Por Adamo Bazani
Ao mesmo tempo em que a Prefeitura de São Bernardo do Campo anuncia que até dezembro deste ano terá um Projeto de Transportes Urbanos, que trará novos terminais de ônibus à população e a criação de um bilhete único, o prefeito Luiz Marinho (PT) encaminhou à Câmara de Vereadores um projeto de remanejamento de verbas do orçamento previsto para 2009, aprovado no ano passado.
O remanejamento faz com que o orçamento extrapole os gastos previstos para diversas áreas em cinco por cento. A previsão orçamentária é de R$ 2,3 bilhões de reais. Serão abertos créditos especiais de R$ 169 mi, a maior parte, para a Fundação do ABC, instituição de ensino superior.
Pelo novo remanejamento, o setor de transportes públicos perde R$ 22 mi, previstos para este ano, e recebe R$ 5,4 mi. Apesar desta diferença drástica dos recursos, a secretaria de Transportes e Vias Públicas prevê uma revolução nos transportes para o ano que vem. Mas para isso, os investimentos deveriam começar com o orçamento deste ano.
A pasta fala na criação do Bilhete Único Municipal, nos mesmos moldes da Capital Paulista, mas com validade de tempo e limite de viagens ainda para se definir. Para a implantação do Bilhete Único em São Bernardo do Campo, os ônibus terão de adotar a bilhetagem eletrônica com a substituição dos passes de papel, abolidos já em muitas cidades. A Prefeitura promete ainda contato com a EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos – para integração tarifária também entre ônibus municipais e intermunicipais.
A construção de terminais de integração e estações de transferências está incluída para a fase final dos projetos para os transportes a ser realizado a partir de 2010. O objetivo do plano é dar uma nova logística ao sistema e mais racionalidade às linhas, ou seja, alguns itinerários devem desaparecer e outros criados. A pasta anunciou também que o transporte público será priorizado em detrimento ao particular, mas não falou ainda sobre criação de corredores.
Pessoas atuantes no transporte público da região afirmaram que aguardam a conclusão dos projetos, mas estão ainda em dúvida, tanto pela falta de propostas mais concretas – onde serão os terminais, haverá corredores, quantos e onde? Como será o sistema de bilhetagem eletrônica ? Quais os prazos ? – e pela redução dos investimentos na área.
“Do dinheiro das tarifas é que não dá pra fazer milagre nos transportes de SBC e se o orçamento cai, aí é que não dá pra ter uma certeza do que sairá do papel” – disse um funcionário de empresa de ônibus, que pediu para não ser identificado, mas que alertou a coluna sobre as propostas e o corte no orçamento.
Vamos cobrar e esperar se o plano vai trazer propostas viáveis dentro do orçamento e das condições técnicas que o sistema requer.
Adamo Bazani é repórter da CBN e busólogo. Costuma escrever às terças no Blog do Milton Jung, mas adora fazer viagens extras como nesta sexta-feira.

Muitos trajetos em São Bernardo exigem duas conduções.
Ao contrário das cidades vizinhas, São Bernardo nunca teve um terminal de integração!
A tarifa das linhas municipais é de R$ 2,50, mais cara que a de São Paulo e provavelmente, a mais cara do país.
Portanto, a simples disposição de reverter essa situação já é um grande avanço.