Avalanche Tricolor: Meu time do coração tem alma

Única coisa boa no jogo de hoje é que descobri como assistir às partidas do Grêmio pela internet

Grêmio 1 x 1 Ypiranga
Gaúcho 0- Olímpico

Foi no café da manhã que um dos que dividiam mesa comigo fez a pergunta que escuto desde que cheguei em São Paulo, em 1991. Daquelas que somente a turma que desconhece as características do futebol gaúcho costuma fazer.

“E aqui em São Paulo, você torce para quem ?”.

No Brasil, as primeiras transmissões do futebol pela Rádio Nacional levavam a todo o Brasil as emoções dos jogos disputados no Rio de Janeiro e depois em São Paulo. Era mais fácil, em algumas cidades distantes, saber mais sobre os clubes cariocas e paulistas do que dos times locais. 

Este fenômeno criou um tipo de torcedor curioso, de dois corações. Gente que ia ao estádio, gostava do clube citadino, e até vibrava com a vitória sobre os adversários. Era a oportunidade para tirar uma da cara do vizinho. Mas ao ser perguntado, tascava: “Eu sou Flamengo, mas aqui torço pelo Xanxerê”; “Sou Corinthians e torço para Xaxim”. Os estádios pelo interior do Brasil quando recebiam um dos grandes do centro do País tinham mais torcedores destes times do que daqueles.

Lembro de Santa Catarina, onde via pessoas andando nas ruas com a camisa dos times do Rio e São Paulo. Só mais recentemente, os times do estado ganharam alguma projeção entre os locais. No norte e nordeste a situação não foi diferente. 

Não sei bem o motivo – talvez a distância, o tradicionalismo ou a força do rádio regional -, mas no Rio Grande do Sul os times locais, leia-se da capital, mexiam mais com as emoções dos torcedores do que os clubes que faziam sucesso na Rádio Nacional. As camisas tricolor e encarnada sempre estiveram mais presentes nas ruas de Porto Alegre desde que me conheço por gente. Isto, com certeza, explica a forte rivalidade que existe entre os dois grandes clubes gaúchos.

Imaginar que ao deixar o Rio Grande do Sul eu iria ser conquistado por outra paixão futebolística nunca me pareceu sensato. No entanto, é bastante comum que as pessoas não aceitem minha primeira resposta.

“Aqui em São Paulo, eu torço para o Grêmio”. 

Aqui em São Paulo, no Rio, no Amazonas, nas bandas das conchichinas. Onde eu estiver, torcerei, única e exclusivamente, pelo Grêmio. Prá início de conversa porque não teria coração suficiente para sofrer por dois times de futebol. Basta-me o Imortal Tricolor que na busca da imortalidade já me levou a sentir o peito bater forte nos mais difíceis e incríveis momentos do futebol mundial, assim como nos instantes de maior dramacidade e tristeza.

Portanto, o tropeço no clássico, o engano do técnico, o passe errado do craque, o chute torto do atacante, o vacilo do defensor e a torcida irritada – cenas que assisti centenas de vezes – tiro de letra.

Jamais aceitarei, porém, um time sem alma, porque eu torço para o Grêmio.

8 comentários sobre “Avalanche Tricolor: Meu time do coração tem alma

  1. Assino embaixo o seu comentário. Sou funcionario aposentado do Banco do Brasil, já trabalhei no norte e no nordeste e atualmente resido em Natal-RN. A maioria das pessoas torce para doIs clubes, um local e outro do Rio de janeiro. Fui ouvinte por muito tempo das narrações esportivas de teu pai, Milton Ferretti Jung, quando era garoto e morava no Rio grande do Sul. De modo que ter descoberto o teu blog e ouvir teu programa na radio CBN é para mim motivo de grande satisfação.

    VIVA O IMORTAL TRICOLOR!!!!!!!!!

  2. Vinício,

    E foi pela mão dele, Milton Jung – O Verdadeiro, que descobri a paixão pelo Grêmio. Tua mensagem reforça minha ideia, pois mesmo tendo trocado de Rio Grande não trocaste de clube.

    Em frente !

  3. Já não existe apenas o verdadeiro Milton Jung.Quem te conhece e acompanha há bom tempo sabe que ambos são legítimos,cada um em sua especialidade. .

  4. Olá, Milton.

    Enfim descobriste uma maneira de assistir aos jogos do Grêmio pela internet. Não tem coisa melhor… Inclusive descobri ao assistir ao programa Expresso da Bola do Sportv nessa semana cujo assunto principal era o Carlos Eduardo, na Alemanha, que esse jogador utiliza desse meio para assistir aos jogos de futebol que não passam na TV local, ou seja, aos jogos do Grêmio.

    Abraço

  5. Matheus,

    Não que todos nossos problemas estejam resolvidos com a transmissão na WEB. Há muita queda de sinal ainda, mas dá para sobreviver no exílio e continuar apaixonado.

  6. Milton, concordo e discordo ao mesmo tempo do que você escreveu. Muitos estados que não possuíam (ou não possuem) um time representativo costumam ter torcedores de outros times ou os chamados “mistos”.
    Só não concordo quando você diz que os gaúchos estão imunes a isso. Se formos a Caxias, veremos que a maioria torce para Inter e Grêmio e deixam de lado Juventude e Caxias. Em Pelotas, Santa Maria, Ijuí é a mesma coisa. A diferença entre essas cidades e as outras que você citou é que a referência está mais perto.
    Abraço

  7. Renato,

    Você tem razão em sua mensagem. E muitos jogos assisti no Alfredo Jaconi em que a torcida do Grêmio era maior do que a do Juventude, com o detalhe de que a maioria era gente de Caxias do Sul mesmo.

    Tenho certeza, também, que foi a força do rádio riograndense quem ajudou na disseminação das marcas dos dois principais clubes do Estado.

    No entanto, sua constatação não nega o que digo, pois a influência a qual me referi é dos clubes de Rio e SP que não chegou ao Rio Grande do Sul, apesar da potência da Rádio Nacional.

    Obrigado por enriquecer este debate.

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