Blitze e blitzes contra a violência no trânsito

 

Por Milton Ferretti Jung

Desculpem-me se me torno repetitivo nestes textos de quintas-feiras, mas vou correr o risco de ser visto como chato. Preciso voltar a escrever sobre trânsito. Creio que numa das primeiras abordagens a respeito deste tema salientei que as autoridades policiais, seja por carência de efetivo, seja por outras razões com as quais não chego a atinar, costumavam patrulhar as rodovias durante os feriados prolongados, quando o interessante, por motivos óbvios, seria que fizessem isso mais frequentemente. Agora, entretanto, ao menos nos 25 pontos em que o número de acidentes fatais, nas estradas gaúchas, é maior, policiais estaduais e federais, numa iniciativa inédita no Rio Grande do Sul, se concentrarão nos feriadões deste fim de ano (ainda somente nesses feriados festivos), visando a tentar impedir que motoristas assanhados ponham em perigo a vida dos que sabem se comportar.

Serão realizadas blitze conjuntas da Brigada Militar e Polícia Rodoviária Federal, contando com o apoio da Civil, em casos que exijam prisões em flagrante, já no feriado der 15 de novembro. Os Federais, com efetivo de 170 agentes – o normal é cem – estão contando que conseguirão dissuadir os habituais mal intencionados de praticarem tropelias de toda a espécie, lembrando, desde já, que os policiais, na hora de multar, serão inclementes. Nos pontos mais críticos das rodovias a fiscalização será intensificada. É possível que esta força-tarefa vença a batalha que travará nos estertores de 2011, especialmente nos feriados de Natal e Ano-Novo. Particularmente, no entanto, eu gostaria que o rigor no controle do trânsito nas rodovias não só do Rio Grande do Sul, mas do país inteiro, não se restringisse à realização de blitze em feriados e, sim, fosse posta em prática durante o ano inteiro ou, que seja, na maior parte dele.

Já que tanto digitei a palavra blitze, permitam-me uma digressão em torno dela: não consigo entender que tenham aportuguezado o verbete, mas mantido o plural na língua original – a alemã – contrariando a nossas gramática. Blitzkrieg, em alemão, significa guerra-relâmpago. Os germânicos formam o plural de blitz acrescentando “e”. O lógico para nós, brasileiros, seria pluralizar a palavra acrescentando-lhe “es”,isto é, blitzes.


Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)

Um comentário sobre “Blitze e blitzes contra a violência no trânsito

  1. Prezado Milton Ferretti Jung,

    O noticiário brasileiro, depois de várias tragédias no trânsito, com “bestas feras” no volante, alcoolizadas e sem habilitação, matam, mutilam suas vítimas e ficam impunes diante de uma Lei boi/vaca e agora, tentam estabelecer o que se passa na cabeça dos “assassinos de quatro rodas” para cometer essa monstruosidade.
    Vamos continuar a ter mortes, porque nada vai mudar enquanto não houver a certeza de que quem descumpre a lei vai preso e pagará caro pelos seus atos. Quem bebe e mata assume a responsabilidade por seu ato. É crime doloso ou culposo? Não importa, porque é crime.
    Os números elevados, segundo especialistas, expõem a certeza de impunidade de quem causa morte no trânsito, principalmente alcoolizado.
    O exemplo está nas tragédias do fim de semana, casos que envolvem a mistura álcool e direção ocorre porque encontram brechas na lei.
    A legislação é fraca e benevolente com o autor dessa prática criminosa, pois permite que a pessoa, mesmo com indícios evidentes de embriaguez, seja dispensada do teste de alcoolemia. Dessa forma, o condutor até paga multa e responde a um processo administrativo, mas fica livre do caráter criminal.
    A lei tem de ser mais rígida, buscar mais efetividade e deixar de ser cheia dessas garantias.
    No Brasil, essas normas têm hierarquia que vai desde a Constituição Federal até o simples comunicado. Assim, para o desempenho de suas funções, principalmente os especialistas de educação necessitam no mínimo de conhecimentos do suporte da estrutura do sistema.
    Os legisladores em todos os níveis nem sempre são bastante felizes. As normas editadas nem sempre são redigidas com a necessária clareza. Daí surgirem, não poucas vezes, interpretações contraditórias sobre o mesmo texto. É bem verdade que as leis propriamente ditas não são muito numerosas, mas os regulamentos, constituídos principalmente de decretos, resoluções, portarias, são abundantes.
    Sua função é dizer se é legal ou ilegal, conforme sejam ou não cumpridos os prazos e as formalidades, fazendo com que a legislação passe a ter antes, um caráter punitivo do que reforçador.
    Por todos os canais abertos e fechados, pululam especialistas em tudo.
    Psicólogos, Psiquiatras, Psicanalistas Religiosos, Políticos Policiais e os “analistas” de tudo tentam emplacar uma “explicação dos assassinos de quatro rodas”. Enfim, uma parafernália de “explicações”, profundamente inócuas, haja vista, o mundo é real e jamais virtual, porque no mundo midiático, digital, instantâneo, a informação é cada vez mais estilizada, pasteurizada, e os fatos recortados da realidade sem nexo, sem contexto, sem passado, sem história, sem memória, numa destruição clara da temporalidade, como se o mundo fosse um eterno videoclipe. Dessa forma, mais confunde do que esclarece e mais deforma do que forma.
    A Expressão do guarda de trânsito traduziu o horror de que estava impregnado: “Perdemos um Iraque por ano em acidentes de trânsito”. De fato, o Brasil detém esse lamentável recorde, morrem 50 mil pessoas por ano em acidentes de trânsito e 350 mil ficam feridas. Há 1 milhão de acidentes anuais.
    Em Tóquio, impressiona-se com a divulgação em paineis, colocados em pontos estratégicos, informando o número de acidentes daquele dia (até o momento). São dados incríveis, que serviam como alerta para os que gostam de correr em demasia.

    Na capital de São Paulo, que tem a metade do número de automóveis de Tóquio, morre diariamente o dobro de vítimas, o que demonstra claramente a irresponsabilidade com que se dirige em nosso país. Corre-se demais, não se usa adequadamente o cinto de segurança e há muito motorista que dirige depois de ter bebido em excesso. Os resultados de toda essa ação indesculpável são facilmente previsíveis.

    Assim, é defensável a iniciativa de estabelecer a campanha: Não dirigir quando beber. Esse é o código. Para que essa consciência se crie, no seio da nossa população. Há muita gente achando que já se ministra coisa demais, nas escolas brasileiras, mas sou favorável a esses ensinamentos.
    Os pais, mais uma vez, poderão ser educados por intermédio dos filhos. E aprenderão também a não dar automóvel a quem ainda não tem maturidade para isso. Em muitos casos, essa antecipação tem sido fatal.

    A mentalidade do Sul do país é muito diferente: o empresário participa mais das questões educacionais, a partir da compreensão de quem por aí se traça o caminho do desenvolvimento.
    O resultado é que existe uma forte participação comunitária em todos os projetos. As autoridades estão conscientes dos “experts” para não dizer das bestas-feras do volante que circulam pela cidade.
    Proposta de uma campanha de Paz no Trânsito: Não beba ao dirigir. Todos os caminhos levam ao céu. Depende de você!

    Abraços de quem o admira,

    Nelson Valente

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