Por Vera Helena Gasparotti Praxedes
Ouvinte-internauta do CBN SP
Ouça o texto ‘A Partida’ sonorizado por Cláudio Antônio
Este poema fiz quando mataram meu vizinho, em frente a casa dele que fica em frente a minha, em um lugar lindo com uma pracinha, ao lado de um também belo parque que se chama Parque Nabuco no Jardim Jabaquara. O nome dele George Alexandre, um professor de inglês que lecionava em Diadema e chegava todos o dias em sua casa por volta das 00:30 hs. da madrugada. Só sabemos que quem o matou foi um ou dois homens em uma moto, provavelmente queriam entrar com ele, que reagiu.
A Partida
Um grito ecoou pela noite escura,
Desafiante, profundo, cheio de horror,
O peito pulsou sem doçura:
– Seria de dor? – Seria de pavor?
Um estampido ressoou pelo ar,
Não murchou as flores, não secou as árvores,
Não calou os pássaros, não rachou o chão,
Certeiro, perfurou o coração.
O corpo caiu num baque aguçado,
Sombreado pela luz da lua,
Vermelho, em vez de prateado.
Um suspiro seguiu…
Nem mesmo o tempo parou
Para velar o quê partiu…
É mesmo assim, fica tudo assim mesmo.
O Conte Sua História de São Paulo vai ao ar, sábados, logo após às 10 e meia da manhã, no CBN SP. Participe enviando seu texto ou arquivo de áudio para contesuahistoria@cbn.com.br.
Maravilhosa história, o Poema da Morte, num misto de horror e beleza, não pela morbidez, mas sim pela homenagem e pela crítica aos atos lamentáveis que ocorrem. A música reforça a arte assim nascida, tornando soberanas as atitudes construtivas e os sentimentos mesmo diante das injustiças.
Caro Humberto
Muito obrigada pela sensibilidade de tão inteligentes palavras.
Através da poesia conseguimos que nosso grito chegue até aos confins do mundo e que a justiça seja feita sem tardar.
Um momento tao triste… e ao contrario do que gostariamos de acreditar, tao comum. Foi relatado de uma forma poetica, porem critica, o desprezo pela vida em nossa sociedade.