Nepotismo pode, gay dançando não pode

O decoro parlamentar reivindicado por deputados na Assembléia Legislativa de São Paulo – e destaque no noticiário neste início de semana – não se deve a falta de ética de algum de seus pares. A contratação de marido, sogro, filhas e filhos com dinheiro público como ocorre em parte dos gabinetes do legislativo estadual está longe de incomodar os parlamentares, sejam de qual coloração política e plumagem forem. O CBN SP fez uma série de entrevista (ouça e leia nas notas publicadas neste blog) com os líderes dos partidos para saber a opinião deles sobre leis anti-nepotismo que já foram apresentadas na casa, mas não são levadas à votação. Alguns não tiveram vergonha em defender a contratação de parentes, outros usaram como álibi deputado deficiente visual que necessita da mulher para exercer seu trabalho, houve quem, sem pudor, assumisse que levaria a debate a questão – o que, evidentemente, ficou apenas na promessa. O assunto, está claro, não interessa aos deputados.

A presença de um transformista em um dos salões do legislativo tem gerado muito mais debate. O rapaz ou a moça foi convidado pelo deputado estadual do PSOL Carlos Gianazzi para participar da abertura da Frente Parlamentar em Defesa da Comunidade Gay. As imagens gravadas pela TV Assembléia mostram o transformista – que se tornou em celebridade nos jornais, nessa segunda-feira – realizando uma dança de mau gosto em meio as mesas e cadeiras da Assembléia. Semi-nu demonstrou desenvoltura na defesa da causa gay sob o aplauso da maioria dos que assistiam ao espetáculo.

A performace ganhou destaque no noticiário, portais e gabinetes dos deputados. O presidente da casa, deputado Vaz de Lima (PSDB), ficou 1 hora e 40 minutos diante do computador pessoal assistindo às cenas. A dedicação se deve a relevância do caso, já que incomodados pediram a cassação do autor da idéia.

Gianazzi que já foi ameaçado pelo PT quando representava o partido na Câmara Municipal e defendia idéias contrárias as da administração de Martha Suplicy, agora se vê diante deste “escândalo” defendendo a sigla do PSOL. Poderá perder o mandato se os deputados estaduais decidirem levar em frente o processo por falta de decoro parlamentar. Mesma preocupação não foi oferecida quando denuncias muito mais graves e lesivas ao cidadão foram apresentadas em plenário – algumas mereciam, no mínimo investigação mais profunda em comissão parlamentar.

Imagina-se que o discurso feito com cara fechada e ar de indignação na defesa da moral e dos bons costumes da família paulista não passe de mais uma performance no parlamento.

Cá entre nós: Em São Paulo o desfile do transformista causa espanto, enquanto na Itália os eleitores parecem se acostumar com as posições da primeira deputada européia transexual, Vladimir Luxúria. No início da legislatura houve debates, inclusive, sobre qual o banheiro que a parlamentar deveria usar. Consta que a eleita pelo Partido da Refundação Comunista siga entrando nos das mulheres. Sobre este assunto, porém, sugiro leitura no blog do colega Walter Maierovitch , um especialista nas coisas da Itália.

6 comentários sobre “Nepotismo pode, gay dançando não pode

  1. Pois é Milton, políticos falando em decoro, valores familiares, moral, decência, sentindo-se ofendidos por uma “apresentação artística” e todo o resto correndo solto: nepotismo como você salientou, corrupção, desmandos, conchavos, mensalões e tais. Tudo culpa do D. João VI (cuja chegada ao Brasil comemora 200 na próxima 5a feira) que trouxe o “jeitinho” na bagagem da corte fugida, modelo do Estado que o nosso atual presidente quer instalar: enorme, altos custos de manutenção, aos meus amigos tudo e aos meus inimigos….. E apesar de todos os preparativos, esqueceram a Biblioteca Real no cais, encaixotada…….

    Abs

    Celina

  2. A voz do povo é a voz de Deus. Só a Assembléia é que está ferida pelo acontecimento. Deveriam estar preocupados com os problemas de nosso estado. Veja como existe preconveito! Se não existisse não seria um assunto levado tão a sério pelos deputados.

  3. Milton o ex verreador e agora dep,um dos mais honesto desta casa não errou,e as escolas de samba que vão se apresentar nestá casa as mulatas estaõ so de biquini e este dep Agnelo não
    fala nada ,ele tem de cuidar e dos corruptos e talves ele colocou um monte de parentes olha o seu rabo dep Agnelo.
    Gianazzi sou tucano roxo mais sempre fui seu fâ
    um abço

  4. Claro que está errado e seja falta de ética praticar nepotismo. Não consigo aceitar,porém,o estranho show promovido pelo deputado Gianazzi. A Câmara, como instituição, não merece nem nepotismo nem “trasnformismo”.

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