
“O palhaço traz essa verdade do lúdico da leveza das relações e a psicanálise traz a verdade do sujeito essa verdade que vai ser revelada a partir do inconsciente ..”
Francisco Nogueira, psicanalista
O bobo da corte era uma figura comum na corte dos reis e rainhas medievais na Europa. Acredita-se que sua origem remonte ao antigo Egito, onde havia uma classe de pessoas chamadas “bufões sagrados”, que eram responsáveis por entreter os faraós e suas famílias. Durante a Idade Média, os bobos da corte eram contratados pelas cortes reais para entreter os membros da realeza e seus convidados. Tinham, também, uma função social importante. Eram frequentemente os únicos membros da corte que tinham permissão para falar livremente com o rei ou a rainha, sem medo de represálias. Eles eram muitas vezes considerados conselheiros informais e podiam fazer sugestões ou oferecer críticas construtivas que outros membros da corte não se atreveriam a fazer.
Os “reis” corporativos – donos, CEOs e presidentes de empresas – talvez devessem buscar naquela referência do passado uma solução para enfrentar os desafios do presente. É o que se deduz a partir da experiência de Francisco Nogueira e Nina Campos, sócios da consultoria Relações Simplificadas, entrevistados no programa Mundo Corporativo. Ele é psiquiatra e psicanalista, enquanto ela é palhaça, no caso a palhaça Consuelo. Em dupla e na união do conhecimento e da arte de ambos, Francisco e Nina desenvolvem treinamentos em algumas das principais corporações do Brasil:
“Quantas coisas as pessoas gostariam de dizer umas as outras que elas não dizem. O palhaço dá essa licença. Então, quando eu estou de Consuelo em geral a conversa da equipe flui melhor e é mais direta. Todo mundo se sente autorizado de uma forma acolhedora a dizer o que está pensando”
Nina Campos
É verdade que quando o palhaço entra no palco corporativo, muitos o rejeitam porque afinal quem tem tempo a perder com … palhaçadas. Daí a importância de o trabalho ser complementar, tendo o psicanalista para promover o conteúdo e realizar intervenções e o palhaço (no caso a palhaça) para desconstruir as pessoas, com leveza e bom humor.
“Esse trabalho na medida em que traz leveza pode falar coisas que estão circulando na cabeça das pessoas e pode precipitar essa informação, trazer o não dito para a consciência”
Francisco Nogueira
A ideia de criar relações simplificadas, que está no nome da consultoria mantida por eles, é uma alternativa à utopia de se ter relações perfeitas que, diante de toda a complexidade do ambiente corporativo, se torna inalcançável. Porém, não se engane: almejar o simples não é fácil. Exige um desenvolvimento pessoal e uma sofisticação do ser: O problema é que muitas vezes não se percebe que estamos vivendo em lugares de sofrimento, haja vista que boa parte das pessoas que deparam com a pergunta sofre com andam as coisas no ambiente empresarial, a resposta que Francisco e Nina mais ouvem é que está tudo normal.
“A gente está perdendo essa capacidade de investigação do nosso mundo interno. As relações sofrem, as pessoas sofrem, a ansiedade aumenta, a depressão se agrava. E aí começamos a ter problemas muito sérios de saúde mental dentro das organizações. Isso vai impactar a organização, isso vai impactar as pessoas, isso vai impactar produtividade e todo mundo vai sofrer”
Francisco Nogueira
Na combinação de experiências, a despeito de a empresa estar ou não preocupada com a sua saúde mental e com as relações internas, Francisco recomenda que as pessoas façam análise, cuidem do seu mundo interno, porque isso organiza os pensamentos e ajuda a entender melhor o sofrimento do outro e a sair de um padrão de cobrança para um padrão de tolerância. Enquanto isso, Nina sugere que as pessoas divirtam-se:
“Brincar vai trabalhar o pensamento não linear que é o que as empresas mais estão procurando: a capacidade de inovar, a capacidade de criar, que vai fazer com que as nossas relações sejam mais inteiras e leves”.
Nina Campos
Para aprender mais com a experiência da palhaça e do psicanalista, assista à entrevista completa do Mundo Corporativo:
O Mundo Corporativo tem as participações de Renato Barcellos, Bruno Teixeira, Priscila Gubiotti e Rafael Furugen.