Vitória 0 x 3 Grêmio
Brasileiro – Salvador

Esperar contra toda esperança. Ouvi a frase do padre Anderson agora há pouco, durante a homilia das seis da tarde. Com voz de locutor de rádio – ele o é -, repetiu duas, três vezes, fazendo ecoar esta ideia na minha cabeça. Os caros e raros leitores deste blog, em especial desta Avalanche, sabem que teimo em não misturar religião e futebol, pois creio que Ele tenha coisa mais importante para fazer em meio a tantas coisas que nós desfazemos aqui na Terra.
Mesmo levando em consideração o feliz momento de nosso time, não irei fugir desta regra que me impus. Mas achei apropriado reproduzir a frase, afinal a esperança é algo inato ao ser humano. Desistir dela é abrir mão do direito de viver. E quando dá o acaso de você torcer para um clube com uma história de imortalidade, isto tudo se torna muito claro.
Superando todas as expectativas, atropelando os prognósticos e adversários e surpreendendo até mesmo a esperança dos seus torcedores, o Grêmio sobe rapidamente na tabela de classificação. Começa a vislumbrar o topo, apesar de sabermos que nossas metas são bastante humildes. Já falei por aqui que temos de olhar, única e exclusivamente, o jogo seguinte, os próximos três pontos, independentemente do que estiver acontecendo ao nosso redor.
Contudo, quando a vitória ocorre da forma como a que assistimos neste sábado à tarde, é sinal de que alguma coisa está mudando. Não pela dificuldade de se vencer quatro jogos seguidos fora de casa. Nem mesmo porque fizemos uma partida fenomenal. Exatamente pelo contrário.
Em campo, havia apenas cinco titulares. Dos zagueiros aos volantes, todos estavam no banco na partida anterior. No meio de campo e no ataque, a vida não era mais simples. Renato fez malabarismo para escalar o time e, confesso, tive dificuldade de enxergar como eles se colocariam no gramado. Havia o sério risco de termos apenas um amontoado de jogadores.
As coisas tinham tudo para dar errado, mesmo após o primeiro gol de Maylson, outro que tem estado mais tempo na reserva do que no time titular. Quantas vezes neste campeonato, jogando muito melhor do que hoje, saíamos na frente para ceder o empate no fim, às vezes até mesmo tomar uma virada.
E não faltaram chances ao adversário. Mas sempre havia uma gremista no caminho. Muitos à frente de Vítor, quando este próprio não fazia das suas impedindo o gol adversário. O passe saía desconcertado, a bola não ficava em nossos pés, mas o “inevitável” gol de empate não acontecia.
O tempo passava, a marca dos 40 minutos do segundo tempo chegava. Momento crucial, hora ideal para que o destino voltasse a nos preparar mais um revés. Foi assim durante toda a primeira fase deste campeonato.
Pois não é que ao chegarem os acréscimos, fomos nós que ampliamos o placar. Mais uma vez o predestinado Diego – não por acaso – Clementino e Edílson levaram à vitória elástica.
Sem dúvida, tem muita coisa mudando no nosso destino neste Campeonato Brasileiro. Mas é melhor não pensar muito nisso, não. Fiquemos aqui, apenas a saborear cada pontinho conquistado, cada colocação alcançada, refletindo sobre o que nos falam e as mensagens que nos enviam.
É hora mantermos nossa santa humildade sem jamais esquecer, porém, da nossa Imortalidade.
Sempre que vejo a frase colocada acima do comentário que costumo fazer a cada nova “Avalanche Tricolor,isto é,que ele será moderado,fico imaginando que é apropriada para nós,gremistas. Temos,de fato,que ser moderados quando falamos do Grêmio para que não pareçamos arrogantes,como disse o cronista gaúcho Juremir Machado da Silva,colorado roxo e invejoso da nossa imortalidade. Esforço-me,mas confesso que, diante dos últimos jogos fora de casa,isto está se tornando difícil manter a humildade.
Milton, impossível não se empolgar. Não sei aonde vamos chegar, acho dificil chegar acima do que estamos hoje, mas saber que o nosso Grêmio voltou, com o pessoal da base e com o espírito de Grêmio, já é um alento e tanto, ainda mais do jeito que as coisas se desenhavam neste ano. E Renato mostra sua maturidade e inteligência tática a cada jogo, fora sua maestria pra conviver com os boleiros. A esperança voltou.