Por Daniel Lescano
Ouvinte-internauta da rádio CBN
Sempre fui apaixonado por futebol. Ainda criança, em Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul, adorava ir ao cinema para assistir ao Canal 100 e acompanhar a atuação dos craques na telona, com a linda canção na Cadência do Samba, que tocava enquanto rolavam os melhores momentos da partida. Era a maior alegria ver craques como Zico, Pelé, Dinamite, Leão, Falcão, Clodoaldo entre tantos outros atletas. E, principalmente, assistir às jogadas do time de coração: Santos Futebol Clube.
Entre assistir ao Canal 100 no cinema e a minha vida para São Paulo muita coisa rolou. Mas um fato que nunca vou esquecer ocorreu em 1979, no Ginásio da Portuguesa de Desportos, no bairro do Canindé, quando tinha apenas 13 anos. Nunca vou esquecer por dois motivos: primeiro, foi a felicidade por meu irmão ter conseguido ingressos para que pudéssemos entrar no Ginásio da Portuguesa e participar da entrega do Troféu Gândula, criado pelo jornalista, cantor e compositor Wilson Brasil. Eram premiados jogadores do Brasil e do Mundo. Havia também troféus para profissionais do rádio e TV que trabalhavam com esporte. A ansiedade era grande. Logo na entrada do ginásio para minha surpresa já comecei a ver vários atletas tirando fotos com os fãs. De repente olho para o lado … e Zico, bem ali do meu lado. Não acreditei. Parecia um sonho. Aí não parou mais de chegar atletas de todo canto. Só pelo fato de conhecer Zico pessoalmente a noite já valeria.
O segundo motivo pelo qual nunca vou esquecer esse momento é que lá havia um atleta argentino com cara de garoto, muito tímido, bem discreto. Um ou outro repórter o entrevistava. Cheguei perto e fiquei olhando aquele jogador baixinho. Meu irmão perguntou: vai tirar uma foto com o cara? Como na máquina só tinha um filme de 24 poses não quis gastar, afinal, muitos atletas de nomes consagrados ainda estavam por vir para receber o prêmio. Saí dali certo de que havia sido uma noite perfeita … não fosse meu vacilo, só descoberto na Copa de 1986.
O argentino baixinho, com que não quis desperdiçar meu rolo de filme Kodak, desde aquele encontro no Ginásio da Portuguesa, ganhou fama, se destacou na Copa de 1982 mas arrebentou mesmo na Copa de 86. E foi nesta que lembrei dele, quando a Argentina ganhou da Inglaterra por 2 a 1, em jogo marcado por um gol que ganhou nome e sobrenome: “La Mano de Dios”.
Ah, se eu pudesse voltar naquele 1979, não teria dúvida de registrar o momento em que Zico e Diego Armando Maradona, juntos, estiveram no Ginásio da Portuguesa
Daniel Lescano é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Conte mais um capítulo da nossa cidade. Envie seu texto para milton@cbn.com.br ou agende entrevista no Museu da Pessoa pelo e-mail contesuahistoria@museudapessoa.net. Outras histórias de São Paulo você encontra no meu blog, o Blog do Mílton Jung