Avalanche Tricolor: uma conversa com Barcos ao pé do ouvido

 

Sport 0 x 0 Grêmio
Brasileiro – Receife (PE)

 

 

Permita-me, caro e raro leitor deste blog, começar com os fatos do início da semana, pois o que assisti no meio dela, mais especificamente, na noite de quarta-feira, não me entusiasmou tanto assim a ponto de dedicar toda esta Avalanche. Na segunda-feira pela manhã, logo após o Jornal da CBN, fui à ESPN Brasil, no bairro do Sumaré, em São Paulo, a convite da produção do programa Bola da Vez que teria como entrevistado o atacante Barcos. O programa vai ao ar terças-feiras à noite, mas como nosso jogador teria compromissos com o Grêmio no Recife, ficou combinado que gravaríamos um dia antes, enquanto a delegação ainda estivesse em São Paulo. Apesar da distância não ser muito grande, contei com a astúcia do motorista da emissora para sair da rádio, no centro, e seguir até a zona oeste, driblando os congestionamentos matinais, o que me permitiu chegar confortavelmente até a redação da ESPN Brasil. Muitos anos de São Paulo me deixaram com trauma em relação ao horário, por isso faço todo o esforço para estar com antecedência nos meus compromisso, assim evito estresse e consigo atender melhor as pessoas dentro de suas necessidades. Nesse caso, meu bônus foi ficar, em uma sala, a espera do início da gravação, conversando com Barcos, ambos desarmados da tradicional postura de entrevistado e entrevistador.

 

Foi entre um cafezinho e outro que me apresentei como jornalista e, também, torcedor gremista, mesmo porque este foi o motivo que levou o pessoal do Bola da Vez a me convidar. Deixei claro para Barcos que, apesar de torcedor, minha postura é bem diferente daqueles que, nos últimos tempos, têm atacado o jogador pela ausência de gols. Quem acompanha esta Avalanche já percebeu que sempre busco preservar nossos jogadores e técnico, mesmo diante de situações constrangedoras como as que ocorreram recentemente, você-sabe-quando. Além disso, todo profissional, independentemente da função que exerce, mesmo que não consiga fazer seu trabalho com precisão, tem de ser respeitado e se tivermos alguma queixa que a façamos de maneira civilizada. Infelizmente, nem todos pensam assim e Barcos foi alvo de agressões verbais tanto pessoalmente como nas redes sociais. Alguns não o perdoam por ter perdido o pênalti na decisão da vaga às quartas-de-final da Liberadores e outros por ser o capitão da equipe derrotada no Campeonato Gaúcho.

 

Barcos, apesar de não ter o ensino médio completo, é um jogador inteligente e experiente, deixou a Argentina cedo e passou por vários clubes aqui e fora do continente. Desde jovem dava sinais de que havia nascido para liderar e mesmo em times onde recém havia chegado não se continha em ouvir, gostava de opinar. Foi assim no Estrela Vermelha, da Sérvia, quando quiseram cortar o prêmio por uma conquista alcançada e, apesar de estar há apenas três dias no clube, reclamou no vestiário. A conversa com ele é interessante, pois a primeira impressão que se tem é que o atacante é tímido, mas logo se percebe que a fala é que é direta. Não precisa de muitas palavras para dizer o que pensa, e não esconde o que pensa. Sobre a falta de gols, e eu nem precisei fazer qualquer pergunta para entrarmos no assunto, ele considera injusto que se faça avaliações isoladas que não levem em consideração a forma como o time joga, de que maneira a bola chega até ele e a quantidade de chances que surgem (no caso, poucas). “E quando marco dois gols, vem um jornalista e me cobra por causa da comemoração”, se queixou – referência aos questionamentos por ter recebido cartão amarelo contra o Chapecoense após o segundo gol. Barcos sabe que parte da cobrança se dá por algo que ele não tem culpa particularmente: a falta de títulos. Os torcedores estão impacientes, e com razão; o problema é que esta impaciência, segundo ele, atrapalha o time e prejudica ainda mais o desempenho de alguns jogadores. Deve ter gostado mesmo é da informação que ouviu do assessor de comunicação do Grêmio que o acompanhava: Barcos está a três gols do maior goleador estrangeiro que já vestiu nossa camisa, Oberti, que fez 35 gols entre 1972 e 1974. Antes de a conversa se encerrar, aproveitei a oportunidade para deixar o desejo de que ele alcançasse logo esta marca, já no próximo jogo, o que, como já sabemos, não aconteceu.

 

Um comentário sobre “Avalanche Tricolor: uma conversa com Barcos ao pé do ouvido

  1. A entrevista com Barcos, no Bola da Vez da ESPN,foi muito bem conduzida e permitiu que eu – e quem acompanhou o bate papo – ficasse conhecendo um pouco mais o atacante gremista. Pincei,da longa e amigável conversa,uma das suas respostas aos que o criticam por não andar marcando gols:tem sido pouco ajudado;os seus “garçons” não lhe servem a bola com a necessária insistência para que ele possa ser bem sucedido. Espero que Enderson resolva este problema. A propósito,suas perguntas e colocações no programa foram ótimas.

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