Por Milton Ferretti Jung
Sou um veterano em Copas do Mundo. Na de 50,confesso,minha ligação com o futebol resumia-se às peladas com os meus companheiros de zona. Já contei neste blog,mas não custa repetir, que assistia a um filme, no cinema Eldorado, quando esse foi interrompido para que um “speaker” informasse que o Brasil perdera a Copa para o Uruguai. Em 1954,ouvi pelo rádio a vitória da Alemanha sobre a Suíça. Trabalhava,então,no meu primeiro emprego:Rádio Clube Metrópole. Em 1958,já na Guaíba,festejamos a vitória brasileira na final,contra a Suécia.Escutei os jogos, narrados por Mendes Ribeiro. Depois,percorremos as congestionadas ruas do centro de Porto Alegre,rodando com o Oldsmobile do pai de Pedro Carneiro Pereira. Ele ainda trabalhava na Clube Metrópole. Como narrador da Guaíba fiz,na Alemanha, a minha primeira Copa do Mundo. Em 78,na Argentina,narrei apenas um jogo. Já,no México,em 1986,na condição de narrador titular da Guaíba,não tive o prazer de vibrar com uma vitória brasileira. Ganharam os nossos sempre rivais,os argentinos.
O Brasil recebe agora as seleções de boa parte do mundo em uma competição que,como ouvi de Parreira,se considera favorito. Há,entretanto,instituições de nosso país que não foram favorecidas com verbas governamentais. Hospitais,por exemplo. Bilhões foram despejados,porém, na construção de estádios capazes de agradar a exigente e poderosa FIFA. Aqui,em Porto Alegre,duvido que todas as obras destinadas a facilitar a mobilidade urbana possam ser entregues totalmente finalizadas.Morador que sou da Zona Sul,transito diariamente pelas proximidades do Beira-Rio.Está ali, esperando finalização,o Viaduto da Pinheiro Borda.
Os problemas provocados pela realização de uma competição como a que se iniciará em junho não ficam somente restritas a obras e quejandas. Para não me estender,vou citar duas. A nossa Brigada Militar,preocupadíssima com a segurança da população de Porto Alegre e dos turistas que vierem para ver suas seleções nos cinco jogos marcados para o Beira-Rio,decidiu trazer do Interior cerca de 2 mil PMs. Despe-se um santo para vestir outro,é o que dizem prefeitos de cidades interioranas que,sofrem com assaltos,principalmente,os que sofrem instituições bancárias. Quem comanda a BM garante que não faltarão patrulhas no interior. É preciso ver para crer.
Às obras que, não se sabe ao certo, se serão entregues aos munícipes,decreto da prefeitura de Porto Alegre,em vigor desde ontem,proíbe que os nossos taxistas vistam camisas xadrez,de bolinhas,com listras e,menos ainda,caso sejam de um time de futebol. Ah,claro,o taxista tem de estar bem vestido. Concordo.Isso é uma coisa,outra é a exigência de uniforme. Não sei (porque sempre escrevo às terças-feiras)se o Sinditáxi aceitará o que reza o decreto sem ameaçar com greve. Era só o que faltava às vésperas da Copa do Mundo.
Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)