Um passeio na esquecida Ilha do Bororé

 

Tem nome de Ilha, mas é península. Está em São Paulo, mas distante dos paulistanos. Tem crianças, mas não tem creche; tem vida, mas falta atenção. A Ilha do Bororé há algum tempo me tem sido apresentada por Devanir Amâncio, da ONG EducaSP, que colabora com textos e imagens no Blog. Para chegar lá, o melhor é pegar a balsa que sai da avenida dona Belmira Marim, no Grajaú, em direção à ilha.

Desta vez, Devanir Amâncio foi até lá, conversou com moradores e ilustrou o material com uma série de fotografias que publico em slideshow para você entender melhor do que estamos falando.

Vamos aproveitar este alerta para cobrar, no CBN São Paulo, respostas das autoridades públicas e conversar com a iniciativa privada para entender por que a região está esquecida.

Ouça a entrevista com Devanir Amâncio, no CBN SP e, abaixo, leia o texto enviado ao Blog do Mílton Jung:

O entorno da Represa Billings , na  Ilha do Bororé, região do Grajaú, extremo sul  da capital, está sujo e  degradado. A antiga ideia do  projeto de reciclagem modelo na Ilha, da Secretaria Municipal do Verde e do  Meio Ambiente,  não decolou. Pelas ruas não se vê lixeiras, o serviço de varrição inexiste, e algumas  placas que orientam os visitantes estão danificadas, corroídas pelo tempo; o cruzeiro, marco do povoamento da Ilha, segundo os moradores, está deteriorado. O saneamento básico e a iluminação são precários.

Um crime contra a infância que mereceria atenção especial do Ministério Público: trezentas crianças não têm creche. Pasmem ! A Ilha do Bororé, em seus 120 anos, nunca teve creche. O que é   sério nos tempos  modernos, inaceitável e prejudicial ao desenvolvimento humano da criança , trazendo para sempre consequências negativas em seu aprendizado (…) 

Na Ilha, cobra-se R$150 por mês para cuidar de uma criança. Reciclagem? Passaram-se anos do propalado discurso de vida sustentável, e, hoje, o que existe é um  único latão enferrujado – próximo à represa – com  o símbolo da reciclagem, espécie de lixeira coletiva, onde o lixo fica por dias a fio. Talvez os cerca de quatro mil habitantes desse pacato sítio urbano, e os milhares de frequentadores  do local, até turistas internacionais, merecessem estrutura melhor, inclusive posto policial fixo e banheiro público que não tem.
 
A esquecida Ilha do Bororé, desprestigiada ou ignorada pelos poderes públicos, é cheia de assuntos palpitantes, tem o seu lado triste, mas também tem a líder social Antônia Batista dos Santos, de 53 anos, a “Zinha”, mulher  forte, de mãos calejadas,  que acredita e luta para construir uma creche comunitária. O projeto já está bem adiantado. Ela não desiste, há tempo tenta convencer o Subprefeito da Capela do Socorro, Valdir Ferreira, a visitar e  conhecer a realidade sofrida do bairro Ilha.

9 comentários sobre “Um passeio na esquecida Ilha do Bororé

  1. A Ilha do Bororé faz parte da Rota Cicloturística Marcia Prado, cuja edição 2010 será no dia 18/12.
    Será uma boa oportunidade para conhecer esse pedaçõ de São Paulo, Maiores informações no site do CicloBR

  2. Fácil justificar esse "esquecimento": Bororé tem o que, uns 4 mil habitantes, pelo que ouvi o Devanir falar agora na entrevista a Milton Jung pela CBN? (alguém, poste o link do áudio aqui, porque não achei) então, tá explicado! Com 4 mil e poucos votos, quem se elege? Bororé não dá voto e a menos que algum megaempreendimento tipo algum Hopi Hari ou Playcenter ou Moinho Eventos da vida resolva fazer alguma coisa lá e botar o arcabouço socioeconômico pra operar na marra, o lugar vai ficar assim, com economia baseada na exploração de minhoca.

  3. Conheço estes lados da Billings desde os tempos do Clube de Campo Santa Monica.
    Na década de sessenta nada existia por aquelas bandas a não ser mata, estradas de terra, sitios, chácaras, vilas riberinhas em volta da represa.
    Se atualmente a ex bucolica e paradisíaca Ilha do Bororé com sua mata atlântica nativa agora totalmente devastada, chegou a este ponto de abandono, é por culpa e responsabilidade das administrações anteriores e da atual que não faz absolutamente nada para coibir o avanço da periferia em locais protejidos por leis.
    Diga-se mananciais, matas etc.
    Não é culpa dos moradores que la residem.
    Como sempre afirmo, quanto mais periferia, mais população, mais sujeira, mais degradação do meio ambiente e obviamente não podemos esquecer que mais votos politicos terão diante de suas promessas e mais promessas nunca cumpridas.
    Como acontece por exemplo nas zonas centrais da cidade que estão sendo devastada diariamente.

  4. Interessante, triste, revoltante, etc, etc e etc, porém nós deixamos!!!

    Nós o POVO somos a maior força!!!

    Divelguemos entre nossos conhecidos, em blogs, em sites, em emails e outros…

    Quem puder ir visitar, aproveite leve também informações e idéias para os cidadãos – povo brasileiro, que la vive!!!

    Podemos, cada um dentro do seu possivel, contribuir para que as coisas melhorem para o POVO [e não Nação] da Ilha do Bororé!!!

    Eu acredito que seja possivel!!!

    Não esperemos que o ESTADO e os TRÊS PODERES e a ADMINISTRAÇÃO venhão ter vergonha na cara e cumprir com o que deveriam cumprir!!!

    Nós somos o POVO Brasileiro, a maior força do Brasil !!!

    Tenhão todos uma ótima semana !!!

    ass: Douglas S.DaCosta

    http://2tjuridico.wordpress.com

  5. Bororé? Lugar esquecido mesmo. Quase 10 anos atrás instigou minha curiosidade, pelo próprio nome, improvável numa cidade não-litorânea.

    Não esperava um paraíso tropical ecológico, mas imaginava um mínimo de estrutura. Uma pracinha que fosse, com alguns serviços, posto de apoio ao turista. Mais ou menos o que acontece com a charmosa vila de Paranapiacaba. Mas que nada…

    Quem mora lá deve mesmo se sentir ilhado.

    Anos depois voltei, só que por conta do cicloturismo. É um aprazível trecho da Rota Marcia Prado.

    Curioso é que tal esquecimento permaneça mesmo a ilha sendo um dos pontos por onde passa o trecho sul do Rodoanel, ainda bem que sem acesso direto à mesma. Passa batido.

  6. Belo trabalho da D. Zinha!

    Faço jornalismo e meu TCC será sobre a região, que está sim esquecida e abandonada pelo por público local.

    Já até imagino que terei grandes problemas para obter informações sobre a região. Mas o mais importante é mostrar para a sociedade o absurdo que está acontecendo e o descaso com quase 4 mil pessoas.

    abs

  7. Boa Tarde Milton e os colegas blogueiros,

    Kararyu-Dragão fantasma comentario 3. Concordo pelanamnete com vc, realmente, a sua indagação, esta corretissima. Quem vai se eleger com 4 mil votos? Relamente se não aparecer alguem com espirito empreendedor e colocar grna nesse local, os seus moradores vão viver de comercio de minhoca mesmo. Pelos politicos que ai estão, que são segregadores, esse pobres viventes mortais, vão continuar no anonimato. Esses politicos, só enchergão viadutos, pontes, numeros, rodovias e o poder. Pessoas? só as ricas por que as desabastadas, eles as enchergão como mais um, é uma peça dos viadutos ou das pontes que eles constroem para terem votos.
    É só olhar a população moradora das ruas de SP. Aumenta a cada dia. E de quando em vez, aparecem justiceiros, matam esses moradores e nada acontece. A diferença da população da Ilha do Boré, é que eles estão matando de despreso. Isso, é revoltante.

    Att,

    JR.

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