Os elegantes Constelattions de Howard Hughes

 

Por Armando italo
Ouvinte-internauta

Constelattions, da Panair (do álbum digital de Dazivel, no Flickr)

Constelattions, da Panair (do álbum digital de Dazivel, no Flickr)

Veja aqui o voo de um Constelattions

A nostalgia dos anos dourados da década de 50, inicio da década de 60, a elegância, o romantismo, tudo isso fazia parte da aviação. Voar nos Constelattions nesta época, para a tripulação era o auge da carreira. Para os passageiros, um privilégio para poucos afortunados. As mulheres perfumadas com Chanel numero 5, embarcavam nos Constelattions vestindo “chics” e caríssimos vestidos rodados godê ou os elegantes tailleurs com cores discretas, sempre acompanhando um camafeu, um colar de pérolas e um casquete na cabeça, Os homens, com seus finos bigodes no estilo Clark Gable, artisticamente aparados, extremamente bem barbeados com lâminas de barbear Gilette e perfumados com a famosa Água Velva, embarcavam vestindo sóbrios e elegantes ternos escuros com risca de giz, com um lenço cuidadosamente dobrado e colocado dentro do bolso ao lado esquerdo da lapela do paletó, estilo jaquetão, e o inseparável chapéu.

(Esse típico passageiro dos clássicos Constelattions, dos anos dourados, nos faz lembrar um “grande” famoso radialista e professor. Quem seria este homem?)

Uma passagem Rio-Nova York custava aproximadamente U$400, em 1955. Os pilotos literalmente pilotavam esses clássicos analógicos e com comandos acionados através de cabos de aço, com cartas de vôo (as ERC) sobre as pernas, seguindo rotas e aerovias com auxílio das agulhas indicadoras de direção do rádio compass o ADF, também orientando-se pela bússola, em vôo transoceânico a orientação era feita pelos astros, com auxílio do sextante, o navegador tendo que realizar cálculos e mais cálculos matemáticos, nada de computadores e sistemas eletrônicos auxiliadores de navegação a bordo como temos nas atuais e moderníssimas aeronaves “new generation”.

Não havia pressa para chegar ao destino, voar era “chic”, cada momento do voo era prazeroso, o passageiro era tratado como príncipe em primeiro lugar. Porém, apesar do glamour dos anos dourados, os Constelattions tinham o seu lado negativo como tudo na vida, os motores Wright R3350 TC18, com 3400 HP equipados com os famosos Turbo Compounds, compostos por 3 turbinas, cada um acionado por um grupo de 6 cilindros, que eram acoplados ao virabrequim, por um conversor de torque hidráulico e os hélices apresentavam alguns problemas técnicos, eram “temperamentais”, causadoras do o único acidente com um Super Constelattion da VARIG.

O primeiro dos Super Constelattion da Varig foi o PP-VDA, que voou de Congonhas para Nova York num voo que durou aproximadamente 24 horas, e com muitas escalas. Apesar de “apresentar algumas dores de cabeça e problemas” com motores e com os hélices, os Constelattions eram bastante dóceis, voar neles era muito agradável. Apesar do seu tamanho era um avião bastante ágil!

Em fevereiro de 1958, A REAL AEROVIAS BRASIL também adquiriu 3 Constelattions os L1049H , matriculados como PP-YSA, PP-YSB e PP-YSC,em 1960 chegaram mais novos Constelattions, os, PP-YSD. A REAL aproveitou-se da designação L1049H. Denominados pelas REAL como Super H, possuíam os tip tanks nas pontas das asas. Era o que diferenciavam dos Constelattions da VARIG.

Dentro das aeronaves clássicas e de outrora, o cheiro predominante era de perfume francês As refeições e o serviço de bordo em algumas companhias aéreas eram feitos por garçons.
Talheres de prata, pratos de porcelana, taças de cristal, toalhas de linho. As comissárias de bordo, aeromoças vestiam elegantes e discretos tailleurs.

O espaço entre poltronas! Tinham ainda 4 poltronas giratórias num local semelhante a uma sala de estar, um lounge. Era possível dar uma bela esticada nas pernas! O conforto e o serviço de bordo nos Constellation jamais foram igualados. E quem ficava feliz eram os afortunados 54 passageiros do Constelattion.

Fico feliz em poder também ter voado nesta época, nestes clássicos e guardo uma agradável recordação de me ver sentado com oito anos de idade na cabine de comando, olhando para traz, admirando os potentes motores turbochargers roncando e soltando labaredas pelos escapes, junto com o meu padrinho piloto da Real Aerovias Brasil.

A era inesquecível dos elegantes Constellations durou pouco. Esses aviões começaram a operar em um momento de transição: As aeronaves com motores a combustão chegaram ao cume do desenvolvimento no final da década de 50, início de 60, cedendo então seus lugares para os super velozes jatos que “de repente” invadiram os céus com os seus motores barulhentos.

Começam a voar no Brasil o Caravelle e o primeiro quadrireator Boeing 707 da VARIG matricula PP-VJA
Dados técnicos do Constelattion.
Fabricante Lockheed
Criador do Constelattion – Howard Hughes
Primeiro voo em 9 de janeiro de 1943
Desativado em 1967
Velocidade maxima 377 mph, 327 knots, 607 km/h.
Velocidade em cruzeiro 340 mph ,295 knots, 547 km/h
Alcançava até 5,400 milhas ou 8,700 km
Teto de serviço a 24,000 pés ou 7,620 metros

Até o nosso próximo voo

N.E.: Mais informações no AeroForum

10 comentários sobre “Os elegantes Constelattions de Howard Hughes

  1. Não tem jeito, vamos ter que engulir mesmo. O padre jose serra rezou tanto, que conseguiu ganhar as açoes inpetradas na justiça, contra as obras na Maginal Tiête. Bom vamos em frente, afinal de contas, o dinheiro, que vai ser gasto nessa obra, é uma verdadeira ninharia não é mesmo? um bilhão? isso é dinheiro?
    Por outro lado, morrer afogado nas aguas do rio tiête, é muito gratificante não mesmo? já pensou ter o seu corpo boiando nas águas claras do rio tiête?

    jrs

  2. Bom falar de lixo em SP, é bobagem. O Sr. Kassab falou, a limpeza da cidade de SP, esta satisfatoria. Não sei por que estamos reclamando. É que a população, não esta entendendo. Mas, eu acho, que encontrei a resposta. E ai vai ela: Não foi o joazinho trinta que teve a linda ideia, criando o enrredo carnavalesco: ” o lixo também é luxo ” Foi dai, que o kassab, teve a sua inspiração e encheu a cidade de SP., de lixo. Já pensou vc pegar sua familia e fazer um tur pelas ruas e avenidas de SP, vendo aqueles sacos de lixo de varias cores? e ai o seu filho pergunta por que de tanto lixo? vc não isso é lixo minino, é uma verdadeira obra de arte do artista plastico gilberto kassb, é a mais pura inpiração desse artista fantastico. Esses elogios não são poucos?

    JRS

  3. Primeiro parece que o sr José Silva enganou-se de artigo ou melhor dizendo, de local.
    Mas, vamos ao que interessa: novamente o Cmte. Armando, agora citando os Constellations, indica um dos marcos da aviação mundial. Não tive a oportunidade de voar em um deles, pois quando consegui entrar a bordo já estavamos nos jatos, porém mesmo assim muito do que foi comentado a Varig trouxe para suas novas aeronaves a reação: atenção especial aos passageiros, atendentes de terra impecáveis e o que não dizer da tripulação. Todos muito pacientes, delicados e dedicados; enfim, exemplos de civilidade e urbanidade. Lembro-me que ao fazer Guarulhos a Floripa era usual que o comandante fizesse as indicações das localidades durante a rota, finalizando com um voo panorâmico sobre a Ilha (o mesmo quando na chegada ao Rio de Janeiro). Bons tempos e obrigado ao Cmte. Armando pelo belo artigo.

  4. Armando Italo,nada é perfeito, o glamour acabou mas a segurança aumentou, a acessibilidade à população também é muito maior hoje .
    Enfim, como tudo que era chic há 50 anos restou o consolo que a modernização de equipamentos graças à tecnologia nos trouxe mais condições de uso, quer pelo barateamento quer pela segurança.
    Da champagne e requintes culinários ao sanduiche sem escolha, quando não é apenas uma barra de cereal , servidos com uma geléia que ninguém consegue abrir, nem a aeromoça.
    Outro dia quase me esfaqueei , a sorte que a faca era de plástico , como o sanduiche e a barra.

    Muito boa a lembrança.

    Abraço

  5. ” Voei pela primeira vez aos 20 anos, num avião da Varig (acho que um 737).A sensação foi incrível…Senti um certo glamour mesmo sendo final do anos 80, do século passado. Olhando a foto, e o que vc nos descreveu, a impressão que tenho, é de que quanto mais o tempo passa, mais sentimos saudades….ou não???? Até a próxima viagem…Vou correndo garantir meu lugar…” (Cátia Toffoletto)

  6. Pois é meus amigos, Luiz Faraco from Floripa, Carlos, e Catia.
    Realmente:
    Atualmente devido a pressa, a correria, a velocidade com que as coisas e fatos acontecem, graças a tecnologia evoluindo assustadoramente, aeronaves com sistemas gerenciadores de vôo totalmente informatizados, os ADIRUS dos Airbus, os FMS, FMC, bsta os jovens pilotos “dar um enter” no sistema das aeronavs New Generatios e pronto, estamos voando a jato ou então na velocidade supersônica e assim meus amigos, a aviação de outrora, o cheiro de perfume francês que sentíamos abordo das clássicas aeronaves, nos deixaram muitas saudades, ficam em nossas lembranças somente a exemplo dos tempos do Constelations, do DC3/4/6, dos Convairs 240/340/440, dos Scandias da VASP e por ai vai.
    Ai pergunrto:
    Até que ponto isso tudo, essa fantástica evolução tencologica poderá trazer vantagens a humanidade?
    Fica ai a pergunta
    Abraços, bom domingo e tenham todos uma exelente semana.
    Armando Italo

  7. Armando perdi o vôo do sábado e quero entrar no de hoje!
    Armando me lembrei dos Hércules!

    Lindo esse avião! Quando estive no Exército eu voei de búfalo e quando vejo um pássaro com hélices, me dá muita saudade daqueles pousos de assalto!

    Amigo eu me lembro de você toda hora que falam do Campo de Marte. Não poderemos fazer nada contra sua castração?

    Armando que local é aquele que tem um avião exposto próximo da ponte do Jaguaré e que visualizamos quando aproximamos da raia da USP?

    Abraços.

  8. Como Cmte aposentado da VARIG, onde iniciei minha carreira
    no ELECTRA II EM 1968 na Ponte Aérea, não tive a honra de
    pilotar este tipo de aeronave, porem, pilotei as seguintes aeronaves
    ELECTRA II
    BOEING 727
    BOEING 737
    BOEING 747
    BOEING 707
    BOEING 757
    BOEING767
    BOEING777
    DC 10
    MD11
    Porem me aposentei no BOEING 777-200 na Rota SPx Madrid
    São Paulo, onde passei 36 anos de minha vida nesta empresa Gloriosa.
    um abraço a todos desta pagina
    Cmte Master
    Fernandes

  9. Olá Cmte Fernandes

    Muito prazer em tê-lo aqui no Blog do Milton/CBN.

    Creio que já tivemos o prazer de nos conhecermos pessoalmente perambulando pelos hangares da VARIG em CGH, GIG ou até voando por ai em voos checs.
    Sou sobrinho e afilhado do Neno (Waldemar) dos instrumentos.
    Lembra-se dele?
    Já mora “no andar de cima”
    E o Cmte Ezequiel Maia que voava Electra, depois foi para os 732, Juru?
    O Serginho da manutenção, Luiz Kirshner de POA
    Felizmente tive a oportunidade de voar nos Connies, DC4/6/, nos Convairs 340 e o 440 PP-YRI num voo SBSP/SBSV, antigo aeroporto Ipitanga Comandado pelo Cmte Almeida e eu com os meus oito anos de idade no jump.
    Ate que um dia, sai da arquitetura e design, tb fui parar na aviação inicialmente com engenharia e desenvolvimento de sistema hidraulicos, pneumaticos, sistemas de filtragens, depois fora do Brasil aeronauta!
    Sou um dos que fez os upgrades nos filtros hidraulicos primarios e secundarios nos Electras, o sistema de “hemodialize” que eram realizados nas madrugadas, no H3 em CGH filtrando o fluido Aeroshel, se não me falha a memoria.
    Esse avião realmente deixou muitas saudades.
    Grande abraço
    Armando Italo
    A.Italo

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