Avalanche Tricolor: estranhas e boas sensações

 

Grêmio 1 x 0 Ponte Preta
Brasileiro – Arena Grêmio

 

 

Memória curta ou seletiva, lembro de alguns poucos jogos e lances do passado. Por curioso que seja, não esqueço do sabor amargo que carreguei, ao lado do meu pai, enquanto deixava o setor de cadeiras do Estádio Olímpico, no dia em que fomos derrotados pela Ponte Preta na semifinal do Campeonato Brasileiro de 1981. O placar era suficiente para nos classificar à decisão contra o São Paulo, pois havíamos vencido a primeira partida por 3 a 2, em Campinas (SP), mas fiquei com a sensação de que algo ruim nos esperava logo ali na esquina do futebol. Perguntava-me por que tinha de ser sofrido daquele jeito, com nosso time, mesmo apoiado por um estádio tomado de gremistas, espantando bola para longe da área para não tomar o segundo gol do adversário que nos tiraria da final. Será que estávamos prontos para sermos campeões naquele ano? A história mostrou que sim, mas meu coração, provavelmente, ainda não estava forjado para entender que ser gremista é padecer no paraíso.

 

As lembranças daquela partida, em 1981, até hoje, me levam a ter uma sensação estranha, difícil de explicar, quando vamos enfrentar a Ponte Preta. Sempre tenho a impressão de que será uma partida complicada com placar enviesado capaz de provocar uma reversão de expectativa. Nesse jogo de sábado à noite, não foi diferente e meu sentimento era de que o clima estava propenso a um tropeço, vínhamos de quatro vitórias seguidas, com chances de colarmos no líder, embalados pela classificação às quartas-de-final da Copa do Brasil e diante de nossa torcida. Os acontecimentos na Arena ratificaram essa percepção, pois apesar de termos time superior não conseguíamos alcançar o resultado que desejávamos e precisamos que um adversário fosse expulso – justamente, registre-se – e outro fizesse uma barbeiragem em campo para chegarmos ao gol. Antes ainda tomamos um tremendo susto ao ver a bola nas nossas redes, mas, felizmente, o auxiliar atento sinalizou o impedimento. É preciso, claro, para não sermos injustos, dizer que os erros da Ponte foram influenciados pela nossa forma de jogar e marcar.

 

Independentemente das minhas sensações do passado, resultados como o desse fim de semana mostram que temos de estar sempre alerta. Jamais podemos deitar em berço esplêndido porque esta não é nossa origem. Há que se avançar a cada partida, encará-las como decisões nas quais os três pontos é que nos interessam, mesmo não apresentando o futebol que agrada os críticos. Por isso, gostei de ouvir no intervalo um de nossos jogadores dizer que para o Grêmio 1 a 0 é goleada. É com esse espírito que temos de partir para cima de todos os nossos adversários, superando a eles e as nossas limitações. Essas existem, sim, apesar do lugar privilegiado na tabela de classificação. O bom é saber que estamos conscientes delas e temos, no elenco e no comando da equipe, gente capaz de vencê-las e, quem sabe, repetirmos a conquista daquele inesquecível ano de 1981.

6 comentários sobre “Avalanche Tricolor: estranhas e boas sensações

  1. Ao teu irrepreensível comentário sobre o minguado resultado desse sábado,Mílton,permita-me acrescentar um agradecimento:
    – Muitíssimo obrigado,Padre Reus!

  2. Bah , mas que encardido , Milton!Parece que que a Ponte vem sempre disposta a complicar o Grêmio , mas felizmente o Gladiador estava atento e no lugar certo, resolvendo um jogo que tudo indicava, acabaria empatado.Acho que contra esses times mais fracos , o Renato tem que colocar mais um atacante,tornando a equipe mais ofensiva.Três jogos na Arena e três vitórias , já estou sendo chamado o pé quente de Santana do Livramento! Abraço.

    • Jotapai,

      A resposta para o encardido do jogo talvez esteja no seu próprio comentário ao tratar da nossa formação que, apesar de ter chegado a mais três pontos (que assim seja para todo e sempre) poderia ter arriscado um pouco mais com um homem na articulação lá na frente, próximo dos atacantes, para fazer o que o Betão da Ponte fez muito bem, servir o Kleber. De qualquer maneira, pela facilidade com que o ataque adversário chega na nossa área, talvez se justifique a preventiva formação do Renato.

  3. Aquele famoso Grêmio 0 x 1 Ponte Preta foi o recorde de público, se não me engano, até hoje. o que mais me lembro daquele jogo, foi o voo do Leão tirando a bola que estava entrando no ângulo nos cinco minutos finais do sufoco. Abraço.

    • Valter,

      Sua memória é especial. Sem dúvida, o público era recorde. Quanto ao Leão imagino não ter assistido à defesa, pois naquela altura do jogo eu já havia fechado os olhos para não ver o que poderia acontecer.

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