Grêmio 5×1 Santos
Brasileiro – Arena Grêmio

Alegria, alegria em foto de LUCASUEBEL/GRÊMIOFBPA
Dos cronistas que os jornais brasileiros reservam para as edições dominicais, gosto muito de ler Marcelo Barreto — que a maioria dos caros e raros leitores deste blog conhece da SporTV. Logo cedo quando abri o caderno de esportes de O Globo, li a coluna na qual ele se penitenciava por ter desperdiçado oportunidades de escrever sobre as coisas lindas do esporte, como a cesta de três pontos de LeBron James no segundo final da partida que garantiu uma das vitórias do Cleveland Cavaliers sobre o Indiana Pacers, na NBA.
Barreto escreveu que lamentava ter perdido a capacidade de se encantar com as coisas belas do esporte — provavelmente porque sua visão anda embaçada por cenas de torcedores brigando na arquibancada, jogadores se engalfinhando em campo e cartolas roubando nos bastidores. Mesmo para jornalistas com a qualidade dele, é difícil impedir que a visão seja contaminada por esses fatos, tantas são as mazelas esportivas que temos de noticiar —- sem contar o cotidiano nas redações, onde há muita competição e tarefas frequentes a serem cumpridas.
Ao mesmo tempo que faz uma espécie de mea-culpa, Barreto deixa registrado que ama o esporte e só precisa ser lembrado disso de vez em quando.
Lembrei muito dele na noite deste domingo enquanto assistia ao Grêmio jogar na Arena, em Porto Alegre. E torci para que Barreto tenha tido oportunidade de ver o futebol jogado pelo time de Renato. Seu coração deve ter batido mais forte e o sorriso tomado conta de seu rosto ao longo dos 90 e pouco minutos em que a bola rolou de pé em pé com uma qualidade bem superior à média.
Desde os primeiros minutos, o Grêmio sufocou o adversário que não encontrava espaço para sair jogando ou trocar um passe que fosse. Assim que a bola era recuperada, passeava pelo gramado de um lado para o outro, às vezes era esticada por trás dos marcadores para chegar ao pé de um companheiro mais próximo da linha de fundo ou enfiada na área.
Quando a marcação se fechava, Maicon e Arthur conduziam a bola colada no pé, de cabeça erguida e com o olhar vislumbrando o colega mais bem colocado. Se chegasse a Luan, a jogada fluía com dois ou três dribles curtos. E o mesmo se repetia com Everton — especialmente depois que nosso goleador marcou o primeiro gol.
Os laterais Cortez e Léo Moura apareciam livres a todo o instante e se transformavam em ponto de apoio para a jogada seguir em frente — às vezes em trocas rápidas e precisas de passes, às vezes em escapadas para o cruzamento.
André e Ramiro se deslocavam mais adiante e se apresentavam para dar sequência no lance e quando possível chegar ao gol — e o Grêmio colocou a bola cinco vezes dentro do gol e a fez chegar próximo dele em incontáveis oportunidades.
O Grêmio fez gol de toque, fez gol de falta, fez gol a longa e média distância e fez gol na cara do gol. Usou todo seu repertório. O Grêmio foi um show na noite deste domingo — para a alegria de quem ama o esporte.
E se você, Marcelo Barreto — que ama o esporte — gostou do jogo de hoje, imagine o sentimento de quem ama o Grêmio como eu!?
Em tempo: pelo que o Grêmio faz no futebol e LeBron faz no basquete, será um prazer ler as próximas crônicas dominicais.
Bom dia Milton. Amanheço quase com um sentimento de culpa. Sempre reverenciamos e adoramos aquele Grêmio copeiro, aguerrido e batalhador que fazia de cada jogo uma guerra. Nossos referenciais eram os valentes volantes, o zagueiro raçudo e o forte centroavante goleador. Isso tudo ainda faz parte do nosso imaginário e nunca se apagará de nossas memórias sempre presentes ancorados nos inúmeros títulos conquistados com essa tradição Gremista. Mas como não se render agora a esse maravilhoso futebol de fino requinte acompanhado de resultados? Assistimos aos jogos do nosso time com um prazer indescritível de quem está assistindo o melhor espetáculo do mundo. Um sonho para não mais acordar.
Danier: nossos guerreiros estão em campo, mas lutam com outras armas. Que defesa é tão firme e precisa quanto a formada por Geromel e Kannemann? Jogam pesado quando preciso, saem elegantes com a bola no pé, quando possível. Nossos volantes não precisam “bater”, porque nossos atacantes e jogadores mais avançados estão embuídos em marcar a saída de bola e isso impede que o adversário chegue livre, leve e solto diante dos nossos defensores. Nosso principal atacante, Jael, assim como André, brigam com seus marcadores, lutam pela bola, dividem bola, distribuem bola e recebem falta. E Luan, com sua elegância, briga como ninguém para superar com dribles seus marcadores — todos duros e violentos quando necessários.
Olá Milton, que bom ler teu blog falando do nosso Grêmio. Realmente está um assombro!!! Te escuto nas manhãs da CBN e te parabenizo pela lucidez e perspicácia que tens…continue assim, e um abraço de quebrar costelas…
Obs: em tempo creio que deves uma errata para a palavra correta “embaçada”.
Giovani Machado – Campinas/SP
Giovani:
Campinas está sempre presente neste blog e isso me deixa feliz, especialmente ao verificar que muitos dos que nos acompanham são gremistas, como você. E gremistas atentos. Por sua atenção, agradeço, pois não seria justo fazer um texto no qual se cita jornalista da expressão do Barreto e grafar errada uma palavra. Grande abraço!
Belo texto, Milton!
Saí da Arena completamente sem voz de tanto gritar gol e vibrar com este time fantástico do Grêmio!
Na verdade, virou rotina ficar afônico nas segundas e quintas feiras… será que perco totalmente a voz até dezembro? Hehehe, grande abraço e ótima semana!
Sobre a voz, não se preocupe, tenho uma amiga fonoaudiologa que resolve. Sobre o time, quem se preocupa são os adversários. Valeu!