Conte Sua História de SP: A elegância do meu centro

 

No Conte Sua História de São Paulo, o texto da ouvinte-internauta Yolanda Cintra:

Ouça este texto, sonorizado por Cláudio Antônio

Tenho visto e lido muitas referências sobre memórias de São Paulo, dos anos 50 e 60, mas eu quero escrever sobre os anos 20 e 30, anos de minha infância e adolescência. São Paulo não teria talvez, nem 1 milhão de habitantes, mas já era cidade mais importante do país.

Lembro-me bem do centro da cidade: a Praça da Sé – Marco 0, onde a Catedral ainda estava em construção, a Praça do Patriarca, com a Igreja de Santo Antonio onde as mocinhas iam fazer “ trezena “ para arranjar namorado… a casa São Nicolau, loja especializada em artigos para cavaleiros, quando em 1932, da janela do 2º andar, Ibrahim Nobre fez aquele magnífico discurso, incitando o povo a levantar-se contra a ditadura de Getúlio Vargas, exigindo a constituição, e o prédio do Masppin Store que fazia esquina, e de um lado com a Rua Quitanda e do outro com a Rua Direita com suas grandes lojas, Casa Alemã, Casa Sloper, Casa Birle ( de jóias e objetos para presentes ). O Mundo Elegante e Au Bon Petit Diable, (para meninos ) e o cinema Alhamba, onde mas matinés de domingo a casa era dos jovens.

Na Rua São Bento víamos a antigas Botica ao Veado de Ouro, sempre cheia, com as receitas de remédios manipulados.No final da rua, chegamos ao Largo de São Bento, com seu maravilhoso Mosteiro, um dos mais antigos de São Paulo, o único que, aos domingos havia Missa ao meio dia.

Na Rua Líbero Badaró, quase chegando ao Viaduto do Chá, um prédio onde se achava o Automóvel Clube do Brasil ( clube masculino ) que ofereceu um baile ás mais belas do mundo. O concurso foi em São Paulo e as moças estavam hospedadas no Hotel Esplanada e, aconteceu que eleita foi uma brasileira- Yolanda Pereira – do Rio Grande do Sul…. Atravessando o Viaduto, o que chamava a atenção era o Teatro Municipal. Como quase não tínhamos casas de espetáculos, tudo era passado no Municipal: operas, teatros de revista, companhias estrangeiras, conferências etc.

A Rua Barão de Itapetininga, rua elegante da época, com duas confeitarias – a Vienense e a Seleta- onde as damas da Alta Sociedade tomavam chá, ouvindo música deliciando-se com sua Torta de Maçã. Do lado de cá outra vez, o Largo de São Francisco com as 02 igrejas Franciscanas, a Escola do Comércio Álvaro Penteado e a centenária Faculdade de Direito ( Arcados ) de onde, em 1932, partiu para a luta pró constituição, o Primeiro Batalhão de Milícia Civil, comandado pelo Coronel Romão Gomes, mas o que as crianças gostavam mesmo era da Casa Fuchs e da casa Lebre, onde extasiadas e vibrantes observão os brinquedos a maioria importados.

Essa é o São Paulo dessa tempo, que me lembro.