É proibido

 

Por Maria Lucia Solla


Ouça “É proibido” na voz e sonorizado pela autora

Antes de ajudar alguém, fazemos a nós mesmos três perguntas muito simples:

A pessoa pediu ajuda?

Se a resposta for negativa, paramos por aí. Bico calado! Congelado! Não há nada a fazer. Se, no entanto, a resposta for positiva, podemos passar para a segunda pergunta:

A pessoa disse o que quer? Disse do que precisa?

Se a resposta a essa segunda pergunta for negativa, podemos até dizer que quando ela souber o que quer, quando souber do que precisa, pode contar com nossa boa vontade para tentar ajudá-la, e ficamos por ali. Aguardamos. Só se a resposta for positiva, passamos para a terceira pergunta:

Eu tenho para dar o que a pessoa precisa?

Se a resposta for negativa, não há o que fazer. Não podemos dar o que não temos. Se for positiva, podemos oferecer o que temos sobrando, o que não vai fazer falta, e oferecer simplesmente, sem exigir que a pessoa a quem estamos ajudando use o que lhe demos ou siga nosso conselho. Podemos ajudar sem exigir que a pessoa siga nossa orientação. Podemos ajudar sem exigir que a pessoa engula a pílula oferecida.

Só se pode levar um cavalo com sede até a beira do lago, mas jamais obrigá-lo a beber a água. Podemos chorar de tristeza ao vê-lo morrer de sede, com tanta água à disposição, mas não podemos forçá-lo. Não podemos obrigá-lo a beber. Lembre-se que muitas vezes quanto maior o benefício oferecido, maior pode ser a ingratidão. Nos machucamos à toa e atraímos sentimento negativo.

Você já deve ter ouvido não te pedi nada! Ou depois de fazer das tripas coração, passa um tempo e você ouve: Você nunca me ajudou, nunca fez nada por mim! Isso quando não é acusado injustamente de coisas que nunca nem pensou em fazer. Lembre-se de que, mesmo respeitando as perguntas e respostas, o caminho é escorregadio. É preciso cuidado, concentração e energia. E principalmente instinto de sobrevivência. Você concorda?

Pense nisso, ou não, e até a semana que vem.

(Trecho do meu livro “De bem com a vida mesmo que doa”, revisitado.)


Maria Lucia Solla é professora de idiomas, terapeuta, e realiza oficinas de Desenvolvimento do Pensamento Criativo e de Arte e Criação. Aos domingos escreve no Blog do Mílton Jung

13 comentários sobre “É proibido

  1. Amiga Maria Lucia,
    Bom dia.
    Como o ditado popular,A VIDA NÃO É JUSTA,AO CONTRÁRIO MUITO INJUSTA.
    Porém temos que seguir com ela,pois somos sempre responsáveis pelo que cativamos,principalmente no plano familiar.
    beijo
    Farininha

  2. Amiga querida, esse foi um aprendizado duro para mim, saia sempre de peito aberto em socorro de quem quer eu pensasse estava precisando, e nem sempre era entendida ou necessária.
    Providencial mesmo, este alerta de hoje. Bjs Maryur

  3. Perai, perai, perai…..como se dizia lá no interior:

    Quando se faz algo à alguém não se busca agracedimento.

    Certa vez Jesus nos disse: “qua a vossa mão esquerda não saiba o que faz a direita”

    Independentemente de religião, ficamos aqui só com a moral, aquele que faz alguma coisa a alguém não deve esperar recompensa ou nada em troca.

    Faz-se simplesmente por se fazer.

    Ponto

    Ou é melhor não fazer nada

    Abraços

  4. Ezequiel,

    peraí, peraí, perai, digo eu!

    Não me fiz entender. Falha minha, seguramente.

    Nem pensar em agradecimento. Fora de questão!
    As perguntas servem para a gente não dar ao outro o que a gente “acha” que o outro precisa.

    Desse modo ninguém se fere.

    beijo e boa semana,
    ml

  5. De proibição em proibição vamos dando e levando. Na contramão da sociedade de consumo, um legislar em causa própria. De tanto em tanto, "afiar a faca na pedra das ingratidões". Humanidades. E você, segue dando belos textos a alimentar coração e imaginação. Sem parar.Sem ninguém pedir.Beijos.

  6. Suely,

    obrigada por ter vindo.

    viu no que dá? Será que eu escrevi em grego?
    Tô passada!
    rsrs brincadeirinha.

    escrevo pra respirar pra viver
    e como é bom viver e respirar junto
    fico contente que você
    tenha sempre
    o que dizer.

    me sinto menos só.

    beijo,
    ml

  7. Alpha India November,

    Esse negócio de fazer o bem sem olhar pra quem esbarra sempre na vaidade do cidadão. Sabe que há anos não acredito em esmola na rua, e tinha sempre uma caixa de boscoitos variados no banco de trás do carro. Sempre achei que a fome deve ser o pior dos sofrimentos. Tinha uns fregueses cativos que quando me viam já iam berrando: a tia do biscoito!

    Até aí tudo bem, mas aprendi que ninguém sabe do que o outro precisa, quando na minha janela apareceu uma mulher com um bebê de colo e mais dois agarrados à saia dela. Dei a ela três tubos de biscoitos. As crianças que se agarravam na saia dela, vibraram. Sabe o que a mulher fez? Jogou no chão e pisou em cima. Não era disso que ela precisava e eu, de dentro do meu possante, achava que tinha as respostas para os males alheios. Hoje sei que mal conheço as minhas reais necessidades, os meus desejos.

    Não tem nada a ver com valores, de quem está certo ou errado, se tem que ser o bom-samaritano, ou não. Tem a ver com o respeito pelo outro, tentar saber ao menos se ele quer ajuda e se sabe do que precisa. O caminho fica mais curto para um resultado muito mais gratificante para todas as partes.

    Amanhã entro no teu blog para ver o artigo. Já passei da hora de ir para a cama. amanhã o dia é cheio.

    beijo,
    ml

  8. Em Algum Momento Seremos chamados a Cumprir Nossa Verdadeira Missão
    Texto: Daniel Lescano

    Começou a contagem regressiva para o final de mais um ano. E por sinal, a contagem começa praticamente em outubro quando as primeiras árvores de Natal começam a dar as caras na cidade. Culpa do comércio talvez, mas não precisamos entrar nessa onda. Como vivemos numa correria, ultimamente estamos nos adiantando nas nossas comemorações. Se pudéssemos, o ano acabaria em outubro. Afinal, sempre nos apegamos com essa idéia de que com a virada de ano nossos problemas também acabariam junto com o ano que está indo embora. Como se nossa Missão terminasse a cada final de ano e recebêssemos o Certificado de Missão Cumprida. Quando chega a meia noite respiramos fundo e comentamos: Vou começar outra Missão.
    Mas será que a nossa Missão termina quando acaba um ano e começa quando se inicia um novo ano? Que Missão é essa que fazemos tudo na correria sem prestar atenção em quem está ao nosso redor? Olhando só para nós mesmos. Mal começa o ano e já nos programamos: Este ano vou estudar inglês, batalhar um novo cargo, comprar um carro novo, casar, ter filhos, educar os filhos, fazer a tão sonhada plástica, viajar, passar o Carnaval na Bahia, a Páscoa na Argentina, as férias nos EUA, e o próximo Ano Novo na praia. Ufa que Missão que fiz para mim. Mas Deus vai me ajudar nessa minha Missão. Missão ou plano pessoal? Nossa Missão neste planeta é muito maior do que esses planos pessoais do dia-a-dia.
    E por falar em Missão me lembro de um texto belíssimo de Clarice Lispector que resume bem o que significa a palavra Missão. “Cada ser humano recebe a anunciação e, grávido de alma, leva a mão à garganta em susto e angústia. Como se houvesse para cada um, em algum momento da vida, a anunciação de que há uma Missão a cumprir. A Missão não é leve. Cada homem é responsável pelo mundo inteiro”.
    Neste lindo texto, o que me chama atenção é que a nossa Missão não se resume em satisfazer nossos planos pessoais apenas, somos responsáveis pelo mundo inteiro e por isso nossa Missão não é leve. Deus não nos daria sabedoria e inteligência para cumprirmos apenas aquilo que fazem parte do nosso mundinho material. Mas como vivemos num mundo apressado e veloz não nos damos conta da nossa importância nesse Mundo. E por sermos tão importante nesse Planeta é que devemos encontrar a nossa verdadeira Missão para darmos sentido à nossa vida. Desejo que em 2012 você receba sua anunciação de que há uma Missão a cumprir. E “Grávido de Alma” faça mais pelo próximo do que suprir suas necessidades imediatas desse mundo moderno e apressado onde o “Ter” está cada vez mais forte do que o “Ser”. A lição Jesus Cristo nos ensinou há tempos quando fez da sua Missão que recebeu de Deus um exemplo de vida para todos nós.
    Feliz natal e um 2012 repleto de paz
    Daniel Lescano

  9. Daniel Lescano,

    Li teu texto no blog e só agora vi que ele estava aqui, entesourado. Se fosse um abaixo assinado, minha assinatura estaria lá.

    Ah, vou postar o trecho da Clarisse Lispector no meu blog, como tua contribuição. Lindo, lindo!

    Obrigada por me trazer mais um reforço para o meu sorriso.

    beijo, felizes momentos de festas e boa Missão, plantada em terreno fértil,
    ml

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