Por Rodrigo Ferreira Leite
Ouvinte-internauta do CBN São Paulo
“Nos últimos meses passamos a vivenciar o desenvolvimento de um velho problema em São Paulo: recordes no congestionamento. Ficar horas parado pelas ruas da cidade já era um hábito. Normalmente tínhamos de calcular 30 minutos a mais para sairmos de casa para dentro de um carro e nos arrastarmos para o compromisso marcado. Hoje, a meia hora passou para 50, 60, até 90 minutos, nos quais se percorrer os caminhos de sempre.
Isso por culpa do progresso. O atual governo brasileiro tem se empenhado em deixar nossa economia cada vez melhor. Os bancos lucram, o salário mínimo cresce. Quem não tinha um carro agora compra uma moto Quem tinha um carro velho, troca por um mais novo. Quem tinha uma moto, compra um carro velho. Mas a cidade não acompanha esse desenvolvimento.
Não existe bolsa asfalto para a cidade. A cidade continua a mesma. As ruas continuam as mesmas. Além disso vivemos um boom imobiliário. Onde havia uma casa, uma família, quatro a seis pessoas, hoje vivem 300. O terreno deu lugar a um edifício. Dois por andar, três vagas na garagem. Só a rua que continua a mesma. Antes somente um ou dois carros saíam da garagem. Hoje, são centenas, da mesma garagem.
Vemos que quem projeta a cidade não é o governo – do estado ou do município. São as construtoras. E como o espaço é valorizado, a rua pode ser a mesma. Não tem problema, eles se acostumam com o trânsito.
Temos que morar empilhados, e dirigir carros pequenos, e sofrer sem transporte público, falta d´água, luz, telefone, infra-estrutura.
São Paulo não é o único estado que sofre. Hoje, o trânsito e o congestionamento existem no Rio de Janeiro. Quem já chegou no Rio às cinco da tarde, e pegou o aterro do Flamengo sabe o que eu estou falando. Mesmo Salvador, lenta por natureza, hoje sofre com congestionamentos.
Ter uma casa melhor, ter um carro melhor, morar em um bairro melhor só faz piorar a cidade. Hoje são 6 milhões de veículos. E daqui 5 anos? E daqui 10?
“
Parabéns pela mensagem. Eu tenho o mesmo sentimento, expressado pelas mesmas palavras.
Eu percorro do Pque. Villa Lobos até o escritório, no início da nova Faria Lima, 1,8km pela manhã, por 50 minutos, um trajeto que de carro leva 2 minutos conando com os semáforos, à noite.
Sem contar que as pessoas andam empilhadas em ônibus-fornos – 99% deles sem ar condicionado – onde não existe regra e os motoristas permitem entrarem mais que o dobro da quantidade de pessoas para que se tenha o mínimo de segurança e conforto. Chegar atrasado e molhado ao trabalho já virou rotina diária ao cidadão que tenha que usar ou opte pelo transporte público. Tarifa de R$2,30 é um absurdo.
E quando saímos de carro, somos quase brigados a incentivar os guardadores de carro em vagas públicas. É um absurdo.
As condições das ruas nem se fala; carro novo não dura 6 meses sem barulhos por toda parte.
Cada vez mais vemos amigos se mudarem para o interior, Curitiba, e outras cidades onde ainda há planejamento e respeito ao cidadão.