PorJúnia Lopez
Ouvinte-internauta da CBN
Ouça este texto que foi ao ar na CBN, sonorizado pelo Cláudio Antonio
Quando era pequena, morava na região central do país. Lá naquelas terras longínquas onde muitos sulinos na ignorância acreditam ser terra de índios e feras. Naquela época os índios já haviam sido extintos e as feras quase totalmente. Isso foi por volta dos anos 1980, quando ainda vivíamos às sombras da ditadura militar. Os meios de comunicação eram precários, nem todas casas tinham um televisor e mesmo assim sobressaíasse à censura.
Mas uma coisa lembro-me com clareza. Semanalmente, a revista Veja chegava com as principais notícias do país e do mundo. Raramente uma matéria sobre as regiões menos povoadas como o estado de Goiás. Era a melhor revista que recebíamos. E sempre trazia propagandas sobre lojas que não existiam por lá ou marcas que não vendiam em nosso comércio. Nossa cultura era outra e bem menos consumista. Esta época não era de globalização.
Quase três décadas após, uma história de amor trouxe-me à capital paulista e , meses depois, a São Paulo das revistas tornou-se a minha rua, a minha casa, o meu bairro Higienópolis. Tudo aquilo que parecia longe à minha imaginação infantil, está há poucas quadras, há poucas ruas ou há poucos “minutos” como os paulistanos costumam dizer.
Quando saio nas ruas de meu bairro, começo reviver cada imagem que na minha infância era apenas coisa de revista. E cada semana quando as revistas chegam, ponho-me a analisar cada foto, cada reportagem e fico a pensar quantas pessoas conhecem a grande metrópole apenas pelas revistas.
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