O que Dilma e Diletto têm em comum

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

Diletto

 

Um italiano nascido no vilarejo do Veneto, chamado Vittorio, mestre sorveteiro, produzia artesanalmente picolés. A partir de frutas frescas e neve. Logo após a segunda guerra mundial imigrou para o Brasil e seu neto resolveu aplicar o conhecimento do avô em sorvetes “Premium” com a marca Diletto. Esta bela estória e uma segmentação de mercado bem definida tornaram os sorvetes Diletto um sucesso.

 

O CONAR – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária investiga estas informações divulgadas na comunicação da marca. Um dos sócios, o neto de Vittorio, confirma, entretanto, que é uma fábula, pois de real mesmo é só o avô que veio do Veneto. E nem se chama Vittorio. Tudo o mais é mentira.

 

Dilma, presidenta do Brasil, iniciou a campanha para reeleição com folga nas prévias. Com a inesperada entrada de Marina na disputa e seu respectivo crescimento, atacou-a por ser apoiada por banqueira. Em seguida com a aproximação de Aécio, acusou-o de planejar a aplicação de rigorosos ajustes fiscais. Denominou-os até de “pacote da maldade”. E sua estratégia teve sucesso reelegendo-a.

 

A estória de Dilma não desmente as acusações feitas aos adversários, mas vai além, pois ela as incorpora. A presidenta nomeou gente dos bancos privados para aplicar os reajustes fiscais.

 

O dilema da Diletto é que se o CONAR decidir proibir a mentira na propaganda, mesmo como ficção, vai criar uma tremenda congestão. Na comunicação de produtos e serviços, o essencial é a verdade no aspecto técnico e científico. Uma ficção para motivar o consumo não pode ser coibida.

 

O dilema de Dilma é que dentro do campo político ainda não há poder moderador, pois o eleitor é o consumidor à mercê das máquinas partidárias e de seus patrocinadores. Dilma e todos os candidatos deveriam ter um moderador de premissas e promessas. Que tal CONARP – Conselho Nacional de Autorregulamentação Política? Bem, terá que ser um órgão gigantesco, pois há mais políticos que mentem do que produtos.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Milton Jung, às quartas-feiras.