Grêmio 1×1 Cruzeiro
Copa do Brasil – Arena Grêmio, Porto Alegre/RS

Aos 16 do primeiro tempo, a bola foi no travessão e estivemos prestes a assistir a um dos mais belos gols da Arena. Já estávamos correndo atrás do placar —- e dos atacantes adversários, também — quando Carballo lançou por cima da zaga em direção a Luis Suárez. Nosso atacante dominou e ficou de costas para o zagueiro e para a goleira. Esboçou uma bicicleta, único recurso que ainda lhe restava naquele momento dentro da área. Lamentou-se Luisito e todos nós torcedores, pelo gol que não se fez e pela obra prima que não se completou.
Aos 35 do segundo tempo, a perfeição se realizou. A jogada teve como coadjuvantes Galdino e Bitello que apareceram no corredor direito para conduzir a bola que vinha da defesa. Galdino, recém-entrado, encostou para Bitello, naquela altura deslocado para a lateral em lugar de Fábio, que havia cansado. Luis Suárez se desprendeu dos dois marcadores, recuou um pouco e livre recebeu a bola.
Nesse momento, a pressão sobre ele era inevitável, mas Luisito é Luisito e tem muito mais recursos à disposição do que a maioria dos jogadores deste planeta. Fez uso de um deles. Raro no futebol como se pode ver na descrição que copio a seguir, do Wikipedia:
“Trivela é um tipo de passe/remate aplicado no futebol. É uma técnica de passe/remate pouco utilizada pela generalidade dos futebolistas, pois exige uma particularmente elevada capacidade técnica. Executado com a parte exterior do pé, é de difícil execução, mas também de grande espetacularidade e imprevisibilidade”.
Sim, foi de trivela. Lá de fora. Com lado externo do pé direito. A bola saiu veloz e com direção certeira: o ângulo esquerdo da goleira adversária. O goleiro parecia não acreditar, enquanto os marcadores dele assistiam de uma posição privilegiada o lance mais lindo da partida e um dos mais bonitos já protagonizado na Arena.
Um presente para o torcedor que sofria frente ao futebol mal jogado, a falta de repertório na movimentação e o alto risco que corremos durante toda a partida — haja vista o lance em que Kannemann mais uma vez expressou sua bravura e insistência em permanecer vivo ao evitar o segundo gol, ao fim do primeiro tempo. Uma alegria que o time nos deve há alguns jogos e só foi paga pela genialidade de nosso atacante.
Gracias, Luisito pela graça alcançada!