Água mole em pedra dura

 

Por Milton Ferretti Jung

 

Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Criei-me ouvindo esse provérbio da boca dos meus avós. Eles devem o ter escutado dos seus avós. Curioso, coloquei-o no Google para ver se esse sítio da internet, acostumado a responder a milhões de perguntas sobre as mais variadas questões levantadas por internautas do mundo inteiro, deixou-me a ver navios – este também não um provérbio, mas um dito popular cuja idade igualmente desconheço. Se é que alguém, talvez desavisadamente, começou a ler este texto, apresso-me a explicar por que lembrei o provérbio ancestral. Ocorre que, tal qual já fiz em mais de uma dessas quintas-feiras, inclusive na da semana passada, na qual escrevi acerca de uma ciclovia porto-alegrense que, antes de ser inaugurada, foi alvo de polêmicas, vou tratar outra vez de trânsito.

 

O jornal Zero Hora de sexta-feira passada, publicou excelente matéria sobre o assunto que tanto me preocupa. “Motoristas morrem mais aos sábados”. Essa foi a chamada de capa, seguida de um texto, em corpo menor, onde se lia que, das 482 mortes em acidentes no primeiro trimestre de 2012 no RS,117 ocorreram no último dia da semana. O número de acidentes com vítimas fatais vem subindo ano a ano. Com certeza, a quantidade crescente de veículos que enchem as rodovias federais, estaduais e municipais, principalmente nos fins de semana, é uma das razões da existência dessa trágica estatística. Eu diria que, além dos carros novos, cuja aquisição se tornou possível, em especial, devido às elásticas modalidades de prestações oferecidas pelas concesssionárias, existem, rodando por aí, principalmente nas estradas municipais, veículos usados, alguns apelidados de seminovos, dirigidos por “barbeiros” ou por irresponsáveis.

 

Há outras causas que se somam às por mim citadas. Zero Hora lembra que, sábado, é o “dia da balada”, em que muitos bebem. As estatísticas indicam também que 47,8% dos mortos aos sábados no primeiro trimestre de 2012 tinham entre 18 e 34 anos. ZH revela que, em abril, houve 29 mortes aos sábados, contra 7 às sextas-feiras e 20 aos domingos. O jornal lembra que o DETRAN contabiliza os mortos em hospitais até 30 dias após os acidentes. O que as autoridades podem fazer visando a diminuir esses malditos números? Fiscalizar, fiscalizar e fiscalizar, não só nas estradas, mas igualmente nas cidades. Encerro o texto como comecei: água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

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