Os extremos do Morumbi: preservar e degradar

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

 

Uma ilha de prosperidade cercada de favelas por todos os lados, como já se disse, talvez venha inspirando ações extremistas no trato com a invejável cobertura verde ainda existente. E mal trato com a marca Morumbi.

 

O alto preço da fama tem sido uma constante. Segurança na mira de manipulados holofotes, verticalização acentuada, priorização aos automóveis, desconsideração com as casas e seus moradores.

 

Com tudo isso era de se esperar o Monotrilho, que reflete o desprezo pela qualidade local. A qualidade que originou o conceito do bairro, como o Clube Paineiras do Morumby, ora surpreendido por um cuidado singular, ao tomar conhecimento de uma demanda por tombamento de seu patrimônio. Logo ali, onde não se consegue mais uma vista pura, dada a poluição visual das torres do Shopping Cidade Jardim, devassando uma centena de mansões. Sem falar no trajeto para o túnel JK, que Maluf mudou na ultima hora para a Avenida das Begônias.

 

O CONPRESP Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo, baseando-se no patrimônio da arquitetura moderna do arquiteto Carlos Barjas Milan e posteriormente do arquiteto Paulo de Melo Bastos, na influência na urbanização da cidade, na importância referencial e paisagística na década de 1960 e a existência de obras no Clube, resolveu abrir processo de tombamento.

 

O Paineiras através da palavra de seu Vice-Presidente, arquiteto Sergio Henri Stauffenegger, nos informou que Milan não projetou o todo. Apenas algumas construções, assim como Paulo Bastos, e que existem várias unidades com outras interferências. Ressaltou que o Clube não gostaria de ser tombado, pois embora eu o tivesse lembrado de uma valorização do patrimônio em função do tombamento, disse que o trabalho que futuras reformas teriam certamente não compensaria. Principalmente por prever que estas liberações contem um aspecto não essencialmente técnico.

 

Creio que as razões do Conpresp e do Paineiras são coerentes. Incoerente tem sido a atuação da Prefeitura e do Governo do Estado de São Paulo.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos, e escreve às quartas-feiras, no Blog do Mílton Jung

13 comentários sobre “Os extremos do Morumbi: preservar e degradar

  1. Carlos Magno, continuamos na mesmice de sempre. O nosso poder publico, em todas as esferas – municipal, estadual e federal – não representa a nossa coletividade. Atende, isso sim, a interesses privados.

  2. Julio, neste caso o mais indicado seria o tombamento do bairro residencial, na parte das casas. Uma raridade hoje em dia. Antes que acabem com elas em função da verticalização, na busca da segurança maior e do lucro perseguido incessantemente pela industria da construção civil.

  3. Acho esse tipo de materia um insulto a sociedade! Da mesma forma que os moradores do jardins não queriam.o Metro nos seus arredores. Não defendo o governo, mas o colunista burgues “chatiado” pois acabaram com as paisagens do morumbi não merecia este espaco.

    • Fernando,

      Começo pelo fim. O colunista merece muito este espaço e sempre contará com meu prestígio. Agora vamos aos consertos (com “s”). Nunca os moradores dos Jardins pediram para que não houvesse metrô na região. O que aconteceu foi um pequeno grupo de moradores de HIGIENÓPOLIS, que pelo que me consta não fica nos Jardins. E ao contrário do que você entendeu, na região do Morumbi o movimento é exatamente em FAVOR do metrô em lugar do monotrilho.

  4. Carlos

    Como sempre venho afirmando, e em concordãncia com Sr Julio Tannus, nossos governantes e legisladores sempre caminharam e caminham na cotramão
    Somente visam seus proprios interesses e de seus financiadores de suas campanhas politicas e eleitoreiras.
    Quandoum politico, governante intervem em algo, pode estar certo que não sera em beneficio da população e sim somente deles e da sua trupe.
    Veja o bairro de Moema por exemplo o horror que acabou ficando pelo fato de ser vizinho ao Aeroporto de Congonhas, com predios altos construyidos bem no alinhamento das cabeceiras das pistas 17 e 35 para os lados do Jabaquara
    Somente agora, mais precisamente hoje 11/07 esta sendo veiculado na midia sobre estes predios construidos nos cones de aperoximação das aeronaves com destino em Congonhas
    Mesmo com o sistema de auxilio de pouso por ILS e Glide, os riscos são consideraveis com certeza por causa destes monstrengos de concreto construidos onde não deveriam ser construidos obviamente.
    Agora fica a pergunta
    Qual será o destino destes predios construidos “ilegalmente”?
    Deverão ser demolidos ou parte somente
    O Morumby sempre foi ate então uma imensa área verde extremamente residencia, e hoje a verticalização infestou, estragou, denegriu mais um bairro entre os mais belos e tradicionais paulistano
    lamentavel as antio ações da prefeitura paulistana cujo Sr master ainda tem a cara de pau de se dar nota dez,.
    Só se for pela incopentencia administrativa e seus demais escalões.

  5. Fernando, gostaria de reforçar que a proposta dos moradores do Morumbi, diga-se de passagem, nem todos, pois há liberdade para diversidade de opinião, é preservar o verde e o que há de cultural na área.
    De outro lado a intenção de manter qualidade em todos os sentido é também uma postura que precisa ser respeitada, afinal, pretender melhorar é uma meta plausível e aplaudível. Ao menos na ótica de alguns.
    De qualquer forma sua manifestação é válida. Apenas estamos com pontos de vista diferentes, até mesmo a respeito do controle da mídia.

  6. Armando Italo, comentário 4
    A ocupação do solo no bairro do Morumbi tem agora um exemplo e tanto de absurdo. É a construção em fase de acabamento de apartamentos em condomínio entre o estádio e o Einstein. Perfeito formigueiro de luxo.
    Cujo coroamento será feito pelo Monotrilho, que ocasionará a derrubada de metade das habitações.

  7. Dora, a questão é que as conversas, reuniões e manifestações foram feitas e ainda estão sendo realizadas, entretanto da parte do poder público é só ouvidos. Nada de contestação nem de ação.
    Está claro que , por exemplo o Monotrilho já tem carta marcada a longo tempo. Há sinais claros da atuação do poder econômico internacional.
    Resta continuar protestando. Vamos aos votos.

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