Governo quer incentivar e-mail e aplicativos brazucas

 

 

Os smartphones produzidos no Brasil terão de sair de fábrica com até cinco aplicativos criados em solo nacional, a partir do mês que vem, e com pelo menos 50, até o fim de 2014, para que os fabricantes se beneficiem de isenção das alíquotas de PIS/Pasep e Cofins. O Ministério das Comunicações entende que assim estará fomentando o mercado brasileiro de apps. Não é no que acredita o editor do jornal O Globo Pedro Doria que, em sua coluna desta terça-feira, escreve que a pretensão do Governo é marcada pelo desconhecimento; não leva em consideração, por exemplo, que nos smartphones mais baratos não há memória para carregar 50 aplicativos; nem se baseia no costume dos usuários desses modelos de celulares que têm em média 41 apps instalados (dados da Nielsen) e usam apenas 5, na maioria dos casos (dados do Centro PEW). A medida ainda esbarra na falta de mão de obra, pois faltam engenheiros de software com capacidade para atuar nesse mercado. Cálculo da Qualcomm é que dos 2,3 milhões de desenvolvedores que existem no mundo apenas 35 mil estão no Brasil.

 

Logo que li a notícia tive o interesse de contar quantos aplicativos já havia baixado no meu Iphone, comprado recentemente. Cheguei até agora a 67 dos quais apenas pequena parcela uso com frequência, outro tanto acesso de vez em quando e o restante tende a permanecer por lá tomando espaço da tela e da memória. Facebook, Twitter, WhatsApp e o viciante Candy Crush (sobre o qual ainda conversaremos nesse blog) são os que mais clico, além dos nativos da Apple tais como Mensagem, Calendário e Contato. Estou sempre em busca de novidades, mas boa parte das vezes, após baixar o app, o esqueço por lá ou o uso por tempo limitado, o que parece ser o hábito da maioria dos usuários, também. Não tenho a menor ideia de quantos desses que estão no meu Iphone foram fabricados no Brasil. Sei apenas que o último, da rede Adote um Vereador, foi montado dentro da plataforma da Fábrica de Aplicativos, que é ideia brasileira.

 

De volta a coluna de Doria, a sugestão dele é que o Governo se preocupe em ensinar programação nas escolas, estimular mais gente a buscar engenharia de software e montar cursos técnicos de código. São caminhos mais complexos, porém, efetivos para o desenvolvimento desse mercado no Brasil. Lembra, ainda, das iniciativas de instituições, inclusive públicas, que criam ambientes de competição e criação entre desenvolvedores, oferecendo condições para que eles apresentem aplicativos que ajudem o cidadão em diferentes serviços.

 

Além de aplicativos desenvolvidos na pátria Brasil, o Governo Federal está disposto a incentivar a criação de um serviço de correio eletrônico verde-amarelo para concorrer com o Gmail e o Hotmail e restringir a ação de espiões estrangeiros. Aleksandar Mandic, que trabalha na área desde os tempos das BBS e criou, em 1996, o servidor de e-mail que leva seu sobrenome, ao ser consultado pela Época Negócios, definiu assim a ideia do governo brasileiro:

“É uma viagem por que o Brasil não é maior que o mundo. Para isto funcionar, você vai ter que trocar e-mail só dentro deste provedor. Todo mundo vai ter que assinar este provedor, seja você americano, francês ou argentino. Não é bem assim. Ainda que o Correio faça isto, vai ter quantas contas? Um milhão de usuários? Quantas contas de email existem no mundo? Bilhões, provavelmente. Não é todo mundo que vai trocar.”

Pelo que leio dos especialistas, parece que as justificativas para construir um e-mail brazuca e os caminhos para desenvolver aplicativos tupiniquins vão apenas fazer volume na já extensa lista de ideias de jerico produzidas no Brasil.

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