Leia-me ou devoro-te

 

Por Carlos Magno Gibrail

Reading Is Fundamental

O enigma da Esfinge indagava “Que animal caminha com quatro pés pela manhã, dois ao meio-dia e três à tarde e é mais fraco quando tem mais pernas?” Édipo, filho do rei de Tebas e assassino inconsciente de seu próprio pai, solucionou o mistério, respondendo: “o homem, pois ele engatinha quando pequeno, anda com as duas pernas quando é adulto e usa bengala na velhice.” Ao ver seu enigma solucionado a Esfinge suicidou-se, lançando-se num abismo, e Édipo, como prêmio, recebeu o Reino de Tebas e a mão da rainha enviuvada, sua própria mãe.

Lembrei desta interessante passagem da mitologia egípcia ao ler a recente pesquisa do PISA Programa Internacional de Avaliação de Alunos e fui buscar na internet o texto acima. O objetivo do PISA é apresentar indicadores comparativos entre 65 países buscando a melhoria dos sistemas educacionais. Provas trienais para alunos de 15 anos em Leitura, Matemática e Ciências, de forma a enfatizar uma destas matérias a cada vez. Este ano foi a Leitura e o Brasil, 7ª Economia do mundo, ficou em 53º lugar.

É um alerta e tanto, principalmente se considerarmos a correlação demonstrada no estudo do PISA quando informa que as melhores performances estão com os estudantes que possuem mais livros em casa.

70% das residências nacionais apresentam menos de 20 livros. Entre aqueles países de casas com mais de 200 livros a Coréia tem 22,2%, o Brasil tem 1,9% , na frente apenas da Tunísia com 1,7%.

Pais e professores precisam entrar neste desafio e o Instituto Pró-Livro em sua última pesquisa mostrou que o gosto dos jovens pelos livros é oriundo da influência da mãe em 49%, das professoras 33% e dos pais 30%.

Não é tarefa difícil, é apenas questão de hábito que poderá ser ajudado pelos produtos informatizados, embora ainda na expectativa se aliado ou não da leitura de livros para os jovens brasileiros. As apostas, entretanto, são favoráveis.

É crucial para conseguirmos avanços econômicos, sociais e culturais. É fundamental para entender o mundo e não ser manipulado por ele, isto é, Estado, políticos, empresas, imprensa e até mesmo pelos que os cercam.

É o enigma do mundo moderno, leia-me ou devoro-te.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve no Blog do Mílton Jung às quartas-feiras


Foto da Galeria de Troy Holden, no Flickr

11 comentários sobre “Leia-me ou devoro-te

  1. Prezado Milton Jung. Nesta quarta-feira às 5h58, ligado na CBN, ouvi seu comentário com uma jornalista colega sua, após a mesma dizer que “LEIO OS COMENTÁRIOS DOS BLOGS”. Particularmente, como ouvinte assíduo, achei de uma grosseria seu contra-ponto. Dizer que as pessoas não devem lê comentários daqueles espaços. Ora, senhor Milton, uma Rádio e um jornalista da sua credibilidade jamais poderá dizer o que o ouvinte ou sua colega tem de fazer, a ponto de a mesma dizer “vou acatar seu pedido”. Tenha paciência, senhor Milton. Este tipo de comentário faz com que ouvinte de “carteirinha” da CBN vá se afastando para a BAND NEWS ou outra concorrente com a mesma credibilidade.
    Peço, pois, pedir-me desculpas, no ar no mesmo horário.
    No Blog do Noblat, por exemplo, faço meus comentários em todas as matérias postadas, vez por outra. Me identifico com meu nome. Sei que sou censurado pelo Moderador do Blog, principalmente quando cito as figura, da quadrilha do Mensalão: Zé Dirceu, Genuíno, e outros, também, quando cito a Dilma e o Lula e outros que em nada representaram para nosso país. Fica o meu protesto como ouvinte e “COMENTARISTA” de Blogs, jornais e colunas diveras dessa ferramenta chamada Internet.

    José Monte Aragão

  2. Caro Carlos
    Leitura é um ítem que menos interessa a grande maioria de brasileiros.
    Em primeiro lugar porque o custo de um livro custa muito caro para a maioria da população
    Basta conferir a incidencia de impostos no custo final em um livro.
    Em segundo lugar, o governo não tem interesse que o brasileiro adquira cultura
    Por razões óbvias.
    Abraços
    Armando Italo

  3. Carlos, isso ocorre porque o Governo finge que dá educação ao povo, o professor (claro que não são todos) finge que dá aulas e o aluno finge que está estudando. Resultado: Temos um País onde o cidadão só lê algumas linhas e sabe assinar seu nome e para a pesquisa do Governo ele é considerado alfabetizado. Tiririca foi um exemplo disso. E a culpa não é do Tiririca, está na Lei: Toda pessoa maior de idade e alfabetizada pode se candiatar a uma vaga onde ira legislar sobre diversos temas que poderão interferir diretamente na vida do cidadão comum. Para o Governo ficar bonito na fita e na foto de uma época para cá, o aluno não reprova mais e basta escrever meia duzia de palavras que o cidadão é considerado alfabetizado. Ai sai a pesquisa: Indice de analfabetos no País cai a cada ano. O professor de verdade aquele que nasceu para lecionar e orientrar os alunos aos poucos estão acabando nas escolas. O que temos: desempregados que por falta de opção escolhe ser professor para se garantir no funcionalismo público. Isso ocorre tbém no setor de enfermagem. Digo isso porque trabalhei numa empresa onde vários amigos foram fazer Pedagogia ou Enfermagem para garantir um futuro melhor no setor público. Vocação não tinha nenhum. Um dia ouvindo a conversa de dois amigos professores um deles disse: Tenho um aluno que é problemão, não sabe ler direito, tira nota ruim, e tumultua a sala de aula. Já falei com os pais e eles dizem que não podem fazer nada porque trabalham o dia todo. E o aluno é violento. Bate nos outros alunos e a diretora disse que o problema é meu que tenho que doutrinar e orientar esse aluno. E o outro professor responde: Empurra com a barriga, passa ele de ano porque no ano que vem o problema vai para outro professor. Eu faço isso, aluno problema, passo ele de ano e a encrenca fica para o próximo professor. Eu não vou arriscar meu “couro” com aluno que não tá nem aí com os estudos para ganhar esse salário precário. Então já viu né seu Carlos como está a educação no Brasil. Uma pena né?

  4. Se o governo fosse realmente interessado e tivesse suas atenções voltadas ao ensino publico, pagando e valorizando professores mestres realmente o que merecem e não o que o governo acha que tem que págar certamente os professores teriam mais animo, vontade de trabalhar.
    E passariam a incentivar os alunos.
    Como um professor pode incentivar os seus alunos a ler e escrever se os mesmos alunos, por serem “dimenor” usam e abusam das leis do ECA?
    Vontade de ensinar os professores tem sim e muita.
    Como dar aulas sendo que o professor quando chama atenção de um aluno para prestar mais atenção nas aulas, estudar as materias, correm riscos de seram assassinados, agredidos em plena sala de aula, por exemplo, um fato que aconteceu ontem quando uma professora chamou a atenção de uma aluna e levou uma cadeirada nas costas, tendo que passar por cirurgia no hospital.
    E outros fatos semelhantes e até piores.
    Como uma criança., adolescente pode adquirir o habito de ler em casa se seus pais, muitos trabalham fora, os filhos para passar o tempo ficam o dia inteiro na frente da tv e do computaodr fazendo só Deus sabe?
    Então os jovens, crianças não tem o costume de ler porquê no Brasil o sistema é falho.
    Os governos não valorizam os professores a altura do que merecem.

  5. Armando Italo, com a subida do poder aquisitivo das classes D e C, os preços começam a ficar palatáveis. Além disso temos as Bibliotecas.
    A falta de leitura não é só das classes menos abastadas, é fácil verificar quando se viaja de avião. Entre 200 passageiros nem 5% lêem . Nem a revista de bordo.
    Fica claro que as pessoas que não possuem leitura suficiente estão mais propensas à manipulação.

  6. Daniel Lescano, acredito que um aspecto negativo é a escola tratar os alunos como se trata consumidor de produtos. Caso em que atenção e reverência total é condição essencial.
    Aluno precisa ser reverenciado entregando disciplina e cobrança para assiduidade, aplicação e compostura na sala de aula. Não é isso que estamos vendo genéricamente falando.
    Entretanto como cobrar disciplina nas salas de aula se no Congresso Nacional os deputados e senadores nem prestam atenção em quem está falando , e nem se dão ao trabalho de sentar como gente civilizada?

  7. Armando Italo,comentário 3, acredito que o governo é reflexo da cultura da população brasileira.
    Se atentarmos, o povo em geral não está dando a atenção devida à educação.
    Os dirigentes que estão aí, legislativo e executivo foram colocados através do voto da população.
    É hora mai que tarde de cobrarmos as coisas certas nas campanhas eleitorais.
    Você lembra nas ultimas eleições quais os assuntos mais debatidos?
    Deus, aborto, etc.

  8. Prezado Prof. Dr. Carlos Magno,

    o progresso da ciência e da tecnologia no mundo de hoje processa-se em um ritmo veloz e ocasiona grandes mudanças em todos os setores. É, portanto, exigido do homem um ajustamento constante a necessidades que estão sempre mudando. A própria instrução que hoje ministramos poderá ser considerada inadequada ou insuficiente amanhã.
    Para que o homem possa se manter atualizado deve autoeducar-se de modo constante.
    Em vista disso, a leitura e os livros têm hoje um novo significado, que é o de permitir a atualização das pessoas e tornou-se assim, indispensável ao homem moderno.
    Cabe à escola não só ensinar ao aluno a ler, mas também ensiná-lo a utilizar a leitura como fonte de informação e recreação.
    Para elaborá-lo, o aluno deve descobrir a organização dada ao trecho que consulta, e a relação entre as ideias retirando-lhe apenas as ideias mais importantes, que devem ser anotadas em forma de tópicos e subtópicos.
    Se o aluno vai fazer um esquema de informações colhidas em várias fontes, pode organizar uma estrutura adequada ao objetivo da pesquisa e, em seguida, preenchê-la com os dados encontrados.
    A escrita é um poderoso instrumento para preservar o conhecimento. Anotar é a melhor técnica para guardar informações obtidas, por exemplo, em sala de aula, livros etc. Manter os apontamentos é fundamental. Logo, nada de rabiscar em folhas soltas. Mas também não se deve ir escrevendo no caderno de anotações tudo o que se ouve ou lê. Tomar notas supõe rapidez e economia. Por isso, as anotações têm de ser:
    suficientemente claras e detalhadas, para que sejam compreendidas mesmo depois de algum tempo;
    suficientemente sintéticas, para não ser preciso recorrer ao registro completo, ou quase, de uma lição.
    Anotar é uma técnica pessoal do estudante. Pode comportar letras, sinais que só ele entenda. Mas há pontos gerais a observar. Quando se tratar de leituras, não basta sublinhar no livro, o que, aliás, não deve ser feito em livros que outras pessoas precisem consultar, pois os inutiliza.
    Deve-se passar as notas para o caderno de estudos. O aluno tem de se acostumar à síntese: aprender a apagar mentalmente palavras e trechos menos importantes para anotar somente palavras e conceitos fundamentais. Outros recursos: jamais anotar dados conhecidos a ponto de serem óbvios, eliminar artigos, conjunções, preposições (como na linguagem telegráfica) e usar abreviaturas.
    É preciso compreender também que anotações não são resumos, mas registros de dados essenciais que podem ser relacionados entre si por meio de flechas indicativas.

    Prof. Dr. Carlos Magno,

    Os pais devem considerar o livro como um instrumento com que a criança tenha um relacionamento íntimo, no qual vai aprender lições que ajudarão muito na sua formação posterior. Se uma criança não possui o gosto pela leitura na infância, na adolescência ou na fase adulta as coisas se tornarão difíceis.

    O pré-escolar é o grande momento onde deve haver um estímulo à leitura. Essa relação deve ser bem natural, e de forma lúdica, tanto em casa quanto na escola. Mas temos uma grande preocupação com o que a criança realmente deseja. Afinal, o que ela pensa sobre os títulos que estão à sua disposição? Sendo ela a maior interessada, é justo que se faça um levantamento nacional sobre as aspirações do nosso público infanto-juvenil, isso evitaria o pseudodidatismo que pode ser detectado em muitas obras.

    O que fazer para os estudantes leiam mais? A resposta não é tão simples. Os professores podem, discretamente, variar a oferta literária, entendendo que literatura não é língua somente. A leitura da obra literária, luxuosa ou não, é o ponto de partida ou regra de ouro do ensino de letras, que lidará com gêneros ou tipos conhecidos desde Aristóteles. Assim são criados os fundamentos literários para trabalhar o lirismo, a narrativa ( conto, romance, epopéia etc.) e outros tipos, como as memórias, o diário, a máxima, identificar o gênero é um primeiro e fundamental exercício, a que se deve somar o exame da estrutura da narrativa: enredo, personagem, tempo, ordem de relato, suspense, apresentação e desfecho.

    O bom professor , que estimula o gosto de ler, promove a leitura acompanhada, dialogada, comentada, leitura a dois etc., para identificar com os alunos a existência de uma obra de arte literária. Quando ocorre a descoberta, não há dúvida, estamos diante do intrincado e maravilhoso mundo da literatura. É o campo de ação das Salas de Leitura, que devem ser estimuladas em todo o Brasil.

    Abraços de quem o admira,

    Nelson Valente

  9. Prof.Nelson Valente, há ainda outros caminhos como o exemplo materno ou paterno da leitura, podendo ser jornais, revistas ou livros.
    Em casa sempre tive o exemplo além de ser estimulado com revistas de esporte, jornais esportivos e publicações infantis.
    Dificil é quando a criança fica diante de professores não estimuladores e pais sem hábitos exemplares.
    Recentemente tenho tido conhecimento de criticas à orientação brasileira de leitura aos autores nacionais, como José de Alencar e Machado de Assis, e particularmente não concordo. São inesquecíveis os livros O Guarani, Iracema, A Morenhinha, Memórias Póstumas de Bras Cubas.

    Grande abraço

  10. José Monte Aragão, a liberdade é realmente complicada de se fazer exercer.
    Gosto da colocação que afirma ; A LIBERDADE DE CADA UM VAI ATÉ O LIMITE DA LIBERDADE DO OUTRO.
    A liberdade de se importar ou não é de cada um.
    Entre nos sites de futebol e verá a quantidade de opiniões agressivas e ofensivas registradas por fanáticos.
    Na esfera politica não é diferente. A sua própria linguagem referente á QUADRILHA , vamos convir, não é muito elegante.
    Isto sem considerarmos a hipotética defesa do PT atribuída ao jornalista Milton Jung que por sinal sob o meu ponto de vista é absolutamente falsa e não corresponde a realidade.
    De qualquer maneira está aí publicada.

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