Por Carlos Magno Gibrail
Conceitos e preconceitos, dicotomias e isonomias, talvez expliquem o talento de comunicação destes dois pernambucanos cultos e sem erudição.
De Chacrinha, vimos a consagração com o título de “professor honoris causa” da Faculdade da Cidade, as inúmeras teses e dissertações acadêmicas que analisam seu desempenho na área de comunicação, ou ainda as homenagens como a de Gilberto Gil, em “Aquele abraço” (…o Velho Guerreiro balançando a pança e comandando a massa...). Atestados de sucesso.
De Lula, os 72% de aprovação em fim de mandato ou a Copa 2014 e a Olimpíada 2016, ou ainda “That is the man”, que sinalizam uma eficiência inquestionável em comunicação.
Chacrinha, radialista vigoroso; Lula, sindicalista agressivo; começaram as carreiras estribados em intensa comunicação com estilos próprios e carismáticos. Quase sempre no limite entre a ética padrão e a manutenção da personalidade.
Do “Velho guerreiro”, segundo ele próprio, acima de tudo um ouvinte de rádio e radialista extremado, temos:
– “Quem não se comunica se trumbica”
– “Eu vim para confundir e não para explicar”
– “Vocês querem bacalhau?” Campanha para seu patrocinador Casas da Banha, quando desovou um enorme
encalhe de bacalhau, apostando na premissa que brasileiro adora um presentinho.
Abelardo, o pernambucano de Surubim, tinha consciência que sua mensagem era popular, e entre o padrão vigente na mídia a uma linguagem direta com seu público, não hesitava em optar pelo rudimentar.
O homem de Garanhuns, recentemente em São Luiz do Maranhão não teve dúvida em usar termo inapropriado para o cargo de Presidente da República. Disse que “vai tirar o povo da merda” e foi ovacionado.
Segunda-feira, Mílton Jung sob o título “Não basta governar, tem de parecer e comparecer” analisou ação e comunicação no episódio das enchentes na capital paulista, do Prefeito Kassab, um político erudito. Economista pela FEA USP e engenheiro pela POLITÉCNICA USP, lastreado por moderno equipamento de Marketing agiu de forma elitista. Falou para letrados e compareceu tarde aos locais acidentados pelas enchentes.
Milton cita opinião do Prof. José de Souza Martins da Filosofia da USP publicada domingo no Estadão, que comparou o Prefeito e as chuvas com o Presidente e o palavrão : “Kassab se revelou mau ator porque seguiu à risca o roteiro de seu desempenho como prefeito, pois não compreendeu em tempo que o cenário havia sido mudado, dominado agora pelas apreensões e emoções do desastre. Lula, por seu lado, revelou-se bom ator, ainda que incorreto na expressão que usou, justamente porque violou o roteiro prescrito para quem governa”.
Parece que o Professor Martins tem razão, pois ontem o G1 da Globo publicou : “Lula rouba a cena com discurso divertido e emocionado no Prêmio Brasil Olímpico”. Deixou o calhamaço contendo o discurso programado de lado, e de improviso divertiu a plateia preponderantemente de atletas, com linguagem adequada ao momento sem se distanciar do estilo pessoal.
Ao se aproximar o ano eleitoral será oportuno que os políticos cuidem de si, ao invés de apontar erros e defeitos dos adversários.
As propostas devem privilegiar tanto conteúdo quanto forma e não podem deixar de considerar as características de cada um. Se culto, habilitar a erudição, se erudito habilitar a cultura. E plagiando Milton, não basta se candidatar, tem de parecer e comparecer.
Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda, escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas, e assistiu ao Chacrinha na TV

Ola Carlos
Interessante o artigo de hoje
Resumindo:
Cacrinha e Lula nasceram em pernambuco:
-Chacrinha nos seus progrmas, divertia o seu publico em sua maioria, pessoas pertencentes as classes sociais mais baixas distribuindo bacalhau e com atrações “conversando no mesmo nível”.
-Lula também diverte o seu público ou eleitores, a maioria também pertencentes as classes sociais mais baixas com o bolsa disso, daquilo, “falando merda” publicamente, em ao estilo.
Pois é:
“Eu vim para confundir e não para explicar”
Muitos afirmam que coincidencias não existem, mas o marketing está ai.
Bom ou ruim, como funciona!
Um feliz natal!
Armando Italo
Armando Italo,a Comunicação e o Marketing estão aí com o conhecimento existente para que quiser aprender e apreender. Ou por via da cultura própria, cultivada passo a passo, ou por via da didática convencional, com professores e livros.
Como vimos, Chacrinha e Lula optaram sem outra alternativa, para o caminho mais dificil. E se deram bem.
Mas nem todos tem esta leitura, hoje na Folha, o jornalista Fernando de Barros e Silva, usando do mesmo juizo de valor que fez com que desancasse com o filme de Barreto, tece severas críticas à comunicação de Lula.
Para quem está do outro lado dos 72% é um prato cheio e apetitoso.
Este tipo de Marketing empregado pelos personegens reais do texto, para muitos ou a maioria funciona.
Principalmente “aos menos esclarecidos” que se dixam levar na onda.
Comigo não, violão!
Vai ser dificil escolher em quem votar nas proximas eleições heim!
Parece que nos ultimos mêses dias, todos agora estão aplicando e se utilizando do mesmo marketing, estratégias.
Caramba!
Carlos Magno Gibrail,
Sensacional !
Que belo artigo equilibrado sobre a semelhança de dois fenômenos de Marketing que em suas épocas, diferente dos “normais” dispensam os layouts determinados, e usam/criam sua própria imagem e linguagem com resultados extraordinários.
Além disso, observo nesses dois fenômenos que, diferente de muitos populistas/populares, conseguem manter admiração até por uma parte da massa intelectual. Um mantém até hoje; o outro, sempre diz ou faz algo que espanta alguns “fiscais do politicamente correto“, porém atinge o grande público que é o que interessa: 72% é uma cifra além do imaginável. Manter muito tempo uma imagem, seja ela qual for, é preciso muito talento. Me arrisco a dizer que o populista dos 72%, tem grandes chances de eternizar sua imagem, tal qual o Chacrinha.
Obs.: Não sou Lulista muito menos anti-Lulista. Sou eterno admirador do Velho Guerreiro!
Parabéns por não se deixar abduzir pelo lugar comum, deixando de lado os chavões, apelidos, ofensas e rancores; escrevendo um artigo digno de ser discutido em sala de aula.
Tenho dificuldade em me referir à alguém como Doutor. Com este artigo, vc honra este título.
Abraços e Feliz Natal!
por favor, se desejam minha audiência, não publiquem nada a respeito desse molusco destruidor do que é bom, o senhor ( digo , palhaço) lula.
Mensalão, dólar na cueca, enriquequecimento do lulinha, zé dirceu, quebra do sigilo do caseiro, dilma guerrilheira assassina, oportunismo no cop15etc,etc,etc. Será que ele se especializou em oratória para acobertar sua capacidade inerente de roubar?
Nossa! qtos preconceitos hein…daqui a pouco vão ter saudades do Médici.
Um nordestino sem cultura ter 72% de aprovação, realmente não dá pra entender né?
Quem sabe os ” Neoliberais! sejam melhores…
Aprendam,eles são todos iguais, sempre!
(…)”Bolsa disso ou daquilo” saindo da boca (ou dedos) de quem come todo dia é normal, afinal vive numa cidade onde a economia funciona plenamente: tem padaria, tem farmácia, supermercado, e dinheiro pra comprar quase tudo…
esse tipo de artigo eu nem me dou o trabalho de perder tempo comentando; ja sei que dá margem pra “galera” anti-Lula “meter o pau” mesmo.
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Armando Italo, com.3. A força da Comunicação não pode ser desconsiderada. Forma e conteúdo idealmente devem estar equilibrados, entretanto muitas vezes não estão e na maioria dos casos o sucesso estará mais para a forma do que para o conteúdo.
No ramo de moda é comum na tecelagem atentar ao fato de que um mau acabamento pode destruir um bom tecido. Na confecção um mau passamento pode acabar com um blazer bem costurado. De outro lado um bom tingimento pode salvar um tecido regular, ou um bom passamento pode endireitar um blazer não tão bem costurado.Como vemos o essencial pode ser o detalhe e não o estrutural.
Parecer é tão importante quanto ser. É a realidade dos processos sociais, economicos, industriais.
Você acha que os prinicpais executivos das empresas privadas são os mais competentes ou são aqueles que parecem ser os mais competentes?
Beto, uma das coisas que me chama mais atenção na vida acadêmica é a metodologia cientifica. E, dentro dela a questão do juizo de valor.
A teoria para ser validada precisa ser comprovada através de uma metodologia que alerta sobre a impossibilidade de neutralizar o juizo de valor. Por isso mesmo o pesquisador tem obrigação de tentar reduzir o´máximo possivel a interferferência do pré-conceito.
Não tanto o Chacrinha, já falecido e mais distante dos fatos, mas principalmente o Lula, politico e atuante, é realmente dificil esperar anulação total dos juizos de valores. quando se propõe uma análise dos fatos.
Entretanto, as Olimpiadas, a previsão acertada das marolinhas,Copenhague e os 72% mereciam um exercicio analitico sobre a Comunicação..
E, que venha a discussão, pois é dela que surgem novas premissas.
Nilton, não é então intrigante que num regime democrático a oposição não consiga efetivar um contraponto eficaz?
Por que não usar a mesma arma, no caso , a Comunicação?
Na ultima eleição o candidato do PSDB, o Sr. Alckmin falava mais no nome do Lula do que o próprio.
Uma incompetência incacreditável em Comunicação.
A intenção aqui é exatamente extrair o poder das palavras e a técnica de apresentá-las.
Luis Fernando Gallo, dois nordestinos sem erudição e muita cultura de comunicação, desenvolvida nas lides profissionais.
A questão é como os eruditos e intelectualizados não conseguem se sobrepor?
Se os liberais tem melhores planos por que não apresentam e convencem o eleitorado disso?
O eleitorado não é suficiente erudito para perceber o que é melhor?
Junior “JotaP”, mas aí é que está a graça da discussão.Ou não?
Nilton,
O Jornal Francês Le Mond elegeu o seu Presidente Lula, O HOMEM DO ANO 2009.
Chupa essa manga!
Hahahahahahahahahahaha!
Carlos.
Parabéns pela ponderação de seus comentários,e agora mais essa premiação do Le Monde ao nativo de Garanhuns.
Teremos que rever nossos conceitos?
Feliz Natal !!
Lula foi eleito pelo LE MONDE a personalidade do ano.
Abaixo a nota do UOL :
Brasil em alta
No ano da França no Brasil, presidente brasileiro é eleito pelo jornal Le Monde o homem do ano
"A consagração de Lula acompanha a renovação do Brasil", afirma a reportagem assinada por Jean Pierre Langellier, correspondente do jornal no Rio de Janeiro.
Brasil decola
Capa da revista inglesa Economist, publicada em novembro, diz que o Brasil decola
"Carismático, de sorriso fácil e jovial, Lula, nascido em 27 de outubro de 1945 no estado de Pernambuco, ex-torneiro mecânico e sindicalista, transformou o Brasil em ator essencial do cenário internacional".
"Diplomacia, comércio, energia, clima, imigração, espaço, droga: tudo lhe interessa e diz respeito", afirma o artigo, acompanhado por fotografias de Lula no Brasil e no exterior, incluindo uma ao lado do presidente americano.
Lula foi o primeiro presidente da América Latina recebido por Barack Obama na Casa Branca.
Líder dentro do G20, aspirante a uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU e primeiro sócio comercial da China são algumas conquistas na política externa, lembra o jornal francês.
"Longe ficou a época em que o sindicatista Lula com gorro proletário e microfone na mão gritava: ‘Fora FMI’. Hoje não é mais o FMI que ajuda o Brasil, e sim o contrário", acrescenta.
Mas o balanço também revela um "lado obscuro".
Lula reduziu a pobreza e milhões de brasileiros passaram à classe média, "mas o Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo (…) dividido entre um sul rico e dinâmico e um norte arcaico e deserdado".
E entre os temas pendentes são citados uma educação primária e secundária "medíocres", um sistema de saúde "deficiente", uma burocracia "pesada", a polícia "ineficaz" e uma justiça "preguiçosa".
O jornal espanhol El País declarou há algumas semanas Lula como a "personalidade do ano" e a revista britânica The Economist dedicou um número especial ao Brasil, com uma capa mais que eloquente: o Cristo Redentor, uma das imagens emblemáticas do Rio de Janeiro, decolando como um foguete rumo ao espaço.
Luis Fernando Gallo, parabéns pela atualizaçaõ . A notícia é bem fresca.
Quanto ao conceito acredito que isto reforça o talento de Comunicação a que me referi no artigo.
Beto, o LE MONDE é o mesmo jornal que publicou a famosa frase sobre o Brasil.
Grande abraço
Feliz Natal
Bom Carlos, já que os comentários descambaram para política, vou manifestar contrário as manifestações que já li desde que acompanho este Blog.:
Não sou político nem apolítico, e nem tenho paixão por partidos e muito menos por algum político. Já fui um grande entusiasta do PSDB como muitos que imaginaram ser este partido a locomotiva de nosso sucesso, devido as grandes cabeças que imaginamos que teria logo na sua fundação. Os resultados passado e presente, estão aí para o bom senso analisar.
Na década de 90, quando ainda mantinha ligações com o meio publicitário, ouvi o desabafo de um amigo sobre a dificuldade de deslanchar seu trabalho, pois havia um tipo de negociata que o impedia de indicar os melhores fornecedores, os quais eram previamente indicados mesmo com eficiência inferior e custos bem mais autos. Este tipo de negócio na década de 2000, recebeu a alcunha de mensalão.
Portanto, não me espantei com escândalo por já ser conhecedor do mesmo, e sendo assim, analiso os atuais governos sem o sentimento de vingança comum a este detalhe. Não que eu seja a favor, muito pelo contrário, pois sou até daquelas pessoas chatas que exige decência em tudo. Mas enquanto não retirarmos essa praga de nossa sociedade, inspirado no detalhe “ Mas no balanço também revela um lado obscuro”: Sou e serei a favor de BOLSA FAMILIA E COTAS NAS UNIVERSIDADES. Pois é a única maneira de distribuição de renda e justiça social em um país como o nosso que não trata com igualdade seus filhos.
Sou um torcedor fervoroso para que estes benefícios sejam extintos assim que percebamos que, temos educação e condições de vida semelhante para todos, seja do Oiapoque ou do Chuí. Apesar de não morar mais no estado,, sou paulista e muito me entristece quando algum conterrâneo diz: Esses caras vem tirar nossos empregos, vem contruir favelas; a marginalidade é culpa deste povo. Como filho de nordestino e avô materno negro, isso me afeta na veia. Porém, sinto-me muito orgulhoso dessa minha condição, pois me sinto genuinamente brasileiro e sinto muito orgulho do artigo do Le Mond, e também achei sensacional o discurso do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Premio Brasil Olímpico.
Neste país ninguém é santo, cuecas sujas temos da grife Calvin Klein a do Camelô Fashion!
Não vejam este meu comentário como Lulista ou anti-Lula, porque é apenas opinião de eleitor que antes de votar, procura enxergar a realidade dos fatos. Minha paixão dedico a minha mulher que adora uma BOLSA Louis Vuitton (risos)
Recomendo a todos o prato LULA RECHEADA do restaurante Refrão na cidade de Paratí. Lula ta mais em alta que o tradicional Peru. Aliás, alguns tem divido sua casa (cueca), com outras coisas.
Beto, seu comentário vem enriquecer a pauta. Tanto a politica, quanto a de Comunicação, com direito a uma entrada na Culinária, área de grandes Chefs.
Em Paraty, minha terra natal há um prato que descende da cultura gastronomica do periodo áureo do ouro, é o camarão casadinho. Iguaria local feita com 2 camarões gigantes recheados com farofa..
Maiores informações sobre esta gastronomia pode ser lida no romance Ana em Veneza.
Bacana vc ser de Parati Carlos, fui daqueles frequentadores que em todos os feriados e passagens do ano ia pra lá. Sou íntimo de todos os becos do centro histórico. Meu preferido é o chope do Café Parati, que classifico como a esquina da felicidade, pois os desfiles de roupas leves no corpo das lindas turistas é de baquear. Estou com saudades até das cocadas dos ambulantes.
Se lhe contar o que já fiz na cidade, da desquite! (risos)
Ah! Me enganei, gosto da Lula recheada do Restaurante Galeria Engenho, meu preferido.
O casadinho, lembra um amigo falecido que, pra ele a ultima barraca da Praia do Pontal, era parada obrigatória