Nesta véspera de Natal, o Conte Sua História de São Paulo vai buscar, em 2009, texto escrito pelo ouvinte-internauta Sergio Bragatte, que você acompanha agora:
Outro dia cheguei a seguinte conclusão: sou um velho carcomido pelo tempo. Sou daquele tipo que ainda gosta, e preserva o sentimento de gostar, daquilo que está em desuso como escrever sobre o Natal.
Distante das agruras de adulto, lembro-me criança quando ansiava acontecimentos mágicos de modo a mudar a realidade de menino da periferia sem escola, sem quadra de futebol, sem água encanada, sem luz, sem asfalto. Abundante, só a violência.
Lembro-me das brincadeiras, nas quais encarnávamos os super heróis: ora éramos o Super-Homem, ora éramos o Homem-Aranha, o Homem de Ferro, Zorro, Cisco-kid …
Lembro-me dos amigos crianças, das travessuras, dos maus feitos, das peças pregadas nos mais velhos, dos trabalhos esporádicos, para se conseguir uns trocados, das brigas.
No entanto, sempre foi o NATAL que afugentava meus medos da infância pobre e permitia sonhar e superar problemas que imaginávamos serem insuperáveis.
Conta-nos a Bíblia que, tempos atrás, em uma cidade do oriente, chamada Belém, reluziu uma estrela quando nasceu um menino chamado Jesus. Vindos da Babilônia, três reis magos, três amigos, a seguiram até chegar a um curral, onde, em uma manjedoura presentearam um menino.
Foi o reencontro da criança com a amizade.
Nessa simbologia, concluímos que é a amizade que nos conduz àquela criança.
É o Natal que me deixa com saudades de Deus, de saudades do tempo em que estávamos mais perto Dele. De quando éramos criança. Daí o sentimento de querer acordar na manhã de 25 de dezembro e encontrar, nos sapatos, um símbolo de afeto.
Ainda hoje ao ver o piscar de luzes sinto-me remetido àquela infância dos super heróis; como se afagasse a criança dentro de mim, como se me conduzisse por um leito seguro até o encontro do Salvador.
“E agora, José?”
Agora, cabe a nós mudar o Natal e a nós próprios. Procurar a estrela em nossas inquietações mais profundas. Descobrir a presença de ambos os Meninos em nosso coração.
E, como nos conta a Bíblia, ousar renascer em gestos de carinho e justiça, solidariedade e alegria.
Fazer-se presente lá onde reina a ausência: de afeto, de saúde, de liberdade, de direitos.
Dobrar os joelhos junto da manjedoura que abriga tantos excluídos, imagens vivas do Menino de Belém.
Viver o Natal das luzes piscando, que marcou o “tempo” de nossa infância, quando tudo podíamos e nada podia contra a gente, afinal éramos os super-heróis.
Que sejamos todos felizes e tenhamos um bom NATAL.
O Conte Sua História de São Paulo vai ao ar aos sábados, às 10 e meia da manhã, no CBN SP. Envie seu texto ou arquivo de áudio para contesuahistoria@cbn.com.br. A sonorização é do Cláudio Antonio e a narração de Mílton Jung.
Que linda história de meninos Sergio, nos dá uma sensação de esperança em dias melhores! Todo menino que nasce pode ser Jesus, mas é bem provável que ele perda por aí na realidade dura e crua que nos assola.até mesmo em dia de Natal…
Bela escolha do Conte Sua História de São Paulo para o Natal, narrativa perfeita e a sonorização…fantástica!
Ah, parabéns para todos!! Feliz Ano Novo, de muita paz e afeto!!