O Jaguar ferido: “Se algo pode dar errado, dará.”


A Lei de Murphy nunca pareceu tão precisa quanto no caso do rebranding da Jaguar — um exemplo clássico de quando os riscos estavam claros, mas foram ignorados.

Em dezembro de 2024, no comentário do Sua Marca Vai Ser Um Sucesso, Jaime Troiano e Cecília Russo já haviam feito o alerta. A Jaguar, uma das marcas mais icônicas da indústria automobilística, abandonou seu lendário felino em troca de uma identidade visual “moderna”, com cores e linhas ousadas. Para Jaime, tratava-se de uma “mudança adolescente de identidade”. Cecília foi além, chamando atenção para uma “pandemia de mudanças precipitadas” e lembrando que em branding, “preservar o essencial na busca do novo” é o que garante consistência.

Pouco mais de seis meses depois, como relatou Daniel Bruin, da XCOM, no LinkedIn, o resultado está aí: o rebranding foi abandonado. A agência responsável, Accenture Song, afastada. A Jaguar, que tentava se reposicionar, agora corre para remendar os danos à sua reputação. A “celebração ao modernismo” foi criticada de todos os lados, as vendas caíram e o impacto negativo foi imediato.

Daniel questiona: “Mas não fizeram testes com consumidores, workshops, clínicas de degustação?” A sensação é que o projeto nasceu em um ambiente de convencimento interno, sem escuta verdadeira nem conexão com o público.

Como disse Jaime, “marcas pertencem aos seus consumidores, são eles que dão vida e significado emocional para elas”. E quando esse vínculo é quebrado por decisões apressadas ou vaidosas, as consequências não tardam.

A Jaguar tinha diante de si todos os alertas. Tinha também a oportunidade de escutar mais e ousar menos. Não o fez. E, como ensina a Lei de Murphy, se havia chance de algo dar errado, era muito provável que desse. Deu.

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