Por Gregório C. Jung
FC Tokyo 1×0 Jubilo Iwata
JLeague — Estádio Ajinomoto/Tóquio
Oi, papai! Hoje fui ver o jogo do Grêm… erm, quer dizer, do Jael. O dia começou com o Okada-san, o pai da casa, vendo meu uniforme do Grêmio (claro que fui vestido com o uniforme do Grêmio) e falando algumas coisas de futebol. Meu japonês não está tão afiado ainda, mas entendi que ele citou o Zico, chamando-o de um dos Deuses do futebol.
Depois de alguns trens errados cheguei ao estádio Ajinomoto. Não é a nossa Arena, mas é um estádio bonito.
As ruas da estação até o estádio são todas enfeitadas com as cores e as bandeiras do FC Tokyo
Minha camiseta do Grêmio chamou atenção, mas pela razão errada. Estava vestindo as mesmas cores da equipe adversária, o Jubilo Iwata. Vieram falar que eu estava no lugar errado (estava sentado na área destinada à torcida da casa). Depois de algumas palavras em japonês aqui e ali, mostrei que na verdade estava torcendo para o FC Tokyo, sim! Apenas estava representando o antigo time de um dos jogadores deles, o Jael.
E falando no nosso atacante, estava ansioso para vê-lo. Subiram as escalações nos telões do estádio e prestei atenção do começo ao fim. Nada do Jael. Conferi na internet meio desacreditado: vai ver se enganaram! Quem se enganou fui eu. O Renato Gaúcho do FC Tokyo decidiu poupar o atacante imortal. Afinal, era uma partida fácil. Tokyo está em primeiro lugar no campeonato japonês e o adversário está escapando do rebaixamento. Nosso atacante não entraria em campo hoje.

Não tinha Jael, mas o FC Tokyo queria a vitória contra o Iwata
Sem problemas, com ou sem Jael, eu tinha meu time para torcer. Outro brasileiro era o xodó da torcida do FC Tokyo: Diego Oliveira. Também atacante, Diego estava na boca do torcedor, e depois de uns minutos de partida deu para entender. Diego joga que nem o nosso Jael no Grêmio. Número 9, sangue nos olhos, corre para um lado e para o outro, cria oportunidades e até arrisca uns dribles. Diego é o craque do FC Tokyo.

Muitos chutes, cruzamentos e passes, mas faltava finalização para o FC Tokyo
O primeiro tempo passou em branco. Pareceu o nosso Grêmio, muitas oportunidades, mas sem balançar a rede. Na minha cabeça pensava: se o Jael estivesse aqui teria feito!
Falando nele novamente, Jael estava mais próximo do que eu imaginava. Por acaso olhei para trás, observando os camarotes e não é que o Jael estava lá? Todo de azul, inquieto, aquela ansiedade de jogador que queria estar jogando. Coisa de Jael.

Jael (de azul) assistindo ao jogo do camarote
Foi no final do segundo tempo que a bola encontrou a rede, em lance de escanteio. Depois da defesa do Iwata afastar a bola, o número 15, Takefusa Kubo, veio de fora da área e pegou de voleio, daqueles que você vê em final de filme. Certeiro, a bola viajou a área inteira e abriu o placar para o time da casa, que ficou satisfeito com a vitória.
Não foi o nosso Grêmio, mas comemorei como se fosse! O FC Tokyo se distancia ainda mais na primeira colocação do campeonato. No fim da partida recebi alguns sorrisos e torcedores que reconheceram o imortal. Apontavam e falavam “JAERU!” Fazendo a pose do nosso atacante com os braços para cima mostrando os músculos.
O dia foi bom por aqui, papai. Senti sua falta. Não tinha ninguém para abraçar depois do gol. Mas tudo bem, volto logo e vamos poder ver os jogos juntos de novo. Vou ficar devendo ver o Jael em campo no Japão, quem sabe não volto no Estádio Ajinomoto e não encontro um imortal por lá?
Te amo papai!
Parabéns Greg, puxou ao seu pai, excelente comentário, parecia que eu estava no estádio ao ler sua avalanche 🇧🇼🇧🇼
Ë que quando escrevemos o gremismo nos inspira. Obrigado pelo elogio — Ass: Pai Coruja
Puxa que sensacional poder assistir uma partida de futebol em outro pais , principalmente no Japão !!!!
Onde o amor pelo futebol supera qualquer obstaculo , principalmente a comunicação falada !!!
Boa viagem de volta !!!
Abs
Xiiii, Almir — você tocou em um assunto dolorido. “Boa viagem de volta”? Essa volta ainda vai demorar um pouquinho. Mas é por uma boa causa.