“O rádio não vai embora, vai para todos os lugares”

 

O caro e raro leitor deste blog é testemunha do esforço que faço para defender a tese de que a internet foi o oxigênio do rádio e nós jornalistas que atuamos no meio temos de estar sempre dispostos a experimentar as ferramentas que esta tecnologia inovadora nos oferece. Verdade que muitas vezes não me sinto recompensado por este exercício, a medida que o resultado que imagino alcançar ao me aproximar do cidadão quase sempre está aquém da minha expectativa. Talvez seja resultado dá má avaliação que faço do potencial de cada recurso ou da má utilização deste recurso. Mas vamos parar de choradeira se não até você, raríssimo companheiro, vai embora desta página sem nem mesmo chegar ao segundo parágrafo.

 

Nesta semana, fiquei muito satisfeito ao ler reportagem com o CEO da NPR, Gary Knell, publicada no site Nieman Journalism Lab, da Fundação Nieman de Harvard, na qual o entrevistado fala de como a National Public Radio ou rede pública de rádio dos Estados Unidos está se adaptando às novas tecnologias. Recentemente, a organização entregou seu departamento de jornalismo e de programação de rádio para Kinsey Wilson, chefe do setor de mídia digital da NPR. Esta foi a primeira grande mudança realizada por Gary Knell, que assumiu o cargo de CEO há três meses. Para o jornalista Andrew Phelps, que o entrevistou, “um sinal claro de que a NPR não é mais apenas uma rádio”.

 

Para o CEO da NPR a intenção é mostrar que não deve mais existir distinção entre as plataformas nas redações e com este trabalho alcançar o público mais jovem, além de diversificar racial, geográfica e politicamente a emissora. Um aspecto interessante na entrevista de Knell é quando chama atenção para o fato de mais da metade da audiência do rádio estar, atualmente, no carro: “os americanos estão vivendo em seus carros cada vez mais, às vezes imagino que vamos dormir e comer dentro dos nossos carros, devido ao trânsito” – isto me soa familiar, não !? Esta realidade tem levado fabricantes a investirem em carros conectados, com tecnologia digital que permita os motoristas a acessar todo tipo de informação que esteja na rede. “Se não estivermos nessas plataformas, estamos mortos”, disse Knell.

 

Sem mais detalhes, fica-se sabendo na entrevista que a NPR tem trabalhado com a Ford para explorar novos recursos a serem instalados nos automóveis e parte desta tecnologia estará abordo dos novos modelos que saem da fábrica. Com o rádio de carro na web, por exemplo, as emissoras ganham dimensão global, e o ouvinte pode acompanhar o noticiário de sua emissora preferia onde quer que esteja. Ao anunciar as mudanças no comando da NPR, Gary Knell brincou com as palavras em mensagem publicada no Twitter: “radio isn’t going away, it’s going everywhere” – algo como “o rádio não vai embora, vai para todos os lugares”.

 

Agora que terminou de ler este post no blog que escrevo na rádio CBN, ouça a nossa programação seja no computador, no telefone celular ou no tablet, esteja onde você estiver.

12 comentários sobre ““O rádio não vai embora, vai para todos os lugares”

  1. Há muito tempo me pergunto,Mílton,quando os aparelhos de rádio dos veículos motorizados oferecerão um item ainda mais interessante do que os existentes na atualidade: a internet. Fiquei contente,como tu, ao ler o teu artigo no qual citas os estudos visando a por à disposição dos motoristas e seus passageiros aquilo que faltava nos carros: a WEB. Meus cumprimentos à Ford que se dispõe a dar vida a esta idéia.

  2. Milton, é isso aí. Apenas colocaria a questão da segmentação, ou do nicho. Isto é, assim como a CBN focou na “rádio que toca notícia” acredito em mais uma etapa. Por exemplo, Max Gehringer, Miriam Leitão, Jabor, Luchesi, Lucia Hipolito, etc trazem assuntos que interessam bastante. Informações sobre o trânsito também, mas notas sobre mortes, com nomes, endereços, etc. é mudar de estação no ato.Será que o ouvinte da CBN, que aprecia os pertinentes e inteligentes comentários destes jornalistas de ponta estão dispostos a ouvir a página policial ou do IML?
    Que tal uma qualitativa?

  3. Estou te ouvindo enquanto dou meu comentário ; ouço rádio até no banho , habito adquirido por observar desde pequena a paixão da minha mãe pelos programas de rádio.
    No transito já me salvou de muitos congestionamentos e me faz companhia nos inevitáveis .
    Me sinto uma cidadã ” aproximada ” .
    Abraços.

  4. Caro Jornalista Mílton Jung,

    Sempre ouço o Jornal da CBN num radinho xing-ling de pilha! A vantagem é que posso me deslocar pela casa e ouvir rádio sem usar o fone! Como uso pilhas recarregáveis, também sou ecologicamente correto e sempre que o som fica baixo pelo descarregamento das pilhas posso trocar imediatamente a energia.
    Também é muito útil nas raras e desagradáveis vezes em que ficamos sem luz lá em casa! Pelo menos o radinho de pilha está lá para nos informar se é só o nosso bairro ou se é um grande apagão!

    Viva o rádio, em especial a CBN!

    Um Abraço!

    Chi Qo
    Ouvinte do Jornal da CBN e leitor deste seu blog

  5. Pelo que li no teu “O rádio não vai embora…” meu sonho está em vias de concretização: internet compondo,nos veículos de quatro rodas,os outros recursos de áudio já disponíveis. Não sei como não pensaram há muito tempo neste avanço tecnológico.

  6. Caro Milton, sabe com o que acordo todos os dias? com meu rádio sintonizado na CBN, justamente no horário do seu programa, estar conectada faz-me estar sempre informada, atualizada e antenada com os acontecimentos de nossa cidade. Pode acreditar que existem alguns jovens que faz o mesmo, pois eu mesmo acompanho a CBN desde dos meu 16 anos e graças á isso meus pais e irmãos aderiram a idéia. O rádio não irá embora tão cedo, pelo menos nessa geração.

    • Michele,

      E o rádio não vai embora devido ao esforço para conquistar a juventude, tarefa das mais complicadas dada a quantidade de atrativos que temos à disposição. Sua mensagem mostra que vale a pena enfrentar este desafio. Obrigado.

  7. Olá Milton…é minha primeira visita ao seu blog, e também é meu primeiro comentário! Acompanho você todos os dias(não perco um dia)meu twitter é @strajaneli01…já enviei vários comentários durante as programações…se bem que acho difícil você lembrar(com tanta coisa para fazer e ler)!
    Bem…vamos ao que interessa…sobre o artigo, eu havia colocado em minha página no Facebook um comentário curto expondo minha opinião a respeito da importância que as redes sociais tem e como podem ser excelentes aliadas para o rádio conseguir atingir o público jovem.
    A combinação redes sociais/rádio é excelente…eu experimento isso todos os dias ao retransmitir notícias no meu twitter(evidentemente tomo o cuidado de informar a fonte)e combinar com informações de meus seguidores(apenas os confiáveis, claro)! O resultado é muito bom! Segue agora o artigo que postei em minha página na data de 28/03/2012:

    “Aos poucos, a mídia convencional está percebendo que as redes sociais são um excelente meio para se atingir aquele público que não está acostumado com notícias em rádio e TVs, especialmente o público jovem que prefere as notícias-relampago como no Facebook e Twitter. É um ótimo negócio…basta acreditar e investir!
    By Valdemir Strajaneli
    07:00hs.
    28/03/2012”

    Abraços Milton e parabéns por seu profissionalismo…eu o admiro muito! 🙂

    • Valdemir,

      Sinto-me à vontade para tratar deste assunto, pois apresentei o Twitter ao rádio quando esta rede social ainda engatinhava no Brasil e aparecia apenas em nichos. A grande vantagem este cenário, porém, é do cidadão que não fica na dependência apenas dos meios de comunicação tradicionais e se transforma em protagonista.

      Volte sempre.

  8. Prezado Jung,
    Concordo plenamente com a sua opinião, mas tem um serviço que as rádios poderiam prestar à população e que no presente já pode contribuir para a qualidade de vida da população que tanto sofre no trânsito das grandes cidades brasileiras. Esse serviço chama-se TMC e é prestado por várias rádios dos países considerados mais desenvolvidos do mundo, como Europa e EUA. Consiste em enviar informações de trânsito através do sistema RDS em uma plataforma compatível com a dos aparelhos de GPS automotivos, permitindo que os mesmos recebam essas informações e calculem a melhor rota para se chegar a determinado endereço, sempre evitando as vias com trânsito lento e eventualmente com acidentes, etc. É um serviço fantástico, e teria muita aceitação por parte da população, visto que o número de pessoas que se utilizam de aparelhos de GPS automotivos hoje é enorme! Seria utilizado pelos vários segmentos da sociedade, visto que os preços de aparelhos de GPS hoje são muito acessíveis aqui no Brasil.
    Fica a sugestão de um ouvinte assíduo da CBN e que gostaria de poder usufruir de um serviço tão eficaz e complementar aos famosos e indispensáveis boletins de trânsito do nosso querido reporter aéreo aqui no Rio de janeiro, Genílson Araújo.
    Obrigado pela atenção,
    Marcelo Correa

    • Marcelo,

      Agradeço pela sua gentileza e sugestão. Vou levá-la até a diretor Mariza Tavares para que se identifique as possibilidades de se desenvolver sistema semelhante a partir do trabalho que realizamos na rádio CBN e verificar as necessidades técnicas para concretizá-lo

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