Sistema de saúde em estado crítico

 


Por Milton Ferretti Jung

 

O Sistema Único de Saúde,conforme imagino, não goza da simpatia da maioria dos brasileiros que dele precisam, não só para se tratar de pequenos males,mas até dos capazes de pôr em risco a sobrevivência dos doentes. Nós,jornalistas,estamos mais acostumados a criticar o SUS do que a o elogiar. Aliás,chego a duvidar se poderíamos achar alguma coisa partida dele merecedora de louvor. Nesta semana,os jornais de Porto Alegre,com repique nos noticiários televisivos e radiofônicos,informaram que,em protesto,hospitais que atendem pelo famigerado Sistema,cancelaram esse tipo de serviço. Pensei, de imediato,nos inúmeros brasileiros que seriam prejudicados em consequência da interrupção.

 

Apenas aqui no Rio Grande do Sul,a previsão era de que 5 mil procedimentos, no mínimo,deixariam de ser efetuados. Terão sido todos os pacientes avisados com antecedência acerca da remarcação das consultas,exames e cirurgias já agendados? Talvez sim,talvez não. Só no RS, a Federação das Santas Casas e hospitais Beneficentes,Filantrópicos, afetadas pela desmobilização pontual, reúne 245 estabelecimentos. O “consolo” é que as pessoas necessitadas de auxílio emergencial serão atendidas.

 

Desta vez,porém,não há como colocar a culpa pela ausência de atendimento nos hospitais. A paralisação faz sentido. Como sobreviver atuando em defesa da saúde pública se,para cada R$100 gastos por esses estabelecimentos,o repasse recebido do SUS,leia-se Governo,é de R$65? Estados e municípios,com R$35,cobrem o restante,de acordo com as instituições. Convém não esquecer que os médicos são mal pagos,tanto os que servem ao SUS quanto os que trabalham para os planos de saúde. A propósito,recomendo aos leitores do blog do Mílton (os que não leram a edição de terça-feira),que deem uma olhada no texto em que ele escreve sobre um médico cardiologista que conheceu em Nova Iorque,o Dr.Evan Levine. Os doutores americanos,segundo Levine,também se queixam dos planos de saúde. Mas leiam a história contada pelo Dr.Levine ao meu filho. Eu fico por aqui.

 

Clique aqui para ler o artigo “Nos EUA, seu cão rende mais ao médico do que o ser humano”

 


Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele).

O sistema é único, a saúde é lamentável

 

Por Milton Ferretti Jung

 

Nós, brasileiros, já nos acostumamos a ler, ver na televisão e ouvir nas emissoras de rádio, com indesejável frequência, críticas aos mal afamados serviços do SUS. Muitas pessoas, embora necessitem deles às vezes com urgência, nem sequer sabem o significado da sigla. Permitam-me reproduzir o que a Wikipedia, a enciclopédia livre, postou sobre o meu assunto desta quinta-feira:

 

O Sistema Único de Saúde (SUS) é a denominação do sistema público de saúde brasileiro, considerado um dos maiores sistemas público de saúde do mundo, segundo informações do Conselho Nacional de Saúde. Foi instituído pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 196, como forma de efetivar o mandamento constitucional do direito à saúde como “um direito de todos” e “dever do Estado” e está regulado pela Lei nº8.080/1990, a qual operacionaliza o atendimento público da saúde.

 

O SUS, porém, não é bem o que está escrito acima. Quem se obriga a aguardar até por mais de ano por uma consulta, quem precisa ser internado, mas depende para tal da existência de vaga, quem frequentemente precisa de cirurgia, quem, afinal, não dispõe de planos de saúde particulares,que são caríssimo, necessita contar com a sorte para atingir o objetivo que deveria estar, de fato e de direito, ao alcance de todos.

 

Nesta semana, um cidadão idoso, cardiopata, buscou atendimento do SUS. E morreu na fila de um hospital. Outro exemplo de péssimo atendimento foi o de Alex Gabriel Labres, 23 anos, internado desde 3 de janeiro no Hospital Bruno Born, em Lajeado, no Rio Grande do Sul. Espera por cirurgia porque, em acidente de moto, perdeu parte do osso do joelho da perna direita. O hospital lajeadense não possui traumatologista e Labres teve de aguardar por decisão judicial que possibilitará sua internação em estabelecimento capaz de realizar a operação, sem a qual o jovem pode perder a perna.

 

Episódios lamentáveis como os relatados demonstram que a lei, em se tratando do SUS, é descumprida descaradamente. É, pelo jeito, mais fácil fazer demagogia com bolsas disso e daquilo do que cuidar da saúde dos pobres.

 


Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)