Vereadores votam hoje zoneamento que legaliza ilegalidades e reduz áreas exclusivamente residenciais em São Paulo

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

moradores

 

O zoneamento para uma cidade de 12 milhões de habitantes deveria ter como foco central o ordenamento e a limitação do uso e ocupação do solo. A nova lei, que será votada em plenário nesta terça-feira (15/12), não contempla essas premissas básicas e essenciais. Distancia-se do Plano Diretor que a antecedeu, com Marta Suplicy e Jorge Wilheim, e se aproxima do caos político e administrativo que impregna o Brasil atual.

 

Ao ritmo dos interesses comerciais e pecuniários, escancara a cidade a uma irresponsabilidade urbana com desastrosos resultados futuros. Tanto é que o relator Paulo Frange, vereador do PTB, disse ao jornal O Estado de São Paulo que já acatou 60% de pedidos de mudança à nova Lei. Sinal de que a base não era boa.

 

Os pleitos de não mudar as prerrogativas das áreas residenciais e de postergar o estudo dos corredores comerciais pelas 42 entidades de bairros residenciais não foram atendidos pelo vereador Frange.

 

Por outro lado, alguns conselheiros municipais como Heitor Marzagão, Regina Monteiro e Sergio Reze, encaminharam solicitação à Promotoria de Justiça, de Habitação e Urbanismo para verificar a exiguidade de tempo e audiências públicas que foram destinadas à análise atual. Fato comprovado em comparação com o estudo anterior, coordenado por Nabil Bonduki, do PT. Ou a partir de dados mostrados por Sergio Reze em seu artigo de ontem também no Estadão: Washington com 650 mil habitantes levou três anos e Filadélfia com 1,5 milhão de habitantes levou cinco anos, enquanto São Paulo com 12 milhões quer aprovar nova lei de zoneamento em pouco mais de um ano.

 

Os promotores Reynaldo Mapelli Jr. e Camila Silveira, atendendo ao pedido dos conselheiros municipais, enviaram ao Presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador Donato, do PT, instrução para encaminhamento de informações que possibilitem ao Ministério Público o acompanhamento destas audiências. Além de solicitarem vários pontos de atenção a itens de preservação ambiental.

 

É mais um importante alerta que se soma ao de especialistas sem interesses financeiros e de entidades representativas de moradores de zonas residenciais, que se contrapuseram àqueles de sociedades que visavam resultados de capital. Como o prefeito Haddad, cujo lote da família dele no bairro da Saúde, zona sul, localizado em zona estritamente residencial, teve a via alterada para corredor comercial, o que libera certas atividades econômicas no terreno (leia aqui nota divulgada por Haddad na qual nega interferência na mudança).

 

É o inegável espírito capitalista. E afinal o capital está prestes a vencer.

 

Tudo dependerá da votação de logo mais.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung.

Dica para fiscalizar prestação de contas de vereadores

 

Já falei e reforço: informação publicada nem sempre é sinal de transparência. Muitos dados deixam ser claros ao cidadão pela forma complexa como são divulgados ou pela dificuldade para monitoramente através de programas de computador. Màssao Uéhara que adotou os vereadores Claudinho (PSDB) e Jooji Hato (PMDB), após ouvir sobre o resultado do levantamento feito pelo Estadão nas contas dos 55 vereadores paulistanos, postou em seu blog dicas para fiscalizar a prestação dos parlamentares pela internet:

A buscas de informações sobre os gastos de um vereador no site da Câmara Municipal de São Paulo não é facilitada pela interface do site, pois toda hora que for pesquisar um novo mês, você precisa voltar à página inicial, selecionar outro mês e clicar novamente no nome do vereador.

Mas existe um atalho que poderá facillitar a vida de muitos cidadãos e também para os padrinhos do #AdoteUmVereador. Veja como fazer:

1.- Na página inicial http://www3.camara.sp.gov.br/ escolha o ano e o mês e clique sobre o link do vereador com o botão direito e peça para abrir em uma nova aba ou então numa nova página

2.-A página com o relatório é exibido. Aproveite e adicione já esta página no seu favoritos (bookmark) do seu navegador de internet.

3.- A mágica é mudar o ano e mês para ver relatórios de outra data, conforme indicado na próxima imagem.

O último campo é do código do vereador, você pode coletar esse código a partir dos links da página principal e trocar na página do relatório. Desta forma vai facilitar caso você for seguir vários vereadores, igual ao meu caso;)

Esta é uma dica simples, mas muito útil para ficarmos de olho nos gastos dos nossos representantes no legislativo.

Para ter o tutorial completo, acesse o Blog do Màssao Uéhara.