
“No final do dia, a gente está falando sobre gente. Não dá para fazer negócios se você não olhar para as pessoas que compõem a sua organização.”
Gabriele Carlos, Zeiss Vision Brasil
O caminho de Gabriele Carlos até a presidência da ZEISS Vision Brasil não seguiu o padrão mais comum. Formada em psicologia e com trajetória consolidada no setor de recursos humanos, ela assumiu o cargo de CEO com a convicção de que gestão e resultados só acontecem de forma consistente quando pessoas são colocadas no centro das decisões. Esse modelo de liderança foi tema da entrevista concedida por Gabriele ao programa Mundo Corporativo.
Da gestão de pessoas à presidência
Segundo a executiva, o convite para ocupar a cadeira de CEO veio acompanhado de um reconhecimento: sua inteligência emocional diferenciada. Para ela, liderar é como reger uma orquestra: “Você tem todos os músicos tendo que tocar o seu instrumento e você direcionando qual é o momento que um instrumento entra ou não.”
Ao longo de dez anos na empresa, Gabriele transformou a área de recursos humanos em uma frente estratégica, conectada aos objetivos do negócio. “O nosso propósito como empresa é ajudar as pessoas a verem o mundo de uma forma melhor. Isso não está só no produto que vendo, mas nas interações que tenho com todos os stakeholders.”
Essa mudança se consolidou por meio de práticas que envolveram todos os níveis da organização. Um exemplo foi a jornada cultural, que incorporou os valores da companhia às avaliações de desempenho, remuneração e desenvolvimento dos colaboradores.
Pessoas no centro da estratégia
A CEO reforça que o olhar para gestão de pessoas não pode estar restrito ao curto prazo: “A minha empresa tem 179 anos de existência. Eu estou aqui trabalhando para os próximos 179 que eu nem vou ver.”
Esse princípio também guiou decisões críticas, como na pandemia, quando a ZEISS aderiu ao movimento “Não Demita” e optou por preservar seus talentos. O resultado, segundo Gabriele, aparece em indicadores claros: aumento de engajamento, menor turnover, maior produtividade e inovação.
Comunicação e diversidade como pilares
Além da gestão, a comunicação tem papel central na estratégia da ZEISS. Internamente, reuniões, revistas e pesquisas de clima garantem espaço para ouvir os colaboradores. “Essa conexão precisa ser genuína, tanto do que eu vou fazer como empresa quanto daquilo que o colaborador entende que seria significativo para ele.”
Outro ponto ressaltado por Gabriele é a diversidade. Hoje, o board da empresa no Brasil tem equilíbrio de gênero. Para ampliar a representatividade, a liderança aposta em ações intencionais, como programas e processos seletivos que garantam candidatos de diferentes perfis. “A gente precisa impulsionar reflexões e abrir espaços, seja para fala, discussões ou seleção, para que a diversidade aconteça de fato.”
Educação e saúde visual
À frente da divisão de lentes oftálmicas no Brasil, Gabriele enxerga na educação do consumidor um desafio central: mostrar a importância da saúde visual e do diagnóstico precoce. Muitas vezes, observa, a escolha da armação recebe mais atenção do que a qualidade da lente. “A preocupação deveria ser primeiro com a lente, porque ela é determinante para a saúde visual.”
Para a executiva, esse esforço precisa estar atrelado também à comunicação com médicos, consultores ópticos e à sociedade em geral. O objetivo é reforçar a prevenção em vez de concentrar esforços apenas no tratamento de doenças.
Assista ao Mundo Corporativo
O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã pelo canal da CBN no YouTube. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN, e aos domingos, às 10 da noite, em horário alternativo. Você pode ouvir, também, em podcast. Colaboram com o Mundo Corporativo: Carlos Grecco, Rafael Furugen, Débora Gonçalves e Letícia Valente.
Me perdoe o renomado jornalista pela franqueza.
Além do blá, blá, blá corporativo a única colocação prática da executiva é responsabilizar o consumidor.
O desafio central não está na educação do consumidor e sim na educação dos profissionais que montam as lentes nas armações (além de vendê-las).
Quem se dedicou um pouco à fotografia conhece a excelência da ZEISS há mais de um século.
Mas de nada adianta a excelência na fabricação das lentes se, quase sempre, a montagem na armação é executada na loja em condições muitos distantes do padrão ZEISS.
Acabo de passar por meses de frustração, refazendo diversas vezes dois pares de lentes ZEISS (das mais caras), para finalmente desistir e procurar outro fabricante.
Em algumas delas, mesmo sendo leigo, fui capaz de perceber o desalinhamento das montagens a olho nu, em armações da melhor qualidade existentes no mercado.
Peço desculpas mais uma vez pelo desabafo, mas ao ler esta entrevista não me pude me conter.
Abraços
Roberto Polegato
Agradeço pela sua análise, Roberto, que expõe seu ponto de vista sobre o serviço prestado ao cliente.