências. PCs têm de chegar virgens às mãos de seus compradores. A primeira providência que nós dois tomamos foi contratar um provedor para que, sem demora, pudéssemos nos transformar em navegadores da internet. O computador passou daí para a frente a fazer parte das nossas vida. Não podemos viver sem um deles. Ou melhor, mais do que um. Afinal, por isso os chamamos de Personal Computer. Depois do Compaq, com sua memória fraquíssima, parentes bem mais poderosos o substituíram, com acréscimos de periféricos e outros que tais, como é normal.

Para quem vem acompanhando os avanços tecnológicos dos últimos tempos, mesmo sem ainda ter adquirido algumas das maravilhas que estão no mercado e às quais se somam outras num piscar de olhos, causa espanto que existam pessoas avessas às modernidades. E que não se envergonham de confessar a sua recalcitrância. Fosse eu um desses, poria minha violinha no saco. Li num jornal gaúcho o texto produzido, provavelmente num PC, por um cavalheiro que não aprova as invenções de, imaginem, Steve Jobs. Ninguém é obrigado a ter iPhone,iPod e iPad. Estes aparelhos, que tanto facilitam a vida da gente, seja no trabalho, seja no lazer, ainda não são baratos. Escrever, porém, que essas maquinazinhas e outras, como o telefone celular, tiram a concentração dos aluno, transformando-se em tormento para os professores, é um baita exagero. Os alunos perdem a concentração na sala de aula quando os professores são muito chatos.

Sim, os avanços tecnológicos têm preço. Quem disse que não tinham. Já não concordo que, com um iPhone, por exemplo, as pessoas deixem de apreciar, num parque, o que existe de belezas naturais e andem como se fossem zumbis. Não entendo que, quem destesta novidades como as citadas, se atreve a criticar aquilo que não conhece. E não sabe sequer porque os nomes da agenda de celulares com touch screen deslizam tão rápidos que mal consiga os acompanhar.


Milton Ferretti jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)