O que é que corrompe o bicho homem, o que é que faz ele roubar, trapacear, enganar, maquinar, tramar na penumbra, no sussurro, no barraco, no palácio, em pequena, em grande quadrilha? É o dinheiro, é o poder? Não, meu caro, dinheiro e poder só facilitam a passagem para que a personalidade doente, egoísta, mimada, desvirtuada, abra as asas sobre a alma. Roubo, trapaça, engano e formação de quadrilha são cartadas ilegais no jogo desta sociedade, mas entra governo sai governo, o enredo é o mesmo dentro e fora dele, acima, abaixo e dos lados. Não entendo como a corja é tratada com deferência dentro e fora do cargo, antes do delito, durante o próprio e depois dele. O cargo que investe o cidadão sempre mereceu a deferência devida à sua importância, à sua nobreza. Hoje nobreza só entra em cena na qualidade do tecido de ternos e gravatas, saias e casaquinhos que seguem o modelo ditatorial da moda; e de todo o resto, muito muitíssimo! já que quando a farra acaba, se leva tudo embora amoitado, na mala da ilegalidade, da impunidade, da iniquidade.
O político é montado e transformado num manequim, para agradar o maior número possível de eleitores que vai se espelhar no modelo, como cantor de pagode ou artista de novela. A corja se candidata e nós a elegemos, torcendo e defendendo o seu partido na batida de torcida de time de futebol. A camisa é amada a despeito de quem está dentro dela. Corta-se e penteia-se o cabelo como manda o marqueteiro de plantão, e Botox não pode faltar porque ruga é sinal de preocupação, e poder não pode dar mostra de humanidade e muito menos de tangibiidade. Alguém acredita que veste o rei, e nós acreditamos que vemos as suas vestes.
A sensação de impotência que me traz a realidade política e social, podre, descontrolada, violenta, egoísta, comprometida com o escuso, armada de diploma ou de tresoitão, é desesperadora, tal goteira no teto do quarto, bem em cima da cama, mirada no travesseiro e que pingasse toda noite, a noite inteira, no meio da minha cara.
A parte do povo que ainda não forma quadrilha se atropela, se machuca, cada um defendendo o quê? O seu.
Há muito tem sido cobrado de mim maior interesse pela política, com direito a discurso partidário e tudo, mas como pode vir a ser maior algo que nunca existiu? A política é o retrato de um povo; a nossa reza pela cartilha do inculto contra o culto, do pobre contra o rico, e vice-versa, e isso eu confesso não adianta, não me interessa.
Choro por ti, povo brasileiro, choro por mim, impotente, incapaz de qualquer coisa que possa fazer de ti e de mim, dos teus netos e dos meus, cidadãos respeitados e amparados pela sociedade. Seguramente não estarei aqui, mas espero, do fundo do meu coração – e nisso eu sou boa – que um dia possam ver o outro como companheiro de vida; não como inimigo a espreitar no beco, na virada da esquina, dentro de casa.
Maria Lucia Solla é terapeuta, professora de línguas e realiza curso de comunicação e expressão. Aos domingos, escreve no Blog do Mílton Jung |
Querida amiga, tua qualidade de articulista já está, sobejamente, demonstrada. Mas hoje o artigo está DEMAIS !
Uma crítica lúcida, inteligente e sobretudo com a emoção que
entristece a todos os brasileiros de bem . Valeu, bjs Maryur
Prezada Maria Lucia,
Bom dia.
Acho que todos os problemas que voce mencionou estão atados,vinculados a educação.
Desculpe a rudeza do termo,porém ,ética,moral,respeito a si e ao próximo só se aprende em casa.
Ter uma religião,qualquer que seja,também é importante.
finalmente é preciso dar amor aos filhos,carinho.
Beijos
Farininha.
Mike Lima
Estamos chegando no limiar do caos
Tomara!
Assim, sem mais para onde ir, o proprio caos se encarregara de reorganizar e por tudo em ordem.
Só que infelizmente pelo sofrimento e não pela inteligencia, criatividade e bom senso.
e tem gente, politicos principalmente, ainda que não acreditam que tudo isso um dia pode acabar e tudo retornar a normalidade.
Certamente vai demorar algumas gerações para que isso possa ser realizado
Pois tudo que sobe, por mais alto que seja, em um momento tem que descer e rapidinho.
Bjus bom findi
Mike Lima
Acabei de receber por email um video sobre a cidade de Curitiba
aqui no link
http://www.blogdoaitalo.blogspot.com/
Abaixo deste link mais dois artigos sobre a quantas andam a saude publica em São paulo e Brazil, os reais interesses dos nossos politicos e politica, o pouco de historia que ainda resta e persiste em São Paulo
tem muio a ver com seu profundo artigo de hoje
Os meus sinceros parabéns pelo artigo minha cara.
Alpha India November.
Choro contigo, Maria Lucia, e copiosamente!
Belíssimo texto.
Beijo,
Suiang
Com ou sem goteira de agua mole, máscaras sociais se furam o tempo todo, sejam de pedra ou papelão.
É só esperar que não aconteça tarde demais.
Beijos
Obrigada, Maryur,
pena que tenha que ser regada a tristeza e desesperança, né?
beijo e boa semana,
ml
Farina,
verdade verdadeira.
Educação. Berço! (atenção, berço não quer dizer dinheiro; é sempre bom lembrar.)
Sinto que é um conceito que está perdendo a força e pouca gente sabe o que significa.
beijo e boa semana,
ml
Alpha India,
você tem razão. A vida é mesmo cíclica.
E nós tínhamos que nascer bem no momento em que a corda está esticando no seu limite?!
beijo e boa semana,
ml
Su,
e eu que sempre prometo que a gente ainda vai rir muito!
É melhor sentar.
beijo e boa semana,
ml
Bruno,
é verdade; não há máscara que resista muito tempo. Bem, tem umas aí que duram uma vida inteira e pra desgraça da Nação, ainda têm vida longa. E o povo se acostuma, com pedra e com papelão. O povo é boi manso (a maioria), em todas as situações da vida, nas amizades, nos amores, no trabalho, no casamento. Dá dó!
Agora, já que temos que esperar, mesmo, sempre melhor escolher bem as companhias, certo?
Você certamente é um escolhido para esperar comigo.
beijo e boa semana,
ml
Maria Lucia,
Sinto-me representado. Sabe por que? Você disse tudo o que eu tenho vontade de dizer, pera aí…somente eu não, acredito que centenas , milhares de pessoas, um desabafo.Por falar em poder, dinheiro… recordei de O Príncipe de Maquiavel que demonstra uma maneira de renuncia de atingir a verdade absoluta, de encarar o ser humano, faz a idéia de "Poder " que pregava a prática acima da ética, pois tudo é válido contanto que o objetivo seja manter-se no poder.Veja , acredito que há de quinhentos anos…Maquiavel escreveu.
beijos…
Mike Lima
aqui vc diz:
“E nós tínhamos que nascer bem no momento em que a corda está esticando no seu limite?!”
e eu respondo:
Deus dá o fardo para aqueles que tem força para carregá-lo
Tá lá no livro dos livros.
Um piloto para assumir o comando de um 747 tem que estar preparado.
Bjus
Armando Italo
Marcos Paulo,
é verdade. É o homem o ingrediente disso tudo. é ele que precisa desentortar.
Fazer o quê, ne?
A gente vai levando, a gente vai levando, larálará!
Obrigada.
Beijo e boa semana,
ml
Malu,
diz a sabedoria popular que só é possível mentir pouco para muita gente ou quando a mentira é muita, os iludidos tem que ser só uns poucos.
Tá todo mundo com os sapatos apertados demais e as mentiras que chegam a diário, tem cada vez menos correspondido ao que encontramos logo que saímos à rua.
Concordando e discordando mas sempre nos comunicando. É assim que acredito, chegaremos a bom termo. Cada um fazendo o que é possível e logo não haverá espaço para notícia de quem viva as custas do trabalho alheio. Pelo menos não como temos visto acontecer.
Boa semana minha querida.
Alpha India,
pois é, ” Deus dá o fardo para aqueles que têm força para carregá-lo”!
Devo ter exagerado, quando preenchi a ficha. Mania de grandeza!
beijo,
mike lima
Oxalá, Sérgio!
Oxalá!
beijo e boa semana procê também,
ml
Mulher !!!!!!! Voce falou bonito, tenho certeza que foi do fundo do coraçao, parabèns, por ter posto pra fora tanta verdade…….infelizmente è esse o nosso Brasil.
Maria José,
obrigada por tuas palavras.
Meu coração, ah, o meu coração! ele fala muito menos do que gostaria, mas luta, luta, sem dar e nem pretender trégua.
Quanto nossa Pátria, se imaginarmos que o Brasil é um círculo de 100 metros de raio, a partir de nós, o centro. e se agirmos ali, no nosso Brasil imaginado, como gostaríamos que fosse o Brasil real, ele nisso se transformaria.
Não adianta a gente querer que o entorno mude, quando tudo começa em cada um de nós, verdade?
Beijo e boa semana,
ml