De mim mesma

Por Maria Lucia Solla

Ciclicamente preciso parar e olhar fixamente para mim mesma. Preciso saber que revolução é essa que não me dá sossego. Encaro mesmo. Sem pudor. E ainda fico surpresa, depois de tanta vida, tanto estudo e tanta reflexão. O ser que mora em mim é um poço de surpresas. Por isso quase não assisto à televisão.

A surpresa brota quando caem as fichas. A gente  ouve o tlim tlim e se arrepia com o contato do metal gelado no sangue quente. Outras vezes, as fichas caem fervendo e põem em ebulição o sangue que andava morno, mas não deixa de causar surpresa.

Tenho tido cada vez mais dificuldade de fazer suposições. Consigo dizer se gosto ou não gosto, mas usar os conceitos velhos e carcomidos que perambulam por nossas bocas e mentes e saem pulando, sem nossa permissão, não quero. Não quero mais. Mesmo que vá com eles a minha eloquência.

Quero ver tudo e todos, com olhar limpo e zerado a cada dia. Quero me desvencilhar de conceito que não têm nada a ver comigo hoje  e que eu repito por puro macaquismo. Quero me virar do avesso de novo e de novo, para me arejar inteira,

Mesmo que isso me emudeça. Quero terminar a construção da ponte que liga, para sempre, a mente ao coração.

E você?

Pense nisso, ou não, e até a semana que vem.

Ouça o texto na voz da autora clicando AQUI

Maria Lucia Solla é terapeuta e professora de língua estrangeira. Todo domingo está aqui no blog.

7 comentários sobre “De mim mesma

  1. oi. Maluzézima,
    esta revoluçâo ocorre em mim tambem. O mundo está evoluindo tào rápido. A eloquencia realmente as vezes falha.
    Mas é sempre bom ouvir pessoas que como vc, gostam de
    repensar o dia a dia.
    Beijos e saudade, Lucia Gutman

  2. Olá querida!
    Você sempre genial nas tuas colocações.
    Acho que não podemos nos ligar neste mundo que nos é mostrado e sim tentar ver o mundo real, o que está nas ruas,nas pessoas que pensam, refletem, lêem, trocam uma novela por um bom livro ou por uma roda de conversa em família. Tenho esperanças de que um dia, tudo será diferente e muito melhor.Grande beijo
    Sandra Tenório

  3. Privilégio ter pessoas como vocês e poder dizer de boca
    cheia. São minhas amigas.

    Que bom, né? Também tenho esperança porque sei que é possível mudar o mundo. Não é ele que muda
    para nos satisfazer. Sei porque fiz isso muitas vezes na
    vida e estou ficando craque nisso.
    Quando o mundo entender que não é o outro que deve
    mudar para que sejamos felizes, teremos chegado bem
    perto do paraíso.
    Beijo e obrigada pelo carinho da visita e dos comentários.
    Beijo, Lúcia.
    Beijo, Sandra.
    Boa semana a todos,
    ml

  4. Talvez o mais interessante seja ver os dois, virtual e real. Atentar ao que Jean Baudrillard aborda em Simulacros e Simulação. Muitas vezes o virtual torna-se o real.
    Foi por aí que surgiu o MATRIX.

    O tema é real. Ou virtual?

  5. Carlos,

    Baudrillard deve estar sabendo agora, muito mais do que
    o maior sábio ainda vivo, ou não…
    Ele largou a carcaça no dia 6 deste mês. Pra ser sincera, tenho dificuldade de entender suas
    teorias, mas estou com ele quando vira as costas para
    o rigor da lógica e quando fica furioso de ver a verdade de alguns servindo de moeda de troca.

    Não tenho aparecido no teu cantinho, mas o fato é que
    tenho mergulhado na leitura de Anjos e Demônios e não
    leio nem o que escrevo. E olha que escrevo pouco…
    Mas gosto de papear com você. Fico contente com suas intervenções que levam a gente a estender a toalha de
    picnic para caber mais gente saboreando pratos diferentes. Aliás este blog ajuda e leva a isso.

    Beijo e boa semana.
    ml

  6. Maria Lucia, peço então que leia o próximo texto, que abordará a questão do conhecimento, da experiência em usá-lo e questioná-lo mas jamais abandoná-lo e muito menos desprezá-lo.

    Se puder, ótimo

    Abraço

    Carlos Magno

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