Viaje no ônibus elétrico do corredor Diadema-Morumbi

 

Os dois modelos híbridos, com baixa emissão de poluentes, são movidos a eletricidade e energia gerada a partir de um motor diesel. Nos vídeos você vai ver como estes ônibus são operados.

Por Adamo Bazani

Motoristas de carros de passeio e passageiros da região atendida pelos 12 km do corredor Diadema-Morumbi ainda se adaptam aos serviços que tiveram início em 31 de julho. As invasões de carros e, principalmente, de motos seguem ocorrendo, porém, a frequência das infrações tem diminuído. Desde segunda-feira, 16 de agosto, a CET – Companhia de Engenharia de Tráfego – tem multado os motoristas de carros e motociclistas. A infração é considerada grave e resulta em multa de R$ 127,69 e cinco pontos na carteira nacional de habilitação.

Se a situação ainda não é a ideal, pelo menos em relação ao meio ambiente, para os usuários do corredor e moradores das proximidades, há boas notícias. A empresa operadora dos serviços intermunicipais do corredor, a Metra, apresentou ao nosso espaço o ônibus elétrico híbrido que já está prestando serviços no trecho.

Por enquanto, são duas unidades: dois Caio Millennium II, Eletra/Híbrido, ano 2005, que vieram da Auto Viação ABC, empresa pertencente ao mesmo grupo controlador da Metra, que opera serviços intermunicipais entre Santo André e São Bernardo do Campo.

O veículo número 6100, placas DPB 6952, era o prefixo 211 da Auto Viação ABC, e o 6101, placas DPB 7833, era o carro 213 da ABC.

Os dois ônibus foram adaptados para o atendimento do padrão de serviços do trecho entre Diadema e Brooklin. Além de reformulação no interior, renovando o veículo e já atendendo as novas especificações de conforto e segurança, o ônibus Mercedes Benz recebeu duas portas do lado esquerdo por onde são realizados embarques e desembarques na maior parte da ligação.

São os primeiros veículos ecologicamente corretos a percorrerem o novo corredor que era esperado há quase 25 anos pela população do ABC Paulista e de parte de zona Sul de São Paulo.

De acordo com o INEE – Instituto Nacional de Energia Elétrica, dependendo do tipo de poluente, o ônibus elétrico híbrido pode eliminar quase completamente o elemento poluidor. Estimativas do órgão demonstram que a utilização de modelos como este da Metra pode gerar reduções de 75% de óxidos de nitrogênio (NOx); de 50% de material particulado (fumaça negra); de 40% a 50% de dióxido de carbono (CO2), além de praticamente zerar a emissão de monóxido de carbono.

A importância desta ação pode ser medida a partir de estudo realizado por Paulo Saldiva, professor de medicina da USP que chefiou o Laboratório de Análise Sobre os Impactos da Poluição, pertencente à Universidade.

O número de mortes causadas por doenças agravadas pela poluição é de nove pessoas por dia. Isso representa até 10 % dos óbitos registrados diariamente na cidade de São Paulo, por diversas causas. A Organização Mundial de Saúde estipula como limite para a qualidade do ar 20 microgramas por m3 de material inalável particulado, sendo que São Paulo apresenta o dobro – 40 microgramas por m3.

80% do ozônio e 40% do material particulado emitido no ar na cidade de São Paulo vêm da frota de veículos a diesel: caminhões, ônibus, picapes e outros automóveis.
Mesmo assim, de acordo os estudos, mesmo usando ônibus a diesel, o meio ambiente já seria beneficiado, já que um ônibus convencional que transporta 70 pessoas pode tirar 35 carros de passeio das ruas, que em média levam duas pessoas. O dr. Saldiva se mostra completamente favorável ao uso e incentivo para a produção de ônibus híbridos.

E o melhor: não só o Brasil tem condições de fabricar veículos modernos com essa tração, como em 1999 foi o primeiro País do mundo a operar comercialmente um ônibus híbrido. No entanto, por falta de inventivos governamentais, políticas públicas que contemplem transportes e meio ambiente como um único assunto, e a posição de alguns empresários, que ainda preferem comprar veículos mais baratos, em concessões de curto prazo ou vias sem condições de receber um híbrido, os ônibus deste tipo ainda são bem raros no Brasil.

O sistema de tração é fabricado pela empresa Eletra, que produz veículos de tecnologia limpa 100% nacional e também pertence ao grupo da Metra, SBCTRans e Auto Viação ABC, da família Setti Braga, que atua nos transportes da região do ABC desde os anos de 1920.

O sistema funciona da seguinte maneira: um motor automotivo, mas que opera de forma estacionária, movido a diesel, é responsável pela partida do ônibus e geração de energia elétrica. Quando ele atinge 1800 rpm já há energia para o ônibus se movimentar com o funcionamento do motor elétrico, que opera como motor de tração. O Diesel continua funcionando na mesma rotação, gerando energia. Nas situações em que o ônibus não usa tanta força, como na frenagem, chamada de frenagem regenerativa, essa “energia extra” é armazenada em bateria. Tal energia é usada em momentos de maior exigência do sistema e permite autonomia do carro, que não precisa de abastecimento elétrico exterior.

Nossa reportagem teve oportunidade de andar no ônibus híbrido do Corredor Diadema – Brooklin dentro da garagem da empresa Metra, em São Bernardo do Campo. Apesar do ônibus ser ano 2005, a impressão, pela reforma e modernização, é de que o ônibus era zero quilômetro.

Quem esteve à frente do volante foi a motorista Andréa Fazolin. Ela se mostrou entusiasmada com o ônibus.

“Este veículo é muito bom. É como se fosse um trólebus. Não é poluente, é mais macio que os outros ônibus” – ressaltou Andréa ao relatar os benefícios deste tipo de ônibus tanto para quem utiliza quanto para quem trabalha nele.

Pudemos verificar também que o nível de ruído do ônibus é baixo, o que aumenta a sensação de conforto.

A estimativa é que mais veículos, inclusive trólebus, possam prestar serviços no atual corredor Diadema –Brooklim – Morumbi até 2011. No entanto, ainda não há sinais de obras de eletrificação deste trecho.

Mudanças buscam acabar com confusão

Menos de 15 dias depois da inauguração do corredor, a EMTU – empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, teve de efetuar reformas para aumentar a segurança e diminuir a confusão. As telas de proteção estão sendo substituídas por grades de ferro mais fortes nos canteiros centrais.

No corredor operam também ônibus municipais, gerenciados pela SPTrans da Capital Paulista. A entrada e saída constante destes ônibus do corredor foram alvos de reclamações de usuários e motoristas de carro. Os veículos, muitas vezes saem do lado esquerdo, onde fica o corredor e vão para paradas municipais à direta. Nem todos os ônibus têm as portas do lado esquerdo.

A SPTrans informou que algumas linhas têm de sair do corredor para fazer correções e prometeu fiscalizar e orientar os motoristas de ônibus.

Quanto aos ônibus híbridos da Metra, apresentados a reportagem, a estimativa é que venham mais veículos com emissão baixa de poluentes.

Adamo Bazani, repórter da Rádio CBN e busólogo. Escreve no Blog do Mílton Jung.

10 comentários sobre “Viaje no ônibus elétrico do corredor Diadema-Morumbi

  1. O ideal para mim seria o corredor ser eletrificado, como está sendo feito do Terminal Piraporinha em Diadema até o Terminal Jabaquara na capital paulista, ai operaria com uma energia limpa, sem residuos, sem poluição sonora tambem. Não conheço estes carros que a Metra irá utilizar, mas a experiencia que tive com carros hibridos no Expresso Tiradentes que a ViaSul opera, era terrível. Impossivel de se conversar com alguem ao seu lado devido o barulho do motor, alem de se usar diesel para gerar energia elétrica, não tem muita lógica.

  2. Excelente iniciativa sobre os hibridos no corredor Diadema/Brooklin e espero em breve a eletrificação do corredor. Parabéns a Metra.
    Comento bastante no Blog do Milton Jung da CBN, mas vê se a Rádio CBN fale um pouco mais do sistema trólebus de Santos-SP, espero há muito tempo por isso.

    Werter de Jesus
    Defesa do trólebus-Santos

  3. Já que retiraram de circulação os onibus eletricos da Av Sto Amaro bem que poderiam dispor este modelo de onibus.
    Ninguem aguenta mais a tamanha poluição que os Volvos, Mercedes, Volks a diesel soltam na atmosfera.
    Além de obviamente os automoveis.
    E quem sofre é a população que reside ao lado desta caótica e inacabada avenida.
    Tai uma boa idéia e vamos ver qual politico de São Paulo irá tomar tal iniciativa para o bem de todos.
    Parabéns a METRA!

  4. Nunca vi esses carros rodando na ABC, eu só tive o prazer de presencia-los na garagem. Pelo visto,instalaram ar condicionado, melhorou. Mas não gosto dessa história de porta do lado esquerdo. Poderiam manter o padrão Metra/EMTU, como é feito no corredor ABD. Existem oito carros como esse rodando na SBCtrans, e digo: é ótimo andar nesse carro, muito silencioso e confortável. Bela aquisição para a Metra. Mas concordo com o Luiz e o Werter: melhor os tróleibus, mas os hibrídos seguramente são melhores que os veículos convencionais

  5. Armando, por falar em poluição, já reparaste que as famosas lotações quando chegam nos terminais e pontos finais não desligam os motores, gerando mais poluição ainda ?

    Falta fiscalização ou consciência dos operadores ?

  6. estamos em ano de eleição…
    e vemos políticos sempre falando a mesma coisa,entra ano,sai ano e continua a mesma coisa…
    agora é hora de acordarmos e exigirmos melhoria no transporte público…
    é hora do brasil inteiro cobrar desenvolvimento do qual a metra está fazendo e sempre fez que é modernizar o transporte da grande são paulo,afinal cesta básica não dura muito e nem melhora a vida de ninguém!!!

  7. Mesmo não morando bna Capital e quase não utilizando os micros das lotações, reaprei isso também. Os veículos ficam aquecendo o ambinete e ligados a toa, em alguns casos em área coberta também, o que piora a qualidade do ar de quem respira por perto.

    Sobre o corredor amigos, a verdade é que ele foi projetado só para receber poucas linhas intermunicipais. Apesar de alterações, sua essência é dis anos de 1980, quando se pensava em apenas trólebus intermunicipais, como ocorre no trecho principal que passa pelo ABC.

    Quanto aos híbridos da Viasul, não posso confirmar porque só ouvir falar, mas os problemas teriam acontecido por conta da conservação. Pelo que sei, aí posso confirmar pois vi pessoalmente, a conservação da Metra é acima do padrão de várias empresas.

    Abraços e obrigado pelos comentários.

  8. Os trolebus são veiculos ecologicamente correto em 100% os Hibridos são veiculos que vão amenizar um pouco a poluição deste corredor, seria interessante a SPTrans seguir este exemplo obrigando as empresas que fazem linhas no corredor a colocarem veiculos menos poluentes.A obrigação não é só da Metra, tem que ser também das consorciadas aqui em São Paulo, e minhas previsões sobre este corredor estão simplesmente se confirmando se não houver uma regulação do uso do corredor, e deixarem a SPTrans fazer o que quizer, isso será um futuro corredor REBOUÇAS que no final quebrará o conceito de rapidez e conforto que consagraram a empresa METRA como a melhor operadora, até porque a população não sabe distinguir Metra das operadoras CONSORCIADAS da cidade de São Paulo o correto é CONSTRUIR UM TERMINAL nas proximidades da DIVISA DE DIADEMA PARA AS LINHAS MUNICIPAIS e a SPTRANS colocar apenas 2 linhas troncais para este corredor ter eficiencia total. É absurdo 100 ônibus SPTrans e 80 EMTU, aliás as EMTU deveriam ser extinguidas priorizando apenas a linha DIADEMA BROOKLIN e no terminal PIRAPORINHA distribuir as linhas.

    Parabéns pelo espaço amigo Adamo Bazani e amigo Milton Jung.

  9. Ola Ezequiel
    Notei sim os lotações desperdiçando combustivel quando ficam parados nos seus pontos além de obviamente, com talatitude dos seus operadores contribuir para mais poluição além do que ja existe.
    Infelizmente pouco se faz para o bem da população, no que se refere ao transporte publico na cidade de São Paulo.
    Principalmente aqui em SP.
    Um descaso total.
    Só agora ano das eleições é que começaram a pipocar as brilhantes ideias e projetos, do trem bala, metro de superficie que poderá rasgar, descaracterizar, influir de forma málefica e extremamente danosa no Bairro do Morumbi.
    Pode estar certo de uma coisa.
    Depois das eleições tudo para novamente e volta a estaca zero.
    Os politicos falam que grandes obras de metro estão sendo realziadas, corredores, etc.
    Por sinal bem capenga, pois diante do que foi prometido ao longo dos anos pelos politicos, pouco foi feito ate agora.
    De trezentos quilometros de corredores de onibus prometidos pelo Cassab SOMENTE OITENTA FORAM CONCLUIDOS.
    O metro de Buenos aires construido em 1913 cobre todos os locais da cidade, assim como o de Paris, Madri e outras cidades pelo mundo afora.
    é que nestas cidades os politicos "são um pouquinho! mais interessadoe pelos problemas e agruras do povo.
    Aqui só sabem fazer promessas antes das eleições para ver quem chega primeiro, tudo a um custo absurdo, patrocinados pelos grandes lobbys das construtoras, montadoras, empresas de onibus e cooperativas,das multinacionais a exemplo da Bombardier que descobriu que fabricar trens de metro da mais lucro que aeronaves.
    Ai descobriram a meca são Paulo, a galinha dos ovos de ouro o Brasil onde tudo o que é oferecido e cobrado é aceito.
    Independente de que partido for, pois ao meu ver todos sãof arinha do mesmo saco,
    Só mudam de nomenclatura mais nada.
    Sem esquecer do quanto somos assaltados quando temos que pagar nos pedagios, nos impostos que vem embutidos nas contas de serviços publicos, energia eletrica, gaz, agua, IPTU.
    Mas a conversa aqui é sobre transporte publico.
    Abraços
    Armando Italo

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