Mundo Corporativo: Renata Muramoto, da Deloitte, alerta para as barreiras da transformação digital

Renata Muramoto no estúdio de podcast da CBN Foto: Priscila Gubiotti

“As empresas não podem fazer digital. Elas precisam ser digitais.”
Renata Muramoto Deloitte

Transformar uma companhia não significa apenas adotar ferramentas tecnológicas. A mudança é mais profunda: passa por estratégia, cultura e pessoas. Esse foi o ponto central da conversa com Renata Muramoto, sócia-líder de consultoria da Deloitte no Brasil, no programa Mundo Corporativo.

Para ela, o primeiro passo está em responder à pergunta fundamental: “qual é a razão de ser da empresa?”. Só a partir daí é possível definir como a tecnologia vai servir melhor ao cliente, trazer eficiência e até contribuir para a sustentabilidade do negócio. “A tecnologia tem que permear a estratégia das organizações. Isso precisa acontecer de forma tão natural que você nem perceba que ela está ali.”

O desafio cultural

Mesmo com a rápida evolução tecnológica, muitas empresas não conseguem acompanhar esse ritmo. Muramoto explica que “a principal barreira não é a tecnologia, é cultural.” Segundo ela, a liderança já está convencida sobre a importância da transformação digital, mas a média gerência e os profissionais formados em estruturas muito especializadas ainda enfrentam dificuldades.

A executiva lembra que o avanço das máquinas não elimina o papel das pessoas. Pelo contrário: “A tecnologia vai substituir tarefas operacionais e analíticas, mas o ser humano será cada vez mais responsável por criar, inovar e transformar.”

Competências do futuro

O impacto também se reflete no perfil dos profissionais. “Para o futuro, é muito importante resiliência, agilidade e pensamento crítico”, afirma Muramoto. O uso intensivo da tecnologia, segundo ela, pode levar à acomodação, reduzindo a criatividade e a capacidade de análise. Por isso, destaca a necessidade de manter o estudo contínuo e de valorizar a experiência prática.

“Você tem muita tecnologia disponível para estudar, mas não pode ignorar o conhecimento que vem das interações. É preciso ouvir mais do que falar, porque isso faz com que você aprenda muito mais.”

Ao olhar para os próximos cinco anos, Muramoto acredita que a transformação será ainda mais disruptiva, com a entrada de novos competidores em setores tradicionais. “Não será apenas a empresa de hotel que vai mudar a hotelaria ou a de mobilidade que vai transformar o transporte. São empresas de tecnologia que assumem esse papel.”

Assista ao Mundo Corporativo

O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã, pelo canal da CBN no YouTube. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN, e aos domingos, às 10 da noite, em horário alternativo. Você pode ouvir, também, em podcast.

Colaboram com o Mundo Corporativo: Carlos Grecco, Rafael Furugen, Débora Gonçalves e Letícia Valente.

Blockchain revoluciona as compras públicas com mais transparência e segurança 

Por Marcus Vinícius Siqueira Dezem 

De acordo com pesquisa publicada há algumas semanas[i] pela Business Research Insight, o tamanho do mercado global de ferramentas de compras governamentais era de US$ 500 milhões em 2021 e, em 2032, deverá chegar a US$ 1,1 bilhão, o que representa uma taxa de crescimento anual de 7,99% no período.

Um dos motivos para isso é a utilização do blockchain, tecnologia em que cada registro ou transação é agrupado em blocos encadeados criptograficamente em uma cadeia linear. Segundo o relatório, a tecnologia blockchain tem ganhado força entre essas ferramentas: “à medida que os governos cada vez mais abraçam a transformação digital, a adoção do blockchain nos processos de compras cresceu”.   

O blockchain traz segurança, transparência e torna alterações impossíveis, sem a necessidade de um intermediário centralizado, aumentando a confiança entre as partes — características fundamentais para transformar diversas áreas da administração pública, principalmente em atividades que demandem controle, fiscalização e auditoria.  


Por essa razão, para identificar as áreas de aplicação de blockchain e de livros-razão distribuídos (Distributed Ledger Technology – DLT) no setor público, o Tribunal de Contas da União (TCU) realizou levantamento de auditoria, com o detalhamento dos principais riscos e fatores críticos de sucesso, além dos desafios para auditoria e controle (Acórdão nº 1.613/2020). 

Como destaca o relator do processo no TCU, ministro Aroldo Cedraz, “a característica descentralizadora das tecnologias blockchain e DLT pode acelerar a transformação digital do Estado, uma vez que a possibilidade de realizar transações autenticadas sem a necessidade de uma autoridade central facilita a implementação de serviços públicos digitais orientados ao cidadão”.  
  
Apesar dos benefícios, a adoção de blockchain pelos órgãos e entes da administração pública ainda enfrenta obstáculos, dada a falta de regulamentação governamental, o baixo número de profissionais com pleno domínio dos aspectos técnicos e riscos relacionados à segurança da informação.  
  
Não obstante as dificuldades, há iniciativas relevantes de utilização da tecnologia blockchain no campo das licitações e contratações públicas.  
  
Destaca-se, nesse sentido, a Solução Online de Licitação (SOL), um aplicativo para licitações, desenvolvido pelos Governos da Bahia e do Rio Grande do Norte, com apoio do Banco Mundial, que permite às organizações beneficiárias dos Projetos Bahia Produtiva (BA) e Governo Cidadão (RN) realizarem licitações para a compra e/ou contratação de bens, serviços e obras. Mais de 4 mil contratos foram efetivados pela plataforma, o que equivale a mais de R$ 30 milhões movimentados.  
  
Outro exemplo é a criação do Portal Nacional de Contratações Públicas pela nova Lei de Licitações (Lei Federal nº 14.133/2021), que tem por objetivo a concentração da divulgação dos principais atos procedimentais das contratações públicas em todo o território nacional. A ferramenta poderá ser decisiva para viabilizar a posterior adoção de blockchain nas contratações públicas por meio de uma possível integração com a Rede Blockchain Brasil (RBB), lançada em 2022, pelo TCU e pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).  
  
Observa-se que, pelas próprias dificuldades acima elencadas, a implementação da tecnologia blockchain no âmbito das contratações públicas deverá ocorrer paulatinamente, de acordo com as etapas do procedimento licitatório adotadas dentro da nova lei brasileira de licitações.  
  
Evidentemente, será necessário implementar metodologias no campo tecnológico computacional, promover a formação de profissionais multidisciplinares para aplicação e manutenção da tecnologia, bem como desenvolver e estabelecer parâmetros para a programação de contratos administrativos no formato smart contract.  
  
Dada essa complexidade, metodologias de criação de soluções como o Legal Design podem ser essenciais para o mapeamento dos problemas, elaboração de proposição de soluções efetivas, forma dos procedimentos, acesso às informações e experiência do usuário.  
  
Durante essa fase de design, uma análise de custo-benefício pode ser conduzida pela administração pública avaliando o emprego da tecnologia blockchain e suas várias configurações, considerando as atuais modalidades de processos de licitação.  
  
Em conclusão, a adoção de blockchain nas contratações públicas apresenta desafios, mas oferece significativos benefícios no que concerne à transparência, eficiência e segurança dos dados e informações. A implementação gradual, aliada a metodologias como o Legal Design, será essencial para superar obstáculos e maximizar os ganhos em governança e controle, pavimentando o caminho para uma administração pública mais moderna e orientada ao cidadão.  
  
Marcus Dezem é advogado especialista em Direito Público e Urbanístico do VBD Advogados.  

[i] https://www.businessresearchinsights.com/market-reports/government-procurement-tool-market-108844 

Mundo Corporativo: Reynaldo Naves, da Olivia, sugere narrativas disruptivas para que pessoas e empresas mudem

Reynaldo Naves no estúdio do Mundo Corporativo da CBN, em foto de Priscila Gubiotti

Falar de como a tecnologia impacta a sua vida é “chover no molhado” — perdão por usar uma expressão de uma época em que as mudanças ocorriam de forma bem mais lenta do que atualmente. Todos sabemos como nosso cotidiano, nossas relações, nosso trabalho e nossas empresas estão passando por uma enorme migração diante da transformação digital. A despeito disso, se a ideia é acompanhar esses processos toda e qualquer organização tem de focar suas ações no desenvolvimento das pessoas. Quem fez esse alerta foi Reynaldo Naves, sócio e gestor da Olivia, no Brasil, consultoria internacional especializada em transformação organizacional.

“É preciso fazer o que chamamos de ‘twin transformation’ que é fazer a transformação digital, fazer a transformação focada em sustentabilidade a partir das pessoas, porque no dia a dia, para as coisas acontecerem, é que a cultura aparece. Então, se você não tiver uma orquestração da tua visão, dos teus serviços e da tua arquitetura a cultura que se instala  pode estar desbalanceada”. 

Na entrevista ao programa Mundo Corporativo, da CBN, Reynaldo explicou que o risco de a estratégia e a cultura estarem desconectadas  é o de as pessoas não verem sentido nas mudanças e quando isso ocorre os colaboradores tendem a produzir menos e os talentos vão embora.

“Esse é o grande paradigma. A gente tem que perceber que a estratégia — esse como e onde a gente chega — não pode estar desconectada de comportamentos coerentes, consistentes e congruentes com isso”.

A proposta da Olivia, de acordo com Reynaldo, é buscar formas disruptivas nos projetos de transformação organizacional a partir da criação de narrativas inspiradoras, simples e objetivas. Para ele, a complexidade do mundo já é grande demais diante de tantas ferramentas e soluções que surgem a cada instante — ciência de dados, inteligência artificial e internet das coisas, por exemplo. É preciso identificar o que realmente é importante para a organização, sem a tentação de querer repetir fórmulas criadas para outras realidades. Na conversa que tivemos antes do programa se iniciar, Reynaldo havia comentado que uma das coisas que mais o incomoda é quando o gestor o procura e anuncia: “quero implantar a cultura do Google na minha empresa”.  Vai dar errado, diz ele! Você não é o Google!

“Cultura não se copia. E a outra coisa é que quando você tem essa narrativa a forma como você faz as pessoas vivenciarem essa mudança ela tem que ser vivencial, ela tem que ser inesquecível” 

Repetindo o ensinamento de um dos maiores especialistas em cultura organizacional, o americano Roger Connor — “change the culture, change the game”-, Reynaldo defende que as experiências implantadas nas empresas têm de ser disruptivas porque assim consegue-se mudar as crenças que mudam os comportamento que fazem com que você haja de forma diferente alcançando resultados diferentes: 

“Essa é a grande sacada do processo que é a partir das pessoas alavancar a tua estratégia e não top-down”.

Sim, é de baixo para cima, mas o líder é fundamental para que as mudanças aconteçam. Apesar de o processo ser bem estruturado para que as pessoas atuem na transformação, Reynaldo lembra que é “na última milha” que o sucesso se realiza. Um espaço que sequer tem um script, porque é o espaço do exemplo: 

“O sucesso de uma transformação é, quando um líder tem um plano na mão, o como ele faz isso, o como ele engaja ou o como ele escuta ou o como ele coloca no ar a contribuição dos outros”.

Quando tratamos de transformação organizacional não falamos apenas das grandes corporações. As mudanças se fazem necessárias em empresas de todos os tamanhos. Por isso, pedi para Reynaldo deixar sugestões a pequenos e médios empresários interessados em sobreviver ao atropelo causado pelas novas tecnologias e as mudanças de comportamento:

  1. A sua empresa é o seu exemplo: esteja conectado no comportamento que atrai clientes para crescer; crie um código de conduta; e mantenha a coerência entre o que diz que faz e o que realmente faz;
  2. Invista em tecnologia: existem soluções para pequenos negócios; invista em tecnologia de gestão da empresa para ter os dados
  3. Saiba se o cliente está satisfeito: ao fazer isso, não tome decisão sozinho, converse com o pessoal que está na linha de frente, veja se eles entendem o cliente, quais problemas que eles tem com os clientes e, a partir disso, faça as mudanças necessárias.

Para entender mais sobre como fazer as transformações no seu negócio para estar adaptado às demandas atuais, assista à entrevista completa com Reynaldo Naves, da Olivia:

O Mundo Corporativo tem as participações de Renato Barcellos, Letícia Valente, Priscila Gubiotti e Rafael Furugen.

Mundo Corporativo: maior velocidade na transformação digital acrescentaria ao PIB mais de R$ 1 trilhão, diz Tatiana Ribeiro, do MBC

“Transformação digital é todo o processo desde a digitalização mesmo, acessos a negócios, utilização de ferramentas para isso e, também, tem todo o lado que está relacionado à mudança de cultura” 

Tatiana Ribeiro, Movimento Brasil Competitivo

A grande indústria que estuda a implantação da inteligência artificial,  a startup que nasce no ambiente virtual ou o armarinho do bairro que se relaciona com seus clientes pelo WhatsApp. Cada um a seu modo e do seu tamanho enfrenta os desafios da transformação digital, tema que motivou o Movimento Brasil Competitivo a convidar a Fundação Getúlio Vargas para estudar o impacto dessas mudanças na produtividade e no crescimento econômico. Tatiana Ribeiro, diretora executiva do movimento,  em entrevista ao Mundo Corporativo, foi quem nos apresentou o potencial que o país têm a medida que entenda a importância de criar condições para o investimento em transformação digital se acelere:

“É desafiador! A gente precisa avançar com mais velocidade, e isso poderia trazer para o Brasil um acréscimo de R$ 1,1 trilhão ao  PIB. Então, acho que isso é um indicador bastante importante para mostrar o potencial que isso tem de agregar pra economia”

A projeção tem como referência os resultados alcançados nos Estados Unidos, onde a ampliação da oferta digital nos últimos cinco anos, em média, foi de 7,1%. Aqui no Brasil, ficou em 5.7%. Ou seja teríamos de pisar fundo no acelerador. Para ficar com o pé mais no chão, a persistirem os atuais patamares brasileiros, conseguiríamos agregar coisa de R$ 300 bilhões no PIB — o que já é um bom dinheiro. 

Considerando os exemplos do primeiro parágrafo desse texto, percebe-se que a desigualdade digital brasileira se equipara a desigualdade social. Há um fosso que separa as indústrias que estão em estágios bastante avançados e outros tantos setores. A mesma FGV que atuou ao lado do Movimento Brasil Competitivo havia, anteriormente, realizado pesquisa em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial na qual mediu o nível de maturidade digital das micro e pequenas empresas: 

“Numa pontuação de até 100 pontos, elas estão ali na casa de 40 pontos. Inclusive já tem uma série histórica porque eles fizeram a mesma pesquisa em 2021 e 2022 e a evolução é muito pequena. Então, esse é um setor que a gente precisa olhar” 

Oportunidade de crescimento a vista. De emprego, também. De acordo com a pesquisa “Transformação digital, produtividade e crescimento econômico”, nos últimos cinco anos o número de empregos digitais teve crescimento de 4,9% em comparação às demais ocupações. Nem crise nem mudanças socioeconômicas foram suficientes para impedir, por exemplo, remuneração acima da média e melhor produtividade de trabalho. 

Só não avança mais porque falta gente bem preparada. Para ter ideia: a Confederação Nacional da Indústria identificou que serão abertas 700 mil vagas no setor de tecnologia até 2025. Tatiana explica que, considerando ensino profissional, técnico e superior, o Brasil forma, atualmente, apenas 50 mil pessoas por ano. Para os interessados, a dirigente sugere a presença em cursos de curta duração, de três a seis meses; o ensino técnico profissional; e, em uma terceira janela de oportunidade, a implementação do novo ensino médio que tem um itinerário formativo técnico e profissional.

A formação e a capacitação, percebendo as necessidades do mercado, com o governo interagindo localmente com o setor produtivo para entender as demandas regionais é uma das ações necessárias para que o Brasil aproveite o potencial de crescimento que a transformação digital nos oferece. Em um segundo passo é preciso trabalhar políticas estruturantes de suporte aos pequenos negócios, explica Tatiana:

“Eles são 99% das empresas do país e representam 30% da nossa economia, são responsáveis massivamente pela geração de empregos, e a gente precisa entender como apoiá-los de forma que realmente possam transformar e trazer muito mais eficiência para os negócios”.

Finalmente, há necessidade de políticas coordenadas do ponto de vista do setor público, a medida que temos uma série de atores e interlocutores que muitas vezes se sobrepõem ou duplicam esforços. Uma ação nesse sentido poderia minimizar um dos riscos que a transformação digital gera que é o abismo digital:

“A gente pensa por exemplo na conectividade. É fundamental que essa conectividade seja ampliada; que as escolas brasileiras de todo o país tenham acesso de qualidade para que os alunos possam usar isso como uma ferramenta de aprendizado”.

Para conhecer mais sobre o estudo realizado pelo Movimento Brasil Competitivo e FGV assista à entrevista completa de Tatiana Ribeiro:

O Mundo Corporativo tem as participação de Renato Barcellos, Letícia Valente, Rafael Furugen e Priscila Gubiotti.

Mundo Corporativo: Ricardo Triana, do PMI, apresenta 6 megatendências que vão impactar o planejamento do seu negócio e da sua carreira

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“Projetos são tão fundamentais na vida que é melhor preparar a que tenha conhecimento e habilidade para que se faça as coisas acontecerem e não fique apenas na ideia”

Ricardo Triana, PMI

Por acreditar na ideia de que qualquer coisa que acontece, acontece através de projetos e para que as coisas aconteçam de forma efetiva precisamos estar preparados, pesquisadores do PMI — Project Management Institute identificaram seis megatendências que impactam o futuro dos negócios. De acordo com Ricardo Triana, diretor-geral do instituto que reúne gestores de projetos do mundo todo, olhar os negócios, os investimentos e a preparação dos profissionais, a partir dos resultados dessa pesquisa, permitirá que organizações públicas e privadas reajam melhor diante dos desafios que surgirão no mercado.

“… coisas como a nuances demográfica ou a crise climática — você pode estar preparado ou não —, mas isso vai impactar a forma como você decide seus investimentos, como você prepara seu pessoal e atrai talentos”.

A seguir, listo as seis megatendências apresentadas pelo PMI com comentários que o Ricardo Triana fez durante entrevista ao Mundo Corporativo.

Disrupção digital — “é prioritário entender como Inteligência Artificial, como o Machine Learning,  etc, como essas coisas vão acontecer aqui. E não estou falando em entrar em web, não estou falando em criar um aplicativo. Estou falando de criar esse novo ecossistema de  trabalho e entender como funciona, porque não é o problema de definir algo que vai acontecer em dois anos, vai ser agora”.

Crise climática — “80% das empresas (no Brasil) usam material reciclável, quando normalmente, no mundo, a média é 67%; mas isso só não muda a crise climática. Você tem de começar a dizer, quando estou fazendo um investimento, quando estou fazendo uma planta, quando estou fazendo um projeto, como eu estou apoiando a redução da crise climática”.

Movimentos civis, cívicos e de igualdade — “85% das organizações estão acelerando seus programas de diversidade porque já perceberam que têm de fazer alguma coisa e isso não aconteceu por acaso, aconteceu porque existe uma pressão da sociedade para fazer isso … Quando (as pessoas) não são escutadas, existe uma pressão que impacta a economia”. 

Mudanças demográficas — “… temos mais pessoas velinhas que ficaram no trabalho e também temos mais jovens que estão entrando no mercado de trabalho. Temos que procurar como fazer que eles estejam compartilhando, sendo efetivos, transferindo o conhecimento, ter certeza de que esse conhecimento que as pessoas que têm mais experiência, mais anos na organização não está se perdendo. 

Escassez de mão de obra — “ … porque isso (mudanças demográficas)  também tem muito a ver com a escassez de mão de obra, porque quanto mais as pessoas ficam no mercado, maior a possibilidade de elas começarem a procurar outras oportunidades. Se não fizerem a transferência efetiva de conhecimento, se não estivermos preparando os jovens para darem resultando no dia um e não esperando por um plano de crescimento, de treinamento, etc, não serão efetivos os resultados”.

Mudanças econômicas — “Dos maiores medos que temos na América Latina, em particular no Brasil, é a economia … Um dos setores mais impactados (na pandemia) foi o de manufatura porque a cadeia de suprimentos foi impactada … 15% dos fabricantes de alguma peça de celular, tecnologia, etc, tiveram que interromper sua produção. O que você deveria estar pensando é como eu me preparo para que isso aconteça sem perder a globalização”.

Para se aprofundar em cada uma dessas megatendência e refletir melhor sobre como podemos estar preparados e planejar nossos próximos passos, na organização e na própria carreira profissional, assista à entrevista completa com Ricardo Triana ao Mundo Corporativo e aproveite as informações que estão disponíveis no site do PMI.

O Mundo Corporativo tem produção de Renato Barcellos, Bruno Teixeira, Débora Gonçalves e Rafael Furugen.

Mundo Corporativo: Ricardo Guerra, CIO do Itau, diz que a transformação digital começa na mudança de cultura da empresa

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“Aprender o que a tecnologia de hoje significa, como é que ela é utilizada, como é que ela faz parte do business, propriamente dito: esta é, sem dúvida nenhuma, o grande desafio para as empresas”

Ricardo Guerra, Itau

Sabe o cara da TI? Mudou de cara! Antes era o jovem que você chamava para dar um jeito no computador da empresa que estava lento, ajudar a baixar um programa e, quantas vezes, resolver uma questão crucial para começar o trabalho: “esqueci minha senha”.  Não que esse cara não esteja lá para dar aquela força, mas a tecnologia da informação, há muito tempo, mudou seu perfil: de área de suporte para a de estratégia.  Falei do assunto com Ricardo Guerra, CIO do Itau, instituição que atua no setor bancário um dos que sofreram maior impacto com a transformação tecnológica.

“Se voltarmos uns 20 anos, até menos, a tecnologia era vista pelas empresas como uma área de apoio. As empresas terceirizavam a tecnologia. Era uma grande fábrica de projetos. Eu tenho uma ideia e a tecnologia me entrega para que esta se torne realidade”

Das mudanças que surgiram, Ricardo pontuou o fato de as empresas terem passado a usar a tecnologia como vantagem competitiva, especialmente aproximando-a do cliente:

“ … para que a tecnologia entendesse qual o problema do cliente, onde estão as oportunidades e como é que ela trabalha para agregar valor pra organização no fim do dia”.

Toda esse progresso exige muito mais dos profissionais de tecnologia de informação. Um aprofundamento em temas que pareciam distantes da área como a antropologia, porque no momento em que se pensa em soluções para as pessoas é preciso entender o comportamento delas. O Ricardo, nosso entrevistado, assistiu a essa evolução dentro do próprio Itau, onde trabalha desde 1993. Para ter ideia, o grande passo tecnológico naqueles anos iniciais foi a implantação do primeiro site do banco na internet brasileira:

“Foi em 1995. Foi uma experiência incrível, porque foi uma inovação tecnológica gigantesca para gente. Não tínhamos o conhecimento para isso. Muitos de nós, tiveram que parar para estudar que tipo de tecnologia a gente estava falando. Era desconhecido! Tivemos que parar para profissionalizar o uso da internet para que a gente pudesse levar isso até o cliente. Foi um momento de carreira muito interessante de muito aprendizado”.

A complexidade da transformação tecnológica — termo usado pelo Ricardo na nossa conversa —- impõe desafios aos líderes que estão à frente das equipes de trabalho, como é o caso dele que assumiu o cargo mais alto na área da tecnologia do banco, o de Chief Information Officer. Na entrevista, o CIO do Itau identificou três ações importantes que os líderes devem realizar. O primeiro movimento foi uma mudança de metodologia de trabalho mais ágil, mais integrado, mais colaborativo e mais próximo do cliente e do negócio. Apenas com essa mudança cultural foi possível dar o segundo que foi um processo mais agressivo de mudança tecnológica. E o terceiro passo foi a integração da tecnologia com as diversas áreas do negócio.

“E tudo isso embasado por uma grande mudança cultural de empoderamento, de menos hierarquia, de mais leveza no trabalho. Aqui tem uma série de elementos de mudança de ambiente de trabalho, de mudança de como os líderes falam e incentivam as pessoas, inspiram as pessoas”.

No começo da nossa conversa, Ricardo não aceitou o título de o “cara da tecnologia”, disse que o setor depende de dezenas de outras pessoas, do trabalho em equipe e da colaboração. Agora, com certeza, ele tem a cara dos novos profissionais de tecnologia, porque apesar de ter iniciado sua carreira há 29 anos, soube mudar sua forma de atuar, pensar e liderar equipes.

Assista à entrevista completa com Ricardo Guerra, CIO do Itau, no Mundo Corporativo, que está completando 20 anos: 

Colaboraram com o Mundo Corporativo: Bruno Teixeira, Débora Gonçalves, Rafael Furugen e Renato Barcellos. 

Mundo Corporativo: Diego Barreto, do iFood, diz porque o perfil empreendedor está acabando com o empresário tradicional

Foto de fauxels no Pexels

“A nova economia é sobre o estado de espírito, se a gente está falando de um mundo que envolve mais tecnologia e tecnologia muda com uma velocidade muito maior do que algo físico, do que algo que está imóvel, você tem de estar disposto a trabalhar em um cenário de constante mudança do seu negócio” 

Há algum tempo aqui pelas bandas do Mundo Corporativo temos ouvido muita mais gente se identificando como empreendedor do que como empresário. Fica a impressão de que empresariar perdeu status diante da ideia de empreender —- o que não condiz com a realidade. São tanto funções complementares quanto podem ser exercitadas em estágios diferentes da carreira. Ao menos é assim que entendo. E tive minha ideia reforçada a partir da entrevista com Diego Barreto, vice-presidente de finanças e estratégias do Ifood

Antes de falar da entrevista em si, deixe-me apenas reproduzir o que os dicionários dizem de um ato e outro. Empreender é usar o tempo e as suas competências com autonomia, colocar em desenvolvimento, criar valor e assumir riscos. Empresariar significa tornar ago rentável ou digno de um negócio lucrativo, é liderar uma empresa. E por aí vê-se que uma não se sobrepõe a outra. Mas, com certeza, a outra —- empreender —- se faz necessária para a uma —- empresariar.

No livro “Nova economia —- entenda porque o perfil empreendedor está engolindo o empresário tradicional brasileiro”, escrito por Diego Barreto, é possível perceber como cada vez mais os líderes das empresas têm de ter o viés empreendedor para que seus negócios sejam alavancados. Assim como, todo profissional, independentemente da função que exerce, tem de praticar o empreendedorismo.

“O empreender está ligado ao instinto de buscar uma solução, buscar oportunidade e encontrar um caminho para aquela oportunidade se realizar. É mais animal, mais revolvedor. O empresário está ligado ao conceito de perpetuação, de gerencia, de administração. Os dois perfis tem uma importância muito grande”

A nova economia, tema central da nossa conversa no Mundo Corporativo e do livro de Diego, não fala apenas de negócios que surgiram agora, mesmo que sempre se tenha como exemplo empresas como iFood, Airbnb e Uber. Se como diz nosso entrevistado, é “um estado de espírito”, a despeito do ramo que atue e do estágio de maturação que está, é possível buscar os benefícios que a transformação tecnológica impulsionadora dos negócios oferece.

Exemplo que o próprio Diego Barreto oferece é o do Magazine Luiza, que inicia sua trajetória no interior de São Paulo, nos anos de 1950, e se expande como uma rede tradicional de varejo de rua. A visão empreendedora e inovadora da família, oferece espaço para que Frederico Trajano, sobrinho-neto do casal fundador da empresa, assuma o comando do grupo e inicie a transformação digital que a colocou entre as maiores empresas de varejo do mundo. A velha Magazine Luiza, nascida em 1957, é, hoje, uma referência da nova economia.

Diego Barreto também se transformou —- não o fizesse estaria superado. Até os 30 anos, sua carreira foi construída de forma tradicional e, como descreve, privilegiada pois é homem, branco, heterossexual e morador da região sudeste do Brasil. Formou-se em direito e foi fazer mestrado na Suíça, quando passou a perceber que algo novo estava surgindo:

“Quando vou para a Suíça, eu conheci o poder da diversidade e da inclusão na sociedade; e o poder da nova economia. Voltei para um ambiente corporativo que só tinha gente como eu e o incômodo dessa clareza me levou a estudar e a mudar meu comportamento”

A educação —- que considera essencial —- também mudou. pois se antes a jornada a ser cumprida passava por quatro ou cinco anos na universidade, depois pelo primeiro emprego, por uma pós-graduação e, novamente, a retomada do trabalho, agora o aprendizado está disponível em várias instâncias e tem de ser permanente:

“O que estamos fazendo aqui e agora — porque a CBN faz esta migração do rádio para ser uma plataforma de comunicação, estando por exemplo no Youtube, faz com que milhares de pessoas no mundo possa receber esse conteúdo e aprender um pouco mais sobre este tema. Então o conteúdo hoje, o aprendizado, está disponível, o que significa que pessoas com comportamento protagonista, elas conseguem sair de um ponto A até um ponto B sem necessariamente depender da educação tradicional”.

Dito isso, fechamos essa nossa conversa, então, com mais algumas lições que podemos aprender durante essa entrevista. Pedi para Diego Barreto sugerisse algumas mudanças de comportamento que podem nos ajudar a encarar os desafios e vantagens da nova economia:

  • 1. Crie o hábito do estudo que é a capacidade de compreender o mundo mundano, porque daqui a cinco anos as demandas serão outras.
  • 2. Não acredite nas indicações lineares daquilo que era oferecido no passado. Existem outras opções no Brasil. Existem pessoas fazendo diferença. É possível empreender. Existem empresas criando negócios maravilhosos e, portanto, vão abrir oportunidades para talentos.
  • 3. Aprenda a dialogar, porque se estamos falando de mudanças, automaticamente os padrões mudam, a ética muda. A ética precisa ser repensada. Isso é dialogo, a gente precisar sair da polarização, dialogar para refletir e aí se voltar para o ponto que você concorda.

Aprenda mais ouvindo a entrevista com Diego Barreto, no Mundo Corporativo:

Você assiste ao Mundo Corporativo, ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas, no site, no Facebook e no canal da CBN no Youtube. Colaboram com o programa  Izabela Ares, Bruno Teixeira, Priscila Gubiotti e Natacha Mazzaro.

Mundo Corporativo: para Clodoaldo Nascimento, da Yes!Idiomas, escolas terão três modelos de ensino após a pandemia

Foto de Cristian Rojas no Pexels

“O online veio para ficar. Ele vai ser uma ferramenta que nós vamos utilizar no nosso dia a dia de diversas formas, seja para atender a pessoas que trabalham e tenha dificuldade de tempo seja para atender a pessoa que quer aprender rápido e em qualquer lugar” 

Clodoaldo Nascimento/Presidente da YES!Idiomas

Escolas de inglês passaram a anunciar cursos 100% online como se o modelo fosse uma inovação, apesar de a estrutura tecnológica já estar à disposição e negócios das mais diversas áreas se sustentarem no digital, há muito anos. De acordo com Clodoaldo Nascimento, presidente da YES!Idiomas, entrevistado do programa Mundo Corporativo, a demora para essa migração —- que apenas ocorreu devido a pandemia —, está ligada ao apego a um padrão  que fez sucesso ao longo do tempo:

“Na verdade, talvez, (havia) aquela coisa de você quebrar o paradigma. Por exemplo, a ideia de que a aula é presencial, o professor tem de estar perto do aluno, falar no pé do ouvido dele. Principalmente nos idiomas temos às vezes essa dificuldade da pronúncia. E tinha a dificuldade de conexão. Isso fez com que gente procrastinasse essa vontade de levar para o EAD.Não teve jeito. A gente teve de antecipar este EAD”.

No caso da YES a troca das aulas presenciais para o ensino à distância ocorreu nas 180 escolas e no atendimento aos cerca de 60 mil alunos, nos 18 estados em que a rede de franquia atua, no Brasil. Clodoaldo disse que a transformação teve de ser feita em 15 dias, período em que a franquia teve de oferecer plataformas para a realização dos cursos, aulas foram gravadas e as unidades regionais criaram serviços de apoio para orientação dos alunos:

“Quando a gente viu que tinha esse problema, eu reuni minha parte pedagógica reuni minha parte operacional. E montamos um comitê de crise. 24 horas por dia, a gente ficava pensando na melhor maneira de a gente poder entregar o melhor produto. Nós tivemos de apressar um processo que talvez levasse anos e nós tivemos de fazer em duas semanas”.

Ao mesmo tempo que correm para se adaptar, as escolas tradicionais de idioma assistem ao surgimento de opções de ensino de língua estrangeira por aplicativos, que podem se transformar em concorrentes no setor.  Clodoaldo entende que os APPs não tiram alunos das escolas, são complementares ao ensino e, provavelmente, serão usados pelas instituições. Para ele, a partir de agora, haverá três modelos a serem ofertados no setor:

“A gente só tinha um modelo, eu acho que nós vamos ter três, que é o modelo tradicional presencial, a gente não pode deixar de ofertar porque tem pessoas que têm a predileção. Vamos ter um modelo híbrido, que vai ser uma coisa mais flex, na questão tempo. E vamos ter o 100% online”.

Mesmo que o ensino seja à distância, a gestão continuará sendo presencial, destacou Clodoaldo Nascimento, que é presidente da YES!Idiomas desde 2004. Ele começou como vendedor de cursos de inglês, em 1989 e dois anos depois chegou na YES, onde foi funcionário e concessionário até assumir o comando da rede. Par quem pretende investir no setor de franquias, Clodoaldo alerta:

“É preciso ter disponibilidade de tempo, saber que ele vai operar aquela franquia, porque o sucesso de uma franquia é uma coisa que tem a ver com parte da franqueadora — você está associado a uma marca, que já está no mercado, está consolidada —  mas só a marca consolidada, sozinha, ela não faz nada. Ela precisa de alguém que esteja atrás do balcão, dando o seu tempo, fazendo a coisa realmente acontecer”.

O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã, no site, na página do Facebook e no canal da CBN no Youtube. O programa vai ao ar aos sábados no Jornal da CBN e domingo, às 10 da noite em horário alternativo. Está disponível também em podcast. Colaboram com o Mundo Corporativo: Juliana Prado, Bruno teixeira, Matheus Meirelles e Débora Gonçalves. 

Mundo Corporativo: cultura organizacional foi fundamental para enfrentar a pandemia, diz Marcelo Pimentel, CEO da Lojas Marisa

“Ao não dar a devida importância à cultura, toda a estratégia desmorona com muita facilidade”

Marcelo pimentel, ceo da lojas marisa

A cultura organizacional foi primordial para as empresas enfrentarem quase um ano de pandemia. A opinião é de Marcelo Pimentel, CEO da Lojas Marisa, uma das principais redes de varejo de moda do País, que, no início desse crise, em março de 2020, teve de fechar todas as suas lojas físicas. Em entrevista ao programa Mundo Corporativo, da CBN, Marcelo lembrou frase clássica de Peter Drucker, referência global em administração de empresas: “a cultura come a estratégia no café da manhã”.

Para impedir que a estratégia desmoronasse, diante das restrições iniciais, das transformações necessárias e da retomada das atividades, ainda com clientes inseguros, Marcelo diz que a transparência na relação com os colaboradores foi um dos pontos principais. Segundo ele, todas as ações planejadas estavam baseadas em quatro pilares:

  • cuidar dos colaboradores
  • cuidar da saúde financeira da organização
  • cuidar da comunicação com os clientes
  • criar grupo para planejar a reabertura das lojas

Ainda dentro da questão cultural, o executivo, que assumiu o comando do grupo em julho de 2019, explica que foi possível construir com os colaboradores a ideia de co-participação na gestão, fazendo com que eles trabalhassem com a cabeça do dono do negócio:

“A grande maioria das melhores ideias não vai vir de nós líderes, vão vir deles que estão lá no dia a dia, na ponta, na frente de batalha. Não desperdice todo esse conhecimento e, junto com os colaboradores, traga uma decisão que seja do time. Muitas vezes, o time tem problemas de aceitar o direcionamento quando ele não participa desse processo, ele não é minimamente ouvido”

Para que prospere a ideia de os funcionários atuarem como a mentalidade do dono do negócio, Pimentel recomenda:

“Quando você olha para empresas consolidadas um dos grandes aprendizados que a gente tem com elas é exatamente o fato de ‘erra pequeno, erra rápido, corrige e cresce’. É isso que a gente tem promovido. O medo de errar muitas das vezes é maior do que a vontade de acertar, e isso emperra o crescimento das empresas”

Das mudanças que surgiram na pandemia, o CEO da Lojas Marisa acredita na ideia de que a transformação tecnológica avançará ainda mais, pois muitos clientes que nunca tinham feito uma compra online foram conquistados por essa experiência. Quanto a tipos de produtos, ele identifica que as roupas confortáveis ganharam protagonismo em relação as roupas de trabalho. Um exemplo é que a venda de sapato alto caiu, enquanto a de tênis, chinelos e rasteirinhas aumentou.

Mesmo com o crescimento do comércio eletrônico, Marcelo Pimentel entende que as lojas físicas seguem sendo relevantes, mas com experiências distintas e novos elementos. A jornada dentro do espaço físico será mais rápida com o funcionamento do sistema ‘clique e retira’ —- mais de 45% da venda digital é nesse modelo, informa —-, checkout móvel e compra digital na própria loja, com entrega na residência.

Na entrevista, o CEO da Lojas Marisa anunciou que, no segundo semestre, será lançada uma nova plataforma digital da rede de varejo. Como o foco desse espaço será a “autoestima da mulher brasileira”, Marcelo contou que o grupo decidiu abrir mão de produtos que mais vendem para mulheres —- os de higiene da casa, por exemplo —- porque não faziam sentido para o propósito do negócio. 

Para uma rede de varejo de moda feminina, que tem como lema “de mulher para mulher”, chama a atenção o fato de o comando está sob responsabilidade de um homem. Quanto a isso, Marcelo Pimentel, apesar de surpreendido com o questionamento, lembra que é filho de uma mulher, casado com uma mulher e pai de duas mulheres. Já na Lojas Marisa, mãos de 78% da liderança é feminina, mais da metade das cadeiras do conselho de administração é ocupada por mulheres, e mais de 30% da liderança executiva, também:

“A pergunta é super justa, talvez um dos meus desafios e legados seja achar uma transição para uma CEO mulher; e fica uma dica importante para mim e eu agradeço”.

O Mundo Corporativo pode ser assistido ao vivo às quartas-feiras, 11 horas, no site da CBN, na página do Facebook e no canal da CBN no Youtube. O programa vai ao ar aos sábados, às 8h10 da manhã, no Jornal da CBN e aos domingos, às 10 da noite, em horário alternativo. Está disponível, também, em podcast. Colaboram com o Mundo Corporativo: Juliana Prado, Bruno Teixeira, Priscila Gubioti e Rafael Furugen.