Aula de jornalismo, por Steve Wozniak

 

 

O bom livro – até aqui – de Steve Wozniak, que criou o primeiro computador pessoal e fundou com Steve Jobs a Apple, traz logo em seu primeiro capítulo uma aula de jornalismo.

Ele descreve brincadeira que fez junto com a mãe durante visita do candidato ao governo do Estado da Califórnia, Richard Nixon, à cidade de San Jose, em 1962.

Compareceu ao evento com um cartaz escrito a mão no qual declarava que o grupo de Operadores de Radioamador da Escola da Serra o apoiava. A brincadeira estava no fato dele ser representante dele mesmo, pois era o único operador na turma de alunos.

A surpresa de Wozniak, descrita em “iWoz”, editado pela Évora, no Brasil, é que sua foto apareceu na primeira página do jornal local como se fosse uma verdade:

Foi divertido e tudo, mas algo me incomodou, e digo que continua me incomodando até hoje. Por que ninguém percebeu a brincadeira? Ninguém checa os fatos? A chamada do jornal dizia algo como: “Steve Wozniak, alundo do sexto ano, representa um grupo da escola a favor de Nixon”. Eles não entenderam que não existia grupo algum da escola, que era tudo uma brincadeira que minha mãe havia preparado para mim. Isso me fez pensar ser possível contar qualquer coisa a um jornalista ou a um político que eles simplesmente acreditriam. Isso me deixou chocado – foi uma brincadeira que todos consideraram fato sem nem mesmo pensar duas vezes a respeito. Aprendi com isso que, em geral, as pessoas acreditam no que contam para elas – tanto brincadeiras quanto histórias malucas.

A história serve para lembrar que jornalista tem de ser desconfiado por natureza sob o risco de contar apenas a verdade que interessa à fonte, quando nosso papel é publicar toda a verdade – que, afinal, é o que interessa ao cidadão.

Leia, também, ‘Aula de jornalismo, com o prof. Pasquale”

Por uma assistência técnica digna da Apple – II

 

apple-logoVocê sabia que existe um recall para trocar a dobradiça do MacBook Air ? Eu não. E ao menos três assistências técnicas autorizadas pela Apple também não. E pela “desinformação” renderia a estas algo em torno de R$ 1.400,00 para cada peça trocada. O incrível é que foi uma loja não-autorizada, na rua dos Gusmões, região da popular Santa Ifigênia, centro de São Paulo, que preferiu ser honesta, abrir mão do serviço e informar o consumidor do direito que tinha.

A má qualidade da assistência Apple, no Brasil, já foi motivo de comentário neste blog (leia aqui) quando tive dificuldades sérias para resolver – e não resolvi – problemas técnicos em dois dos meus Mac. Volto ao tema após ouvir a história de desrespeito com o consumidor contada pela companheira de domingo Maria Lucia Solla.

A dobradiça do MacBookAir quebrou após dois anos de uso. Procurou uma autorizada e se assustou com o orçamento. Soube da MacLemon, na Santa Ifigênia, e, após confirmar que o conserto sairia caro, foi informada da suspeita de que haveria um recall para esta peça. Telefonou para mais duas autorizadas e perguntou sobre o direito dela trocar a peça. Uma delas chegou a dizer que escreveria para a Apple para se informar melhor. Dias depois o funcionário da assistência técnica retornou a ligação para dizer que a Apple negara a existência do recall. Apenas na quarta prestadora de serviço, na qual também precisou lembrar de seu direito de consumidora, é que conseguiu a troca.

Desrespeito, desinformação ou má-fé. Não sei bem como enquadrar este comportamento das autorizadas. Mas está mais do que na hora de a Apple se preocupar com este tema, principalmente no momento em que volta suas atenções para o Brasil. Ou acabarei acreditando de que para a empresa de Steve Jobs somos consumidores de segunda categoria.

Por uma assistência técnica digna da Apple

 

apple-logoFoi um colega de redação, em 2004, quem me impulsionou a entrar na plataforma Apple. Segurança, consistência, performance e um visual de tirar o fôlego foram argumentos convincentes, mesmo em uma época na qual as lojas especializadas não estavam instaladas no Brasil e os preços eram estratosféricos. Já passei por quatro Macs e os resultados foram extraordinários. Se todas as promessas iniciais não tivessem sido atingidas, o simples uso do Keynote em substituição ao lugar-comum Power Point já teria valido o preço da troca.

Hoje, a Apple não é apenas uma marca de nicho, a popularização alcançada com o Ipod e seus afilhados somado a chegada das lojas ao País aproximaram o brasileiro do mundo fantástico criado por Steve Jobs. Os preços estão competitivos e não preciso mais assistir aos filmes americanos para ver as maçãs iluminadas sobre escrivaninhas de escritório ou mesas de bar.

Está na hora, porém, de a turma que sustenta a marca no Brasil começar a se preocupar com os serviços de assistência técnica. Nestes seis anos, três vezes fui em busca de alguém para consertar minhas máquinas e nunca consegui sair satisfeito de qualquer um desses serviços. Fiquei surpreso com as respostas à pergunta-desabafo que publiquei no Twitter, há um mês, logo após mais uma frustração: Por que a Apple não tem assistência técnica a altura da Apple ? Havia muitos solidários à minha indignação.

Nessa segunda, foi o ouvinte-internauta José Antonio Zagato, arquiteto e urbanista, quem enviou e-mail descrevendo a difícil relação dele com uma das assistências técnicas da marca, em São Paulo. Problema não resolvido, desrespeito à opinião do consumidor, demora para realização do orçamento e serviço entregue fora do prazo fazem parte da extensa lista de reclamações, semelhante a que guardo na memória do meu computador (e na minha, também).

A prestadora de serviço que desagradou Zagato não é nenhuma das duas que usei, mas se comporta da mesma forma – o que apenas me deixa mais preocupado. E Jobs, envergonhado.

O usuário Mac tem em mãos computadores de alta qualidade, programas que satisfazem nossa necessidade e performance de deixar qualquer colega da mesa ao lado de boca aberta. Tem ainda lojas que são um esboço das criadas nos Estados Unidos e uma revista nacional – Mac + – que me leva às bancas todo mês.

Infelizmente, as assistências técnicas da marca constróem um padrão de atendimento que vai na contramão da imagem de qualidade embarcada nos produtos da Apple. E não se trata de pedir nada de excepcional, apenas que respeitem o direito do consumidor.

Ex-Observer aposta em jornalismo no “livro eletrônico”

Kaplan aposta na paixão americana por novos brinquedos. O brinquedo eletrônico certo, ele promete, pode salvar a indústria da mídia e tirar do exílio bons editores que vão oferecer ao leitor uma nova estética e preservar o poder democrático do jornalismo.

Texto de Lúcia Guimarães publicado no caderno dominical Aliás, do Estadão, sobre entrevista com Peter Kaplan, consagrado como editor-chefe do New York Oberver e agora na editora Condé Nast Traveler, na qual ele aposta que a solução tecnológica do tablete, leitor eletrônico que deve ser lançado pela Apple, será uma espécie de tábua da salvação do jornalismo impresso. Para ele, os anúncios se tornarão mais atraente e será criado um novo modelo de receita. Otimista, fala, também, em novo modelo de jornalismo.