Avalanche Tricolor: uma partida que nos permite ter bons sonhos

 

Grêmio 3 x 1 Cruzeiro
Brasileiro – Arena Grêmio

 

Há algumas Avalanches defendi que o Grêmio de Renato não é o mesmo Grêmio de Luxemburgo, apesar da inconstância no desempenho e do equilíbrio nos resultados das duas equipes. Somente quem buscava os números frios da estatística era capaz de pensar dessa forma. O torcedor, não. Esse é passional, não usa a razão. E graças ao coração é capaz de perceber os diferentes sentimentos que permeiam o futebol, demonstrados às vezes em lances aparentemente insignificantes como a corrida de dois atacantes para marcar a saída de bola do adversário ou o esforço descomunal dos zagueiros para abortar o ataque inimigo. Há árbitros, inclusive, incapazes de identificar esses movimentos e ver pênalti onde havia apenas um gesto heróico para impedir o gol.

 

Na partida de ontem, encerrada tarde demais para que eu pudesse descrever ainda à noite, nesta Avalanche, minha satisfação pela vitória, boa parte desses sinais que conquistam o torcedor apareceram. O primeiro deles veio de um jogador de quem há algum tempo espero uma reação à altura da nossa paixão: Dida. Desde que tirou o lugar de Marcelo Grohe, a quem admiro muito, não havia confirmado a fama que construiu na carreira, e não foi por falta de oportunidade. Quantos pênaltis inconsequentes nossos jogadores, na versão anterior, fizeram, oferecendo a Dida a oportunidade de se consagrar. Mas ele teimava em ficar parado embaixo do travessão, com seus longos braços estendidos para baixo, quando eu imaginava que abertos assustariam qualquer cobrador. Ontem, Dida brilhou ao impedir o que se transformaria num desastre dadas as circunstâncias do jogo e o bom desempenho do adversário até aquele momento. A defesa de Dida mudou o Grêmio, tanto quanto Renato o fez quando chegou ao vestiário nessa nova passagem pelo tricolor.

 

Erros à parte, e alguns insistem em acontecer, fiquei admirado também com outros movimentos que demonstram mudança de postura. O esforço de Barcos para roubar a bola dos zagueiros me chamou tanto atenção quanto a tranquilidade do goleador diante do segundo gol. O olhar de aparente ingenuidade do jovem Alex Telles ressurge com incrível confiança, a ponto de se atrever a cobrar aquela falta por baixo da barreira. Lances que seriam apenas cenas grotescas do futebol começam a virar gol nos pés de Kleber. Sem contar o prazer de ver os Bitecos entrando no segundo tempo.

 

Claro que Renato e seus comandados terão de ir muito além disso, têm de acertar a marcação, precisar o passe e melhorar o desempenho fora de casa. Porém, neste campeonato de pontos corridos em que o título se decide a cada jogo, vencer o líder se transforma em super-decisão. Ontem à noite, vencemos mais uma e fomos parar no G-4. O que me fez dormir com um sorriso no rosto. Que tenhamos todos bons sonhos daqui pra frente.

7 comentários sobre “Avalanche Tricolor: uma partida que nos permite ter bons sonhos

  1. Parece que o time fica ansioso e quer resolver o jogo logo , então começam a aparecer os erros de passe e faltas desnecessárias.E no intervalo , creio que Renato consegue diminuir essa ansiedade e as boas jogadas aparecem. Quando os Bitecos entram , o time ganha uma dinâmica superior e a equipe joga com mais objetividade e os gols acontecem naturalmente. No caso de Dida , vê-se a mão do treinador de goleiros, pois depois de muitos pênaltis não defendidos , o nosso goleiro mudou de atitude e nos encaminhou para a vitória . Para encerrar, enfim uma boa atuação do Barcos.Abraços.

  2. Agora sim! Comentário mais otimista.

    O Grêmio é exemplo de superação.
    Para ganhar o brasileirão tem que ser assim.
    Bom caminho prá quem quer chegar.

    Mas, fez dormir com sorriso no rosto é inédito aqui.
    Nunca pensei nisso, mas paixões provocam esta sensação.

    • Rafael,

      Imagina a situação oposta. Resultado ruim, jogo terminando próximo da meia-noite e a necessidade de acordar às 4 da manhã. A cara fica amarrada e o sono pesa. Nada como ir dormir com cara de vencedor.

  3. O Milton e eu comungamos da mesma ideia,seja sobre o que ele escreveu acerca do primeiro pênalti que Dida defendeu depois de Luxemburgo ter sacado Marcelo Grohe de sua merecida titularidade e haver entronizado o veteraníssimo no gol gremista,seja sobre o fato de o torcedor conseguir pinçar o que já melhorou no time com a presença de Renato,algo que certos comentaristas,com a desculpa de que são “profissionais”,se recusam a reconhecer.Ainda bem que somos torcedores,Mílton. Só no microfone,quando narrador,fui profissional. Não me arrependo do que tive de ser no passado nem do que sou no presente.
    Queria compartilhar esse texto no face do Milton,mas não foi possível.

  4. Para seguirmos sonhando, será necessário quebrar um tabu sábado, o de vitórias contra o Vasco em São Januário. Mas o importante é que o time tem reagido bem. Contra o Coritiba foi um desastre de percurso, o qual toda equipe está sujeita neste longo campeonato. Fundamental é saber dar a volta por cima, e nisso o nosso treinador está obtendo êxito.

    Abs

    • Bruno,

      Tabus se constróem nas estatísticas que olham para o passado. Temos de olhar para o jogo seguinte sempre. E driblar os números e a história.

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