De palavra

Por Maria Lucia Solla

Palavra


Olá,

A palavra é tão falada, que nem se importa mais com o que dizem dela.

É soberana.
Toma o que quer. Dita regras, se você deixar.
É súdita.
Entrega-se. Saudável. Insaciável, Libertina.

É livre.
Num piscar de olhos, escapa por eles.
Expõe-se. Despe-se. De cara limpa, encanta.

É escrava.
Distorcida. Dominada. Aprisionada.
Tantas vezes torturada.

Vive para o amor.
Morre nele.

É corisco imaturo. Troteia indecisa.
É jegue maduro. Empaca quando mais precisa.

É bandido. É mocinho.
Faz a personagem, com igual paixão.

É falada. Sussurrada.
Impressa.
Devagar ou com pressa.

Defende, com igual dedicação, tradição e revolução.

É conceito e preconceito.
Amor e desamor.
Rima de verso e reverso.

É pasmaceira. É paixão.
Na sinfonia e nas cordas do violão, é cérebro. É coração.

É tudo. É nada. Cheio e vazio.
É cantar. É calar. É dar e tirar. Rir e chorar.

Tirana ela não é.
Deixa ir e vir, sair e entrar. Gritar e calar.
É morta e viva.

É beijo que nasce do desejo.
É saudade do sonho.
É com ela que eu me exponho.

E você?
Pense nisso, ou não, e até a semana que vem.

Ouça “De Palavra” na voz da autora

Maria Lucia Solla é terapeuta e professora de língua estrangeira. Todo domingo faz da palavra sua forja.

11 comentários sobre “De palavra

  1. As palavras têm o poder de persuadir , mas ninguém tem o direito de dizer o que devemos fazer e que caminho seguir. As pessoas passam informações, mas somos nós que decidimos o que fazer com elas. Saber oferecer o que informar é um dom, saber o que fazer com ela é a reta final . Se não, nenhuma palavra vale nada.

  2. Rafael,
    tuas palavras, certamente, valem muito para mim.
    Elas têm, realmente, o poder de persuadir; como têm o de
    dissuadir. O filtro é quem recebe. Não quem envia.
    É o famoso livre arbítrio.
    Só te convence se você quiser ser convencido.
    E tem tanta gente que ainda culpa o outro, pelos seus
    suspiros…
    Beijo,
    ml

  3. Maria Lucia, creio que a palavra expóe inumeras informações de quem a usa, quer oral quer escrita.
    Pela palavra podemos ter uma ideia do tipo de pessoa que vemos e ouvimos.
    Jarbas Passarinho ,quando assumiu a Pasta da Educação disse ,que se conseguisse no final da sua gestáo como ministro que os estudantes universitários brasileiros soubessem escrever e falar, estaria realizado.
    A questão é que para escrever e falar é preciso ler muito e como sabemos não é coisa que todos gostam.
    Salve as palavras, a definitiva função que nos distingue dos animais.

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