Por Fran Girão
Tem a igreja de Santa Cecília, onde fui batizado, batizei minha afilhada e fiz a primeira comunhão. Vi os Harlem Globetrotters, o Real Madrid, a seleção brasileira de futebol, de vôlei, de handebol.
Empolguei-me com o Cirque du Soleil e com a sinfônica da cidade no Teatro Municipal.
Frequentei trupes de teatro em Pinheiros. Matei uma tarde no Ibira e outra no Museu da Língua Portuguesa.
Cruzei a Ipiranga e a avenida São João – e pude ver que, sim, alguma coisa acontece.
No alto do edifício do Banespa, colhi uma fruta no pomar e olhei para o fim do mundo.
Comprei um quimono na Liberdade, um narguilé no Bom Retiro e muambei na Vinte e Cinco. Almocei numa churrascaria porteña e, depois de uma peça no Sergio Cardoso, fui a uma cantina no Bixiga. Tudo, tudo, no mesmo dia.
Juro: voltei para casa numa noite e vi duas meninas se beijando no metrô, sem causar espanto. Quando saí da estação, vi um piano (!) deixado no meio da praça, com um cartaz convidativo: “Toque-me”. Alguns passos adiante, uma jovem vestida de branco, olhos fechados e braços abertos, segurando uma vela. Entre os três acontecimentos, menos de dez minutos.
Um momento marcante da minha vida, em algum lugar especial de São Paulo?
Ôrra, meu.
Fran Girão é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Você participa com textos enviados para milton@cbn.com.br